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Análise Gotham Knights (Playstation 5)

Os estúdios Warner Bros Games Montréal, lançaram recentemente Gotham Knights, um novo jogo sobre o Universo de Batman, no qual o Homem Morcego não é o principal protagonista. Neste novo jogo de ação, decorrendo na cidade de Gotham, os novos heróis são a “família” de Batman que após a sua morte, ficam com a tarefa de proteger a cidade da corrupção e crime que a invadiram.

O jogo, que rompe com alguns conceitos tradicionais de jogos de Batman, já foi experimentado por nós e podem ler de seguida o que achámos da tarefa de proteger Gotham City mas, sem o Homem-Morcego. Venham ver…


Tal como acompanhámos (ver aqui, aqui, aqui ou aqui) Gotham Knights é um jogo de ação e aventura desenvolvido pelos WB Games Montréal (Batman: Arkham Origins).

A ação do jogo decorre na mítica cidade de Gotham City, apresentando como ponto de arranque, a morte do Batman. Por outras palavras, Gotham Knights decorre numa Gotham City onde Batman(Bruce Wayne) já não existe.

Na sequência inicial do jogo, após intenso combate com Ra’s al Ghul, Bruce Wayne consegue, pouco antes do seu desaparecimento, enviar uma mensagem para a sua “família” de forma a garantir que a cidade não fica desprotegida durante muito tempo e assim, entram em cena, os heróis de Gotham Knights: Batgirl, Nightwing, Red Hood, Robin e Alfred.

Rapidamente encontram indicios que os levam a investigar algo que Batman andaria atrás e as pistas apontam na direção da misteriosa organização Court of Owls e que mais tarde se vai revelar como uma surpresa.

Apesar de serem esses os principais antagonistas dos nossos cavaleiros em grande parte do jogo, existem muitos mais adversários que vão surgindo pelo caminho, sendo que o jogo está bem desenhado nesse capitulo, apresentando inimigos variados e com ataques, poderes e comportamentos variados, que aumentam a diversidade no jogo.

Como já referimos, trata-se de um jogo diferente daqueles a que estamos habituados no Universo Batman. Foi um risco assumido pela equipa da WB Montreal que se traduz numa experiência que tanto apresenta aspetos francamente bons, como outros menos bem conseguidos.

Como já referi, uma das principais diferenças deste jogo em relação aos demais títulos Batman, é o facto de agora passarem a haver 4 heróis. Cada um apresenta uma jogabilidade diferenciada dos demais, o que se traduz num ganho para o jogo que, com essa diversidade proporciona experiências diferentes com cada um.

Outra grande diferença surge na própria Gotham City que, apresentando-se completamente aberta à exploração (consoante o avançar na aventura), se vai revelando uma metrópole viva e com uma noite (a ação decorre maioritariamente de noite) repleta de ação, crimes para serem resolvidos e muitos outros pontos de interesse.

E isso leva-nos à mecânica do jogo, que assenta numa dinâmica de noites de patrulha recorrentes. Dito de outra forma, cada sessão de jogo corresponde a uma patrulha noturna, na qual, os Cavaleiros saem do seu esconderijo (o Campanário da Igreja de Gotham City) e partem para a patrulha nas ruas da cidade, combatendo criminosos, investigando o Court of Owls, desvendando crimes, e muito mais.

O Campanário funciona então, como a nova sede dos Cavaleiros e é aqui que, descansam, promovem diálogos entre eles que permitem avançar na história, analisam as pistas recolhidas na patrulha anterior, fazem upgrades às suas habilidades e equipamentos e até se podem divertir com jogos arcade.

Os estúdios da WB Montreal decidiram implementar no jogo uma abordagem a um sistema de RPG, na qual os jogadores têm várias habilidades (e equipamentos) que podem (e devem) ser melhorados no Campanário, consoante os espólios e XP que trazemos de cada noite de patrulha. É uma mecânica que funciona e que, mesmo estranhando esta realidade num jogo Batman, traduz-se num jogo vasto, diversificado e oferecendo grande liberdade aos jogadores.

A acompanhar os upgrades a habilidades e equipamentos existe também uma grande capacidade de personalização dos trajes dos nossos heróis e respetivos equipamentos, sendo que também nesse aspeto a liberdade e quantidade de opções é grande.

Numa decisão um pouco discutível, foi decidido que os recursos obtidos no decorrer de cada patrulha, são partilhados por todos os Cavaleiros, o que é o mesmo que dizer que, os despojos de uma patrulha com o Capuz Vermelho poderão ser usados para fazer upgrade de equipamentos e habilidades da BatGirl, por exemplo.

Após uma noite de patrulha terminada, volta-se ao Campanário e prepara-se para a próxima noite.

