Estão permanentemente a ser desenvolvidas tecnologias que a confeção têxtil tem aproveitado. Surgem novos tecidos, novas formas de fabricar vestuário e isso eleva quer a qualidade, quer a diversidade de utilização.
Este novo tecido desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Maryland, é o primeiro têxtil a alterar automaticamente as propriedades para reter ou libertar o calor, dependendo das condições.
A indústria têxtil em Portugal tem vários exemplos de inovações nesta área. Inclusive na área dos têxteis para desporto, o nosso país está na linha da frente. Contudo, algumas tecnologias surgem primeiro nos laboratórios das universidades.
Tecidos que têm automatismos de temperatura
Apesar de décadas de inovação em tecidos com propriedades térmicas de alta tecnologia que mantêm aquecidos os corredores de maratonas ou os caminhantes alpinos, nunca houve um material que alterasse as suas propriedades isolantes em resposta ao meio ambiente. Agora parece que já há.
Investigadores da Universidade de Maryland criaram um tecido que pode regular automaticamente a quantidade de calor que passa por ele. Quando as condições são quentes e húmidas, como aquelas perto de um corpo suado, o tecido permite a passagem da radiação infravermelha (calor). Quando as condições se tornam mais frias e secas, o tecido reduz o calor que escapa.
A radiação infravermelha é a principal forma do corpo libertar calor. Na verdade, cerca de 40% da transferência de calor do corpo humano ocorre desta maneira.
Utilização de fios metálicos no fabrico das peças
Os investigadores criaram o tecido a partir de fios especialmente projetados e revestidos com um metal condutor. Sob condições quentes e húmidas, os fios do tecido compactam e ativam o revestimento, o que altera a forma como o tecido interage com a radiação infravermelha.
Este processo é referido como “bloqueio” da radiação infravermelha, que atua como uma blindagem para transmitir ou bloquear o calor.
Esta é a primeira tecnologia que nos permite dinamicamente fechar a radiação infravermelha.
Referiu YuHuang Wang, professor de química e bioquímica da UMD e um dos autores do estudo.
Fios de nanotubos de carbono
O fio de base para este novo têxtil é criado com fibras feitas de dois materiais sintéticos diferentes – um absorve água e o outro repele.
Os fios são revestidos com nanotubos de carbono, uma classe especial de metal condutivo leve, baseado em carbono. Assim, como os materiais nas fibras resistem e absorvem água, as fibras entortam quando expostas à humidade, como a que envolve um corpo suado.
Essa distorção aproxima os fios de fios, o que faz duas coisas. Primeiro, abre os poros no tecido. Isso tem um pequeno efeito de refrigeração porque permite que o calor escape. Segundo, e mais importante, modifica o acoplamento eletromagnético entre os nanotubos de carbono no revestimento.
Automatismo do tecido é quase instantâneo
Dependendo da afinação, o tecido bloqueia a radiação infravermelha ou permite que ela passe. A reação é quase instantânea, então antes que as pessoas percebam que estão a ficar com calor, a roupa já pode estar a arrefecer.
Por outro lado, quando um corpo arrefece, o mecanismo dinâmico que atua como uma porta, trabalha de forma contrária de aprisiona o calor.
O corpo humano é um radiador perfeito. Ele liberta calor rapidamente. Como nos diz a história, a única forma de regular o nosso radiador é tirar a roupa ou vestir roupa. Mas este tecido é um verdadeiro regulador bidirecional.
Concluiu Min Ouyang, professor de física na UMD.
De acordo com o artigo da Science, este é o primeiro têxtil mostrado para ser capaz de regular a troca de calor com o meio ambiente.