A Apple é hoje uma das empresas mais populares no mundo e a maior no meio tecnológico. É uma empresa que detém no seu currículo vários dos grandes momentos tecnológicos que mudaram a sociedade e o comportamento humano. Claramente a Apple de 1 de abril de 1976 é completamente diferente da gigante que é hoje.
Quarenta e seis anos depois, a empresa fundada por Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne continua a marcar a vida de milhões de pessoas diariamente, com os seus produtos, com a sua filosofia e com as suas formas de olhar para o futuro.
A Apple hoje é diferente de tudo o que o seu mítico CEO deixou. Steve Jobs imaginou o mundo da computação de uma forma audaz. Passou pelos computadores pessoais, pelos acessórios, pelo software, por um vasto leque de dispositivos que, na sua época, marcaram o mercado. Nada ficou indiferente, por exemplo, ao iPod ou ao iPhone. Depois da sua morte, a liderança passou efetivamente para as mãos de Tim Cook.
Agora no seu décimo ano como CEO, Tim Cook juntou-se à Apple pela primeira vez em 1998. A empresa tinha na altura 22 anos de idade, e estava a caminho de um ressurgimento com o regresso de Jobs. Já tinha tido a maior parte das suas dores de crescimento, mas ainda não tinha sido a empresa de energia em que se iria tornar.
A história da Apple em 3 espaços temporais
Hoje a Apple está no seu terceiro espaço temporal, na linha da história. Nos anos 70, teve o seu primeiro espaço, uma altura excitante, depois passou pela agitação nos anos 90 para o seu segundo espaço temporal, antes de se tornar num exemplo na história do sucesso americano.
Tudo começou numa garagem, uma empresa multinacional, multi-bilionária, nasceu de um humilde espaço emprestado.
Claro que no início não se tem a noção de como será o caminho, que dores vão padecer e que dificuldades serão transformadas em degraus. Em meados dos anos 70, Steve Wozniak tinha desenhos daquilo que ficou conhecido como o computador Apple I, e o seu amigo Steve Jobs tinha desenhos na cabeça de como os poderia vender.
A história conta que estes desenhos, que Woz guardava, poderiam ter sido dados a qualquer interessado. Sim, isso mesmo, dados, mas Jobs não pensava dessa forma. Apesar disso, Steve Jobs não propôs criar algum negócio, ou abrir a empresa. Mas delineou um plano, e incluiu Woz.
Assim, ambos os Steves tentaram primeiro vender as suas ideias às empresas existentes para as quais trabalhavam ou para as quais tinham trabalhado. Steve Wozniak era engenheiro na Hewlett-Packard na altura, e conseguiu que os engenheiros seniores examinassem o seu projeto com vista a HP comprá-los.
Não só concordaram ser exequível, como também reconheceram que podia ser barato – mas mesmo assim transmitiram-no. As ideias de Woz não se enquadravam no que eles pensavam que deveria ser um computador Hewlett-Packard.
A Atari sentia o mesmo. Steve Jobs tentou fazer com que o seu antigo empregador, a Atari, se interessasse pelo que viria a ser o Apple II, mas também ele foi rejeitado. Só que a Al Alcorn de Atari colocou Jobs em contacto com capitalistas de risco, e o caminho para a formação de uma empresa foi iniciado.
A Apple foi “descoberta” quando outro engenheiro da Atari, Ron Wayne, se cruzou com Jobs e Woz. Wayne foi, entre tantas outras coisas, o mentor na imagem que viria a tornar-se famosa. Foi ele que desenhou a forma famosa o logótipo original, imensamente ornamentado da Apple.
Também reza a história que deixou a empresa ainda esta não tinha descolado. Basicamente partiu cedo demais, sem imaginar no que se viria a tornar uma criação que também foi sua.
Portanto, os três homens formaram oficialmente a Apple a 1 de abril de 1976, e Ron Wayne demitiu-se 12 dias mais tarde. Tinham-lhe oferecido 10% da Apple, mas Steve Jobs comprou os seus 10% que valeram na altura 800 dólares.
Num importante salto empresarial, no ano de 1977, entrou a bordo Mike Markkula, um importante homem de negócios e investidor. Já com Markkula a orientar a empresa, a Apple comprou oficialmente os três parceiros originais, por um total de 5.308,96 dólares. Por razões legais, Wayne conseguiu um terço disso, apesar de já ter partido.
Olhando para trás, é impossível não ver a sua partida como um erro, dado o sucesso avassalador da Apple. Mas, na altura, foi pago razoavelmente e estava a deixar uma empresa que estava longe de ter um certo futuro. Entre as inúmeras vezes que lhe perguntaram sobre a sua partida, Ron Wayne afirmou em 2013 que não se arrependeu de forma alguma.
Considero-me extremamente afortunado por ter estado num ponto de viragem na história. E o estabelecimento da Apple foi de facto um ponto de viragem na história, embora na altura, é claro, nunca ninguém o soubesse.
Disse Ron Wayne.
O primeiro sucesso da Apple
Depois de ter partido, mas antes de Markkula a ter transformado numa empresa adulta, a Apple teve o seu primeiro sucesso – e foi um sucesso que lhe parecerá familiar se seguir a forma como a empresa funciona hoje. A Apple fez 50 computadores Apple-I sem ter dinheiro nenhum, e vendeu-os todos um dia antes de ter de os pagar aos fornecedores.
Hoje em dia a Apple tem uma abordagem extremamente bem gerida da sua cadeia de fornecimento, mas mesmo em 1976 estava literalmente a aprender os benefícios das finanças. Foi a primeira vez que Steve Jobs ouviu falar do que se chamava 30 dias líquidos, o que significa que tinha esse tempo para pagar aos seus fornecedores. E não esqueceu esse timing!
Jobs tinha apresentado a Apple-I a Paul Terrell, que dirigia a então bem sucedida Byte Shop, um forte distribuidor de computadores da altura. Enquanto Jobs queria vender as motherboards e os kits para ter os seus próprios computadores, Terrell queria dispositivos montados e conseguiu-os.
A Apple estava agora mais madura quer na gestão e finanças, quer nos negócios. Em 1977, com a entrada de Mike Markkula, a empresa além de ter o negócio reorganizado, recebeu algo que ainda perdura até aos dias de hoje, a filosofia da Apple.
Essa filosofia foi desde sempre um dos pilares do negócio da Apple e Steve Jobs explicaria essa importância mais tarde ao seu biógrafo, Walter Isaacson. Ele referiu o ponto de vista de Markkula: que ganhar dinheiro não deveria ser o objetivo. Obviamente que é necessário, e é ainda uma das finalidades do negócio, mas se o dinheiro for o primeiro pensamento, a empresa vai estar sempre numa luta. Ao passo que se o objetivo for fazer “algo em que acredita” e concentrar a energia em “fazer uma empresa que dure”, o dinheiro seguir-se-á.
Quarenta e seis anos depois, a Apple ainda é conhecida pela forma como apresenta os seus produtos, pelo quão é cuidadosamente concebida a embalagem. Hoje em dia, isso ainda faz parte do que faz a Apple, a Apple.