Nos últimos dias, a Apple tem estado no centro dos acontecimentos no mundo tecnológico. É de admirar que exista alguém que goste de tecnologia e que ainda não tenha visto ou ouvido falar dos novos produtos apresentados pela empresa de Cupertino no início desta semana.
De facto, todos os produtos trouxeram, de alguma forma, novidades para o mercado tecnológico, mas aquela funcionalidade que mais “tinta tem feito correr” é, sem dúvida, o Face ID.
Face ID: Como funciona?
Esta novidade está presente no iPhone X (edição de comemoração dos 10 anos de existência do iPhone) e permite ao utilizador autenticar-se no dispositivo da Apple através de um sofisticado sistema de reconhecimento facial presente na parte da frente do smartphone.
Deste modo, a tecnologia que recorre à câmara TrueDepth projeta e analisa mais de 30 mil pontos invisíveis de forma a criar um mapa pormenorizado da profundidade do rosto do utilizador. Passando a não ser necessário utilizar código ou o sistema de impressão digital (Touch ID) para aceder aos dados do iPhone.
No entanto, este sistema implementado pela Apple no seu novo topo de gama tem dado muito que falar. Não só por ser totalmente revolucionário devido ao uso de algoritmos de Machine Learning e Inteligência Artificial, e por tirar partido do incrível processador A11 Bionics, mas também devido à proteção dos dados e segurança que fornece ao dispositivo.
A Carta do Senador
De facto, na passada quarta-feira, o Senador dos Estados Unidos, Al Franken, membro da subcomissão judiciária de Privacidade do Senado dos Estados Unidos contactou o CEO da Apple, Tim Cook, através de uma carta que pode ser lida aqui, e onde colocou uma série de dúvidas e questões relacionadas com a implementação do Face ID.
O Senador questionou de que forma os dados de cada utilizador são geridos por motivos de segurança e privacidade. Esta primeira questão é importante e um ponto bastante sensível para as empresas de Silicon Valley, já que tantas polémicas existiram devido à proteção dos dados mais sensíveis dos utilizadores.
Além disso, uma outra pergunta fruto de falta de informação colocada pelo Senador norte-americano diz respeito à proteção deste novo sistema contra a influência da raça, do género ou idade.
Felizmente algumas das questões às perguntas do membro do governo americano já foram respondidas. De facto, durante a Keynote da passada segunda-feira, Phil Schiller informou o público que toda a informação dos utilizadores relativamente ao FaceID é protegida pela Secure Enclave do processador A11 para que todos os dados permanecessem em segurança no dispositivo e não na Cloud.
Por outro lado, Schiller informou também que este sistema de reconhecimento facial estava treinado para ser à prova de retratos 2D e de máscaras. Portanto, considerando que o sistema apenas funciona com modelação 3D, as perguntas do Senador quanto ao género, idade e raça não fazem sentido nenhum. O sistema não deverá nunca distinguir nenhuma pessoa por esses parâmetros.
Face ID e o Governo
No entanto, foi levantada uma questão pertinente pelo Senador que diz respeito à partilha de dados com outras aplicações e empresas. Além disso, o Senador pergunta também como é que a Apple pretende responder ao governo quando for pedido acesso a algum FacePrint de um utilizador de iPhone.
Ao longo dos anos, a Apple sempre se mostrou preocupada com a segurança e privacidade dos utilizadores e até esteve no foco dos media devido ao atentado terrorista de San Bernardino, em 2016. A Apple recusou-se a fornecer ao governo norte-americano meios para criar uma backdoor para aceder ao sistema pois, acreditava que desenvolvendo um software tão poderoso deixaria todos os utilizadores de iPhone vulneráveis.
Tim Cook tem até dia 13 de outubro para responder às questões levantadas pelo membro do governo norte-americano. O CEO da Apple sempre se mostrou preocupado com a privacidade dos seus utilizadores. Vejamos como Tim Cook irá responder à carta do senador.