No início deste mês, um grupo de cientistas anunciou ter conseguido criar um ser híbrido, parte humano e parte macaco. Embora represente, cientificamente falando, um passo notável, em termos de ética poderá não ser a conquista mais íntegra.
Por isso, os cientistas estão preocupados com essas questões que serão, certamente, de interesse público.
Seres vivos híbridos em 2021
A experiência realizada no início deste mês não foi a primeira tentativa de criar um ser vivo híbrido, também apelidado de quimera. Todavia, foi a primeira bem sucedida. Assim, representa uma esperança, no sentido em que as quimeras da engenharia permitiriam novos desenvolvimentos médicos, como o crescimento de órgãos humanos, viáveis para transplantes, por exemplo, no corpo de outras espécies.
Um grupo de cientistas anunciou que, com sucesso, conseguiu criar um ser vivo híbrido, parte humano e parte macaco, através da injeção de células estaminais humanas em embriões de macaco com seis dias de idade.
Essa experiência, com um estudo publicado na revista Cell, chocou os cientistas por se revelar um sucesso. Contudo, os especialistas em bioética têm demonstrado algumas preocupações relativamente ao avanço deste tipo de investigação.
Questões éticas que não ficam para trás
Embora represente um notável passo científico, os especialistas em bioética temem as repercussões associadas a um ser vivo híbrido. Assim sendo, de acordo com o The Wall Street Journal, estes não pretendem avançar com as investigações até perceberem o impacto que as mutações terão nos organismos gerados.
Foi dado um passo notável do ponto de vista científico que levanta questões urgentes de interesse público. Precisamos de descobrir qual é o caminho certo a seguir para ajudar a orientar o progresso responsável.
Disse Nita Farahany, bioeticista na Duke University.
A equipa de investigadores não tem o objetivo de criar novos organismos. Aliás, os embriões só sobrevivem 19 dias.
No entanto, o estudo mostrou que a biologia híbrida não poderá ser ainda uma opção, uma vez que os cientistas ainda não têm a capacidade de controlar em que tipo de células é que as estaminais humanas se desenvolvem.
Há uma hipótese de que, de uma forma descontrolada, isso possa levar a uma mistura de células humanas que pode resultar no desenvolvimento de células humanas no cérebro, ou no coração, ou da cabeça aos pés, em todo o corpo.
Explicou Insoo Hyun, bioeticista na Case Western Reserve University, ao The Wall Street Jounal.
Portanto, para já, os cientistas não conseguem cultivar nem colher órgãos, conforme pretendem fazer.