E é também aqui, no Campanário, que vamos assistindo ao fortalecimento de relações entre os nossos heróis e ao desvendar das pistas encontradas no decorrer das patrulhas, apresentados sob a forma cinemática com animações bastante convincentes e importantes para se perceber o rumo da história.

Apesar desta sequência rítmica e regular, de patrulha após patrulha, a jogabilidade encaixa bastante bem na história do jogo, e a narrativa foi bem escrita nesse sentido. Poderá não agradar a todos, particularmente mais para o final, mas isso são outras histórias.


Jogabilidade

Uma das mais valias para o jogador e que deriva da dinâmica do jogo de se processar em sucessivas noites de patrulha, é o facto de podermos alternar entre os heróis entre missões. Cada noite, após o regresso ao Campanário, poderemos escolher um novo herói para a patrulha seguinte, criando dessa forma uma maior alternância na jogabilidade.

Isto, pois cada heroi tem as suas habilidades e armas especificas e à medida que vamos desbloqueando novas habilidades, é interessante descobri-las no terreno.

Por exemplo, Nightwing é acrobático com grande capacidade de movimentos de ataque e defesa, enquanto a Batgirl é poderosa em artes marciais e no uso da Tonfa (tipo de bastão da policia). Por outro lado, o Robin, que é o mais novo dos quatro e um tremendo detetive, dominando o uso da lança de combate, ou o Red Hood que assenta na força bruta e consegue suportar mais dano que os restantes, além de usar explosivos e armas com facilidade.

Ou seja, existe uma grande variedade entre cada herói e se tomarmos em atenção que existe a opção de multiplayer coop, o jogo adquire ainda mais interesse.

Tal como referimos, Gotham City é uma grande metrópole (muito grande mesmo) e que se encontra aberta à nossa exploração se assim o pretendermos. Como tal, os nossos heróis têm de se deslocar, por vezes, por grandes distâncias (antes da viagem rápida) e aqui entram dois aspetos algo polémicos.

Por terraos jogadores podem usar a BatCycle para se deslocarem pelas ruas pouco movimentadas da noite de Gotham. Devo confessar que a diversão de se conduzir a moto do Batman se vai diluindo à medida que se vai tornando pouco atrevida e diversificada. A equipa de desenvolvimento poderia ter arriscado em algo mais para a moto…

No entanto, uma opção algo estranha corresponde à viagem através dos prédios de Gotham. Com recurso a um Grapple Hook, que todos os cavaleiros possuem, podemos, literalmente, viajar pela cidade inteira, de prédio em prédio, como se do Homem-Aranha se tratasse. Parece-me uma solução bastante deslocada para o jogo e revela alguma falta de criatividade, nesse aspeto.

Um outro aspeto que acaba por minar um pouco a jogabilidade a longo prazo, é o facto de, com o passar do tempo se tornar repetitivo o aparecimento de muitos crimes semelhantes para resolvermos, tornando-se numa sucessão dos mesmos tipos de inimigos e dessa forma, serem resolvidos praticamente da mesma forma.

A cidade de Gotham é tão grande que, seria um tremendo desperdício de espaço se não houvesse algo mais para explorar, além de combater criminosos, investigar locais de crime, ou acompanhar as histórias principais e secundárias. Dessa forma a equipa da WB Montreal, distribuiu ainda pela cidade, vários colecionáveis que poderemos encontrar.

Existem ainda alguns depósitos de segredos do Batman, escondidos pela cidade, que só serão encontrados através de minijogos com temporizador que, não sendo completamente inovadores, são interessantes e exigem destreza aos jogadores.

De uma coisa, Gotham Knights não pode ser criticado: de ter pouco conteúdo. Realmente, existe muito conteúdo em Gotham Knights existindo ainda alguns desafios que são propostos pelo jogo e que, de uma forma relativamente transparente, impulsionam-nos a-corpo explorar cada vez mais a cidade e a combater o crime. Desafios esses que podem passar por eliminar um certo numero de inimigos de determinada classe, ou fazer um certo numero de ataques especiais, ou colecionar uma quantidade de colecionáveis.

Há mesmo muito para se fazer em Gotham Knights e na maior parte das ocasiões trata-se de conteúdo interessante. As missões secundárias, por exemplo, encaixam bem no jogo e no Universo do jogo.

Um pormenor francamente interessante, é a forma como a equipa da WB Montreal implementou para as sequências de resolução de determinados crimes que encontramos para investigar pela cidade. São cenários que exigem algum sentido de dedução e estão bastante interessantes. Ao chegarmos a um local de um crime, encontramos um corpo, e algumas pistas espalhadas em redor. No entanto, para a resolução daquele crime, é necessário deduzir qual a ligação entre algumas das pistas e assim chegar ao resultado.


