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Descoberto planeta estranho, rochoso, coberto de lava e ventos à velocidade do som

Se a Terra, em tempo de pandemia, parece um sítio difícil, agora imagine viver num planeta rochoso, com ventos a milhares de quilómetros por hora que fustigam o solo provocando chuva de pedras. Segundo o que foi agora descoberto, o exoplaneta, uma superterra, encontrada pelo telescópio Kepler, pode efetivamente ainda ser um lugar pior.

Apesar de ter sido descoberto em 2018, o K2141b só agora foi estudado pelos cientistas da Universidade McGill, York e do Instituto Indiano de Educação e Pesquisa Científica em Calcutá. O planeta é estranho, muito estranho!


Um planeta que é um inferno

K2-141b é um exoplaneta rochoso maciço que orbita muito de perto uma estrela anã laranja. O planeta foi descoberto pela primeira vez pelo telescópio espacial Kepler durante a sua missão K2 “Segunda Luz”. Posteriormente, este apareceu de novo através do espectrógrafo HARPS-N.

Segundo o que foi agora descoberto, o K2-141b é um superexoplaneta terrestre que orbita uma estrela do tipo K. A sua massa é de 5,08 Terras, leva 0,3 dias a completar uma órbita à sua estrela, que está a cerca de 0,00716 UA. Este estranho planeta encontra-se à distância de 210 anos-luz da Terra.

A sua estrela, uma anã laranja, é ligeiramente menor do que o nosso sol. Contudo, esta terá uma maior expectativa de vida, deverá ter entre 15 a 30 mil milhões de anos (quando comparado com o Sol, com 10 mil milhões de anos).

 

Um ano tem 6 ou 7 horas

Este planeta de “lava” completa a sua translação à estrela em poucas horas. Na verdade, são cerca de sete horas, apenas “marinar” na superfície da estrela à medida que esta dobra o espaço. Em termos comparativos, Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol no nosso sistema solar, leva 87 dias a orbitar o Sol.

Quase metade do planeta é magma derretido. A atmosfera criada pelas rochas vaporizadas espalha-se por todo o planeta.

Referiu Tue Giang Nguyen, estudante de doutoramento na Universidade de York, em Toronto.

Então, este dióxido de silício vaporizado, ou quartzo, forma nuvens e chuvas ou neve sobre a superfície derretida abaixo.

 

Lava de um lado e gelo do outro

Para descobrir um exoplaneta – um planeta que orbita em torno de uma estrela que não o Sol – os astrónomos medem a diferença entre a luz que uma estrela emite quando um planeta está atrás dela na sua órbita e à sua frente. Assim, quando observada através de um telescópio na Terra, a estrela aparece mais fraca quando o planeta está à sua frente, obscurecendo ligeiramente a vista da Terra.

Os cientistas descobriram milhares de mundos para além do nosso sistema solar, utilizando este método. Contudo, alguns deles, poucos, têm superfícies tão fundidas que impulsionam oscilações muito dramáticas no clima e estrutura de um planeta. Na literatura disponível, Nguyen viu que os astrónomos apenas descobriram “um punhado” de planetas de lava.

Além disso, este exoplaneta K2-141b tem ventos que uivam a cerca de 5.000 quilómetros por hora. Além disso, estima-se que o seu oceano de magma tenha uma profundidade de cerca de 140 quilómetros, de acordo com os cálculos de Nguyen.

Apesar destes ventos serem violentos, acontecem apenas de um lado do planeta. Do outro, reina o calor, muito calor.  Assim, no lado brilhante, K2-141b é abrasador. Tem temperaturas que provavelmente rondam os 3.000 °C. Esse lado quente tem uma atmosfera feita de dióxido de silício, mais vulgarmente conhecido como quartzo.

 

Um planeta que não faz qualquer sentido

Como o K2-141b orbita tão de perto no brilho da sua estrela, cerca de dois terços do mundo são iluminados sempre. Um terço é escuro, fazendo um planeta gelado com temperaturas de menos de 200 °C. Esses dois terços de luz/um terço de escuridão são invulgares, em comparação com planetas do nosso sistema solar, como a Terra e Júpiter, onde metade do planeta seria iluminada pelo sol em qualquer altura.

É um planeta que não faz muito sentido. Não há nada igual no nosso sistema solar.

Exclamou o coautor do estudo Nicolas Cowan.

Os planetas de lava são bastante raros, apenas uma em cada 1.000 estrelas seria capaz de acolher um. No entanto, dada a enormidade do cosmos, poderá haver milhares de milhões de mundos de lava por aí.

Estudar um planeta tão exótico poderá trazer dividendos. Isto é, poderá ajudar os cientistas a compreender uma versão das condições que existiam na Terra durante a sua formação, quando também ela estava coberta de lava derretida há milhares de milhões de anos. Se olharmos de perto para o planeta de lava poderemos dar respostas sobre como este – e a Terra – nasceram e “se desenvolveram”.

 

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