Por aqui, já vimos que os videojogos não agregam apenas desvantagens. Aliás, há capacidades que as crianças podem desenvolver (e veem desenvolvidas) dessa forma e, se há já estudos a comprová-lo, hoje, trazemos-lhe mais um a corroborar essa ideia.
O novo estudo divulgado esta semana concluiu que as crianças gamers têm um melhor desempenho cognitivo.
Há uma ampla variedade de estudos que defendem, a partir das suas conclusões, que os videojogos reúnem muitas desvantagens, como o desenvolvimento de depressão ou o aumento da agressividade nos mais novos. No entanto, há também aqueles que concluem que há vantagens a serem tiradas dessa atividade, pelo que, hoje, mostramos-lhe mais evidência neste sentido.
O estudo publicado na revista JAMA Network Open analisou dados sobre o desenvolvimento cognitivo do cérebro adolescente.
Serão os videojogos verdadeiramente estimulantes para as crianças?
Os investigadores observaram as respostas, os resultados de testes cognitivos e as imagens cerebrais de cerca de 2.000 crianças, com 9 e 10 anos. Estas foram divididas em dois grupos: aquelas que nunca jogam videojogos e aquelas que jogam todos os dias, durante três ou mais horas – esta duração foi escolhida por superar a recomendação da Academia Americana de Pediatria, que estipula uma ou duas horas de videojogos por dia.
Aos dois grupos foi solicitada a realização de duas tarefas: primeiro, setas a apontar para a esquerda ou para a direita eram mostradas às crianças, que deveriam clicar no botão correspondente o mais rápido possível, ou não clicar em qualquer botão, caso surgisse um sinal de “Stop”; segundo, era mostrado um rosto e, depois, outros, para que as crianças dissessem se pertenciam à mesma pessoa. Estas duas tarefas tinham como objetivo medir a capacidade de a crianças se controlar e testar a sua memória a curto prazo, respetivamente.
As descobertas levantam a interessante possibilidade de que os videojogos fornecem uma experiência de aprendizagem cognitiva com efeitos neurocognitivos mensuráveis.
Concluíram os investigadores, depois de corrigirem um conjunto de tendências estatísticas, como o rendimento familiar, quociente de inteligência e aspetos relacionados com a saúde mental.
Mais ainda, perceberam que o cérebro dos gamers mostra mais atividade em áreas associadas à atenção e à memória. No entanto, segundo Bader Chaarani, principal autor do estudo e professor assistente de psiquiatria da Universidade de Vermont, o estudo não conseguiu perceber se é o melhor desempenho cognitivo que motiva as crianças a jogarem ou se é o facto de jogarem que melhora esse desempenho.
Apesar de sublinhar que “muito tempo em frente ao ecrã é obviamente mau para a saúde mental e física”, Chaarani partilha que os resultados do estudo mostram que jogar videojogos pode ser melhor do que assistir a vídeos no YouTube, que, por sua vez, não tem efeitos cognitivos significativos.
Os investigadores vão dar continuidade ao estudo, de forma a excluir outras variáveis, como o ambiente doméstico das crianças, atividade física e qualidade do sono.
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