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Cientista descobre por acidente uma bactéria que se alimenta de metal

Foi por acaso que Jared Leadbetter, microbiologista da Caltech, criou uma ambiente no seu lavatório do escritório que levou a uma descoberta fascinante. O cientista trabalhava numa projeto não relacionado com a descoberta e deixou vários meses o frasco de vidro com giz de manganês embebido em água da torneira. Quando voltou ao escritório ficou surpreso ao ver que o recipiente estava com um revestimento preto.

Este cenário levou a que o cientista e a sua equipa descobrissem as primeiras bactérias que se alimentam de manganês e que usam este metal como fonte de calorias.


Há mais de um século que os cientistas teorizam sobre a existência de bactérias que se alimentam de manganês e usam o metal como fonte de calorias. No entanto, foi só agora que microbiologistas do Caltech (California Institute of Technology), nos Estados Unidos, conseguiram finalmente provar que estes micróbios realmente existem.

Esta descoberta fruto do acaso foi publicada pela revista Nature, onde o processo é descrito.

 

Do acaso à importante descoberta

Depois de este acaso se revelar frutífero, a equipa da Caltech analisou o material escuro e revelou ser manganês oxidado que havia sido gerado pela bactéria recém-descoberta Candidatus Manganitrophus noduliformans. Segundo os investigadores, esta bactéria provavelmente teria origem na água da torneira.

Há evidências de que parentes destas criaturas residem nas águas subterrâneas, e uma porção da água potável de Pasadena é bombeada de aquíferos locais.

Explicou Leadbetter, em comunicado feito pelo Caltech.

Apesar de outras bactérias consumirem o manganês de alguma forma, esta é a primeira que utiliza o metal como fonte de combustível. Assim, o que estamos a ver é que esta bactéria alimenta-se — ou seja, é realmente nutrida e cresce com a ajuda do manganês.

O manganês é um dos elementos mais abundantes na superfície da Terra e os seus óxidos (uma forma escura e irregular) são encontrados em depósitos subterrâneos e em sistemas de distribuição de água. No fundo do mar, bolas metálicas já eram conhecidas pelos investigadores marinhos desde os cruzeiros do HMS Challenger, na década de 1870.

 

Quimiossíntese: bactéria converte dióxido de carbono em biomassa

Estes nódulos foram encontrados no fundo de muitos oceanos da Terra. Então, nos últimos anos, empresas de mineração planeavam colher e explorar estas substâncias para encontrar metais raros. Contudo, pouco se sabia sobre como estes nódulos eram formados em primeiro lugar.

A descoberta pode finalmente ter resolvido um mistério com canos de água na região.

Existe toda uma literatura de engenharia ambiental em sistemas de distribuição de água potável obstruídos por óxidos de manganês. No entanto, como e por qual motivo este material é gerado permanecia um enigma. Claramente, muitos cientistas consideraram que as bactérias que usam manganês para energia poderiam ser responsáveis, mas as evidências que sustentam esta ideia não estavam disponíveis até agora.

Disse o investigador do Caltech.

A mesma investigação revela ainda que as bactérias podem usar manganês para converter dióxido de carbono em biomassa. A este processo chama-se quimiossíntese.

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