Análise Forza Horizon 3 (Xbox One)

Em 2012 a Microsoft (através da Turn 10 Studios e da Playground Games) lançou Forza Horizon.

Na altura esse lançamento foi visto tanto com expectativas como com desconfiança, uma vez que não era perfeitamente claro onde é que Horizon iria encaixar, visto que Motorsport era a marca dominante do Mundo Forza.

O Pplware já se aventurou no asfalto virtual de Forza Horizon 3 e …

A Horizon veio-se a revelar como uma magnifica surpresa e uma autêntica lufada de ar fresco (ver aqui), não só que respeita ao universo Forza, como também a toda uma geração de futuros jogos de condução que se seguiram.

Agora, passados 4 anos, Horizon encontra-se de volta para a terceira incursão pelo culto automóvel.

Forza Horizon 3, mantém o legado dos seus antecessores e oferece ao jogador um open world disponível para explorar sobre 4 rodas. E trata-se efectivamente de um open world pois existem muito poucas barreiras intransponíveis e o cenário encontra-se quase na sua totalidade à nossa disposição.

Com Horizon 3, o Festival mais conhecido do Mundo virtual automóvel chega à Austrália pela primeira vez, contrastando assim com os dois títulos anteriores que se passaram nos Estados Unidos e Itália. E realmente, essa escolha do continente australiano, veio-se a verificar com a ‘Escolha Mais Acertada‘.

Como todos sabemos, a Austrália trata-se de um continente (país) enorme e que apresenta uma grande variedade de ambientes distintos. E conforme iremos ver, esse pormenor ganha particular interesse no âmbito de Forza Horizon.

Efectivamente, a Turn 10 agarrou essa característica do território australiano e trouxe a jogo de uma forma extremamente inteligente, diferentes jogabilidades e tipos de condução, consoante os diferentes micro-climas. Trata-se de uma fórmula já usada nos anteriores mas que Horizon 3 torna ainda mais vincada (dadas as diferenças entre esses biomas, que incluem diferenças atmosféricas).

Tanto o terreno como o meio circundante influenciam a nossa forma de conduzir. Por exemplo, temos zona de deserto com muitas zonas de areia seca, temos praias, temos florestas chuvosas, … mas não só, e como não poderia deixar de ser, temos também algumas metrópoles em Horizon 3, com zonas de periferia, zonas da ‘baixa‘ … sendo apenas de lamentar a ausência (novamente) de transeuntes na maior parte dessas zonas.

Dito isto, não será surpresa alguma se indicar que Forza Horizon 3 apresenta uma área de terreno explorável superior à dos anteriores. Aliás, essa é uma tendência que se estende um pouco a tudo em Horizon 3. Uma quantidade maior de eventos, mais veículos à nossa disposição (mais de 350 carros), mais estradas, …

Uma das alterações mais notória, desde o arranque do jogo, é o facto do jogador deixar de ser apenas um mero condutor desconhecido a tentar ganhar uns cobres (e carros) mas passar a ser o responsável pela criação e implementação do Festival Horizon no continente australiano. A ideia é simples e na prática não muda muito em relação ao que se espera de um Horizon. Basicamente vamos ganhando experiência e fãs com os eventos, exibições e corridas em que participamos e isso vai-nos possibilitando a criação de novos locais para o Festival.

Aos poucos e poucos, o Mapa australiano de Horizon 3 vai-se pintando com as cores do Festival Horizon.

O Mundo de Horizon 3 encontra-se fabuloso, e não só na parte visual onde os diferentes ambientes se encontram deliciosamente criados (graficamente o jogo encontra-se um mimo) mas também pela forma como a Playground deu vida às estradas, com lógica e bom senso. Além dos NPCs (Personagem Não Jogável) encontramos ainda nas estradas, diversos Drivatars, que correspondem a condutores virtuais representativos de jogadores reais (criados com base nos perfis reais desses jogadores), e que ao circularem no nosso Mundo Horizon, possibilitam as típicas corridas instantâneas que Horizon nos habituou desde o primeiro jogo (pressionar X para o desafiar).

Essas corridas instantâneas, além de nos atribuírem XP (pontos de experiência), também nos possibilitam a aquisição de créditos (CR, dinheiro do jogo). A partir de determinada altura passam a circular alguns Drivatars mais ‘generosos’ que permitem ganhar mais XP e créditos em caso de vitória. São autênticos alvos a abater e muitas vezes dou por mim a vaguear pelas estradas apenas a procurar o ícone que os representa no mini-mapa (uma espécie de roldana verde) só para ganhar mais uns cobres (que tanta falta fazem para os leilões).

Uma curiosidade do jogo é a possibilidade de contratarmos pilotos experimentados para os nossos locais do Festival. Ocasionalmente, a nossa secretária (chamemos-lhe assim) Anna vai-nos dando indicações de determinados pilotos em ascensão (geralmente nossos amigos da Xbox) e caso os desafiemos e os vençamos, podemos contratá-los para pilotos.

Conforme mencionei, a quantidade e diversidade de eventos/corridas/exibições/corridas de rua existentes em Horizon 3 é simplesmente abismal. A qualquer momento temos dezenas de potenciais pontos de interesse no mapa e muitas vezes o difícil é escolher. Na generalidade dos casos, esses eventos encontram-se muito bem desenhados e com localizações adequadas ao evento em si. Nada foi deixado ao acaso e o resultado final é um fabuloso leque de corridas disponíveis.

Uma palavrinha acerca das Midnight Battles que funcionam de forma semelhante ao que se pode ver no filme Fast and Furious.

Todos concordamos que, hoje em dia, encontramos-nos numa época de partilha e na qual todos temos um papel importante no processo criativo e imaginativo. A Playground Games teve claramente uma preocupação em realçar esse sentimento e dessa forma criou aquilo a que chamou de Horizon Blueprint e que é a forma que os jogadores têm de deixar a sua marca no universo Horizon. Horizon Blueprint permite aos jogadores a criação de eventos de sua autoria e partilhá-los com a comunidade.  As possibilidades de personalização desses eventos são generosas o suficiente para permitir a criação de trabalhos interessantes (tipo de veiculo, tempo, trajecto, restrições, …).

No entanto, nem só de velocidade se vive em Horizon 3. Entre todas essas corridas e eventos há muito mais para fazer e coleccionar. Destruir placas de descontos, placas de XP, procurar clássicos escondidos (muito bem escondidos aliás) em celeiros espalhados pelo mapa, bater records de velocidade contra radares da policia, zonas de Drift … existe mesmo muito por onde escolher, nas alturas em que apenas queremos passear.

E reparem que passear apenas é também uma opção, tanto no Modo Campanha como no próprio Online. E realmente, dada a beleza da Austrália de Horizon, é quase obrigatório perder alguns Kilómetros a passear simplesmente pelas estradas (asfalto, terra batida, areia, rios, …) e apreciar apenas a paisagem. Realmente, foi feito um investimento notório na tentativa de mostrar um pouco da Austrália aos jogadores, havendo algumas dezenas de Pontos de Interesse (meramente informativos) sobre certas localizações reais da Austrália.

No entanto, não esmoreçam todos aqueles que