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Cientistas redigem carta aberta contra a publicidade infiltrada nos sonhos

Um grupo de investigadores do sono alega que as empresas querem infiltrar a sua publicidade nos nossos sonhos, tendo já começado com esta prática. Num mundo altamente massificado, onde o crescimento da concorrência é inevitável, será a esta a forma que as empresas encontraram de se diferenciar?

Ou seja, estarem presentes num momento em que nenhuma outra está?


Questões éticas relacionadas com a infiltração nos sonhos

Um grupo de 40 investigadores do sono assinou uma carta aberta a alertar aos legisladores que regulamentam a targeted dream incubation (TDI), em português, incubação de sonhos. De acordo com a Science Magazine, a carta refere que grandes empresas como a Molson Coors e Birger King, estão ativamente a tentar infiltrar-se nos sonhos dos potenciais clientes.

Plantar sonhos na mente das pessoas com o objetivo de vender produtos, para não mencionar substâncias viciantes, levanta importantes questões éticas.

Escreveram os investigadores do sono na carta dirigida aos legisladores, acrescentando que a publicidade através de TDI não é um truque divertido e pode até ser uma “ladeira escorregadia com consequência reais”.

Os nossos sonhos não podem tornar-se apenas mais um recreio para a publicidade das empresas.

Referiram.

A título de exemplo, os investigadores mencionaram o caso da Molson Coors – a empresa-mãe da Coors, Blue Moon e cervejas Miller -, citando que aquela utilizou métodos de TDI para publicitar nos sonhos das pessoas, dias antes do Super Bowl. Para isso, convidaram participantes dispostos a ver um vídeo que lhes iriam induzir os sonhos. De acordo com a Molson Coors, aquele, criado com a ajuda de uma especialista do sono, incluía imagens e sons de cascatas, montanhas e Coors e devia ser visualizado antes de adormecerem.

Mais do que isso, os participantes poderiam ganhar um pack de 12 Coors, se enviassem o mesmo vídeo para amigos, de forma a que fossem também eles induzidos.

Não é um problema, mas cientistas temem que venha a ser

Pensar que as empresas se infiltram nos nossos sonhos publicitando os seus produtos parece descabido. No entanto, parece estar a acontecer. Embora ainda exija a participação ativa do espectador, os investigadores do sono alertam para uma evolução perigosa do conceito, onde são utilizados, por exemplo, altifalantes inteligentes e cuja atuação passará despercebida ao consumidor.

[É] fácil imaginar um mundo em que altifalantes inteligentes […] se tornam instrumentos de publicidade passiva, inconsciente, da noite para o dia, com ou sem a nossa permissão. Estas bandas sonoras tornar-se-iam cenário de fundo para o nosso sono, da mesma forma que os intermináveis cartazes das estradas americanas se tornaram para a nossa vida acordada.

Escreveram os investigadores do sono.

Apesar de parecer um exagero, os cientistas querem apenas que os legisladores atuem de alguma forma a esta respeito, para que não se torne um problema.

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