Não, ainda não foi desta que ficou adormecida para sempre, mas começa a dar mais problemas. A NASA restabeleceu a ligação com a Voyager 1 depois de um sistema de proteção de avarias ter levado a nave espacial a desligar um transmissor.
Os engenheiros do JPL estão a investigar o incidente, com o desafio de gerir comandos e dados a uma distância de 24 mil milhões de quilómetros.
A equipa pretende estabilizar as comunicações e resolver as dificuldades técnicas da nave envelhecida no espaço interestelar.
Restabelecimento do contacto com a Voyager 1
Em 24 de outubro, a NASA restabeleceu com sucesso o contacto com a nave espacial Voyager 1 após uma breve pausa na comunicação.
Recentemente, a Voyager 1 desligou um dos seus dois transmissores de rádio, e a equipa da NASA está agora a trabalhar para identificar a causa.
A paragem parece ter sido desencadeada pelo sistema de proteção contra falhas da nave espacial, que gere automaticamente os problemas a bordo.
Este sistema conserva a energia desativando os sistemas não essenciais se a fonte de alimentação da nave espacial for sobrecarregada. No entanto, poderá levar dias ou semanas até que a equipa identifique o que ativou exatamente o sistema de proteção contra falhas.
Resolução de problemas e resposta a comandos
O Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, no sul da Califórnia, gere as comunicações com a Voyager 1 através da Deep Space Network.
Quando a equipa do JPL envia instruções, a Voyager 1 responde transmitindo dados de engenharia, que ajudam a equipa a avaliar a sua reação ao comando.
Este vai e vem demora cerca de dois dias – cerca de 23 horas para o comando viajar mais de 24 mil milhões de quilómetros até à Voyager 1 e outras 23 horas para os dados regressarem à Terra.
No dia 16 de outubro, a equipa de voo enviou um comando para ligar um dos aquecedores da nave espacial. Embora a Voyager 1 devesse ter tido energia suficiente para operar o aquecedor, o comando acionou o sistema de proteção contra falhas.
A equipa soube do problema quando a Deep Space Network não conseguiu detetar o sinal da Voyager 1 a 18 de outubro.
Desafios e soluções de comunicação
A nave espacial comunica normalmente com a Terra utilizando o que se designa por transmissor de rádio de banda X, nomeado pela frequência específica que utiliza.
A equipa de voo colocou corretamente a hipótese de o sistema de proteção contra falhas ter reduzido a taxa de envio de dados pelo transmissor.
Este modo requer menos energia da nave espacial, mas também altera o sinal da banda X que a Deep Space Network precisa de ouvir.
Os engenheiros encontraram o sinal mais tarde nesse dia, e a Voyager 1 parecia estar num estado estável quando a equipa começou a investigar o que tinha acontecido.
Depois, a 19 de outubro, a comunicação pareceu parar completamente. A equipa de voo suspeitou que o sistema de proteção contra falhas da Voyager 1 tinha sido acionado mais duas vezes e que tinha desligado o transmissor da banda X e mudado para um segundo transmissor de rádio chamado banda S.
Embora a banda S utilize menos energia, a Voyager 1 não a utilizava para comunicar com a Terra desde 1981. Utiliza uma frequência diferente do sinal dos transmissores da banda X e é significativamente mais fraca.
A equipa de voo não tinha a certeza de que a banda S pudesse ser detetada na Terra devido à distância da nave espacial, mas os engenheiros da Deep Space Network conseguiram encontrá-la.
Continuidade da missão e desafios
Em vez de correr o risco de voltar a ligar a banda X antes de determinar o que desencadeou o sistema de proteção contra falhas, a equipa enviou um comando no dia 22 de outubro para confirmar que o transmissor da banda S está a funcionar.
A equipa está agora a trabalhar para recolher informações que os ajudem a perceber o que aconteceu e a fazer com que a Voyager 1 volte a funcionar normalmente.
As Voyagers 1 e 2 estão a voar há mais de 47 anos e são as duas únicas naves espaciais a operar no espaço interestelar.
A sua idade avançada significou um aumento da frequência e complexidade dos problemas técnicos e novos desafios para a equipa de engenharia da missão.