Um disco de destroços ao redor de um planeta distante poderá ter denunciado o nascimento de uma lua. Este evento, que é uma novidade no mundo da astronomia, aconteceu na órbita do planeta PDS 70 c. Os astrónomos têm aqui uma nova janela e conhecimento para aprender mais sobre o nosso sistema solar.
Este disco é tão massivo que indicia a formação de uma exolua num jovem exoplaneta.
Pela primeira vez os astrónomos viram uma lua a nascer
Quando um novo sistema estelar está em formação, os planetas aglutinam-se numa nuvem de detritos chamada disco circunstelar. Então, os planetas podem sugar o gás e poeira desta nuvem para formar os seus próprios discos circunplanetários.
Estes discos alimentam o crescimento dos planetas e fornecem o material para a formação das luas.
A estrela PDS 70, que está a cerca de 370 anos-luz da Terra, forneceu aos investigadores um laboratório único para estudar este processo.
Os seus dois planetas gigantes, PDS 70 b e PDS 70 c, são os únicos que foram observados enquanto ainda inseridos no seu disco circunstelar.
Myriam Benisty da Université Grenoble Alpes de França, com os seus colegas, confirmaram que PDS 70 c – e talvez PDS 70 b também – tem um disco circunplanetário.
Conhecemos muitos planetas, mas esses são planetas prontos, e temos que usar modelos para tentar entender como os planetas se formam olhando para o produto final. Com estes dois, estamos a ver diretamente como os planetas gigantes e a suas luas se formam, portanto, estes planetas são excecionais.
Explicou Alessandro Morbidelli, do Observatório Côte d’Azur, em França, que não esta envolvido nesta investigação.
Estrela a 370 anos-luz da Terra ainda é um astro bebé
Os astrónomos localizaram este disco recorrendo ao Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), situado no Chile. Houve indícios de um disco circunplanetário lá antes, mas nunca houve desenvolvimentos conclusivos.
Descobriram que, dependendo do tamanho dos grãos de poeira no disco em torno do PDS 70 c, este provavelmente contém uma massa total de poeira que é cerca de 0,7 a 3,1% da massa da Terra.
Não podemos identificar nenhuma lua que esteja formada, mas há material suficiente para formá-la e é muito provável que haja formação desse satélites lá. O planeta é algumas vezes mais massivo do que Júpiter, quer isso dizer que pode eventualmente formar muitas luas, tal como Júpiter.
Disse Benisty.
Olhar para fora do planeta, seria semelhante a como a Via Láctea se parece numa noite realmente escura, uma faixa brilhante no céu noturno, mas seria muito, mas muito mais amplo. O PDS 70 b provavelmente também tem um disco, mas não é tão brilhante, o que pode significar que é feito de grãos de poeira menores ou apenas gás.
Referiu outro astrónomo membro da equipa, Richard Teague.
Os investigadores também encontraram fluxos de poeira a fluir do disco circunstelar externo em direção à estrela, na área onde, se este sistema estelar for como o nosso, se poderão formar planetas rochosos menores.
As serpentinas estão a trazer material do disco externo para o interno, e isso não é importante apenas para a formação de planetas semelhantes à Terra, mas também a estrela ainda é uma estrela bebé, então ainda está a acumular matéria para crescer.
Concluiu Myriam Benisty.
Indícios de como a Terra e a sua Lua se formaram
Este sistema fornece-nos uma janela para estudar a formação de planetas e luas em geral, mas com os seus dois planetas gigantes a espelhar Júpiter e Saturno, também é uma reminiscência do nosso próprio sistema solar, embora maior.
Isso pode ajudar-nos a entender como os planetas e as luas do nosso sistema solar se formaram e evoluíram.