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Afinal, por que motivo distinguimos mares e oceanos?

Alguma vez olhou para um mapa e questionou o motivo pelo qual distinguimos mares de oceanos? A pergunta é curiosa e a resposta não é tão simples quanto o seu tamanho ou a sua localização geográfica. Entenda porque alguns mares são chamados mares e outros oceanos.


À primeira vista, parece uma questão de localização geográfica ou de tamanho. Contudo, a diferença entre mares e oceanos envolve muito mais.

A nomenclatura associa-se à história da exploração humana, à forma como as civilizações antigas compreendiam o mundo e até às características físicas e biológicas das próprias águas.

Assim, saber que o Mediterrâneo é considerado um mar por estar parcialmente cercado por terra, enquanto o Pacífico é um oceano por ser vasto e aberto, mostra como a geografia e a perceção humana podem ter um papel.

Diferença entre mares e oceanos vai além do tamanho

Num longo artigo, publicado no Discover Wild Science, são explicados os motivos pelos quais distinguimos mares de oceanos.

A diferença mais óbvia, mas não única, é o tamanho, que tem sido a base das convenções de nomeação há séculos. Oceanos são imensas massas de água salgada que cobrem áreas gigantescas do planeta, enquanto os mares são geralmente menores e mais contidos.

Esta diferença não é apenas uma questão de números, refletindo ecossistemas, padrões climáticos e características geológicas completamente diferentes.

Além do tamanho, contudo, são enumerados os seguintes motivos:

Mares costumam ser parcialmente cercados por terra, como o mar Negro ou o mar Vermelho. Por sua vez, oceanos são abertos e ligam continentes, dando a ideia de não terem fim.

Os mares situam-se geralmente sobre plataformas continentais rasas, com profundidades médias inferiores a 200 metros, ao passo que os oceanos têm bacias profundas, com milhares de metros de profundidade.

A salinidade e a temperatura variam mais nos mares. Alguns, como o mar Morto, são extremamente salgados; outros, como o Báltico, são quase de água doce.

Além disso, os mares sofrem, também, maiores variações de temperatura, enquanto os oceanos mantêm temperaturas mais estáveis que influenciam o clima global.

Os oceanos formaram-se por movimentos tectónicos antigos que criaram grandes bacias entre continentes. Muitos mares, como o Mediterrâneo ou o Vermelho, são remanescentes de antigos oceanos ou bacias jovens em formação.

Por serem rasos e fechados, os mares abrigam vida marinha diversificada e adaptada a condições específicas. Por sua vez, os oceanos sustentam espécies migratórias e organismos de águas profundas.

A oceanografia moderna revelou que as fronteiras entre mares e oceanos são mais complexas e interligadas do que se pensava. Contudo, manter os nomes tradicionais evita confusões legais e científicas.

A distinção tem consequências legais reais: o direito marítimo define zonas económicas exclusivas e limites territoriais de forma diferente em mares e oceanos.

No artigo, o mar da China Meridional é citado como exemplo de disputa baseada nessa classificação.

Os oceanos regulam o clima global ao armazenar calor e mover correntes que influenciam o tempo no mundo todo; e os mares, mais pequenos, afetam climas regionais, como o mediterrânico.

A diferença entre os dois termos é, também, psicológica e cultural. Se por um lado os mares simbolizam espaços conhecidos e controláveis, os oceanos representam o infinito e o desconhecido.

Na mitologia e na literatura, os mares são palco de aventuras, mas os oceanos são quase sempre territórios de exploração e mistério.

Alterações climáticas e o futuro

Apesar das convenções, o aumento do nível do mar e o degelo polar estão a modificar as fronteiras entre os dois conceitos.

Neste sentido, com o tempo, alguns mares podem tornar-se mais abertos e podem surgir novos corpos de água, exigindo novas categorias, no futuro.

Mar de proximidade vs. oceano de desconhecido

Conforme vimos, a distinção revela como a linguagem e o conhecimento científico evoluíram juntos: povos antigos nomeavam as águas de acordo com o que podiam ver e compreender, e essas designações permaneceram mesmo após a ciência moderna mostrar que mares e oceanos fazem parte de um único sistema interligado.

Esta curiosidade reforça, também, que o modo como classificamos o mundo reflete não apenas a ciência, mas a relação emocional que os seres humanos estabelecem com ele.

Veja-se, por exemplo: para muitos, o mar simboliza familiaridade e proximidade, enquanto o oceano representa o desconhecido e o infinito.

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