Combate

O combate de Gotham Knights é aparentemente simples numa primeira abordagem, mas que se torna complexo à medida que os jogadores vão tendo mais curiosidade para executar combos e ataques mais poderosos e vão enfrentando inimigos mais fortes. Existem vários sistemas de combate em Gotham Knights, que se traduzem numa maior variedade de opções para derrotar os inimigos.

Enquanto que alguns tipos de adversários, como os inimigos mais básicos (ou mesmo Veteranos), são facilmente derrotados com os ataques normais, existem outros que exigem outras abordagens mais complexas.

Basicamente, existem 3 tipos de ataques à disposição de cada herói: corpo-a-corpo, de alcance e os Momentum Attacks.

Os ataques corpo-a-corpo, usando o X, podem ser leves ou fortes, consoante a pressão que se faça no botão, assim tal como os ataques de alcance (pressionando o triangulo). Trata-se de uma forma simplista de combater e funcional.

Existem ainda os Momentum Attacks que, de forma simples e direta, são contra-ataques poderosos que podemos fazer contra os inimigos mas que dependem do preciso momento em que os executamos. Pressionando R1 e a tecla especifica, no momento em que um inimigo nos vai atacar, poderemos lançar estes contra-ataques e dessa forma provocar danos poderosos no adversário.

Destaque ainda para os chamados de ataques elementais que deverão ser usados em certas ocasiões. Isto, porque cada inimigo (dos bosses aos mais fracos) tem determinada fraqueza a determinado ataque elemental. Principalmente nos confrontos com os bosses, convém identificar o seu ponto fraco. Existem 5 tipos distintos: Concussão, Tóxico, Elétrico, Criogénico e Incendiário. Neste último caso, não será difícil perceber que o Mr.Freeze terá um ponto fraco pelos ataques incendiários…

No entanto nem tudo é confronto aberto e o jogo incentiva por várias ocasiões numa abordagem mais subtil a certas missões, nas quais podemos fazer kills silenciosos que tanto têm de espetacular (animações visualmente muito boas), como de fraco, pois a IA dos inimigos nem sempre é a mais inteligente. Apesar do jogo decorrer em mundo aberto, a possibilidade de se eliminar grande parte de inimigos de forma furtiva é uma possibilidade real e acaba por funcionar.

Não posso, no entanto, deixar de referir novamente a quantidade de animações de finish (furtivas ou não), que fazem com que cada combate seja algo de viciante e empolgante.

E nem só os vilões tradicionais serão os nossos adversários. Sim, após a morte do Comissário Gordon, a própria policia ficou infetada e a corrupção alastra nas forças de segurança que, não são nossas amigas e invariavelmente, entram em conflito conosco, sendo também adversários duros de roer.

Recomendo fortemente aos jogadores, experimentarem cada um dos heróis, para terem a oportunidade de assinalar as diferenças de jogabilidades e habilidades de cada um.

Creio que, à medida que os jogadores vão conhecendo mais e melhor os diferentes sistemas de combate e as mecânicas de defrontar os inimigos, terão mais proveito e prazer com o jogo.

Não querendo entrar em pormenores acerca dos inimigos que vamos encontrando, além do já referido Mr.Freeze, iremos encontrar na aventura alguns bem nossos conhecidos, como a Arlequina (Harley Quinn), o Pinguim, e muitos mais…

Algo menos positivo e que já é recorrente nestes jogos de mundo aberto, corresponde ao ocasional mau posicionamento da câmara que, teimosamente se coloca de forma a que, muitas vezes nos deixa vulneráveis a ataques de inimigos.


Em abono da verdade, creio que se pode afirmar que em grande parte do jogo a WB Montreal consegue fazer com que Gotham Knights mantenha uma narrativa sólida e interessante na qual não faltam vilões com grandes momentos e intrigas e suspeições.

Por outro lado, a cidade de Gotham encontra-se francamente linda, repleta e cheia de conteúdo e com atenção a inúmeros pormenores. Cada um dos distritos que a cidade possui apresenta um cuidado na sua criação muito delicado com visuais absolutamente deslumbrantes. E a escrita da cidade está também muito límpida e a longa distância, na Playstation5. De lamentar a ausência de 60fps…

O trabalho de vozes, está bastante competente e acompanha a densidade narrativa com critério e rigor.

Trata-se portanto, de um jogo que, não inventa a roda (bebendo claras influências de outros jogos) mas que se encontra bastante bem conseguido e que os fãs de super-heróis, nomeadamente do Batman e companhia irão apreciar.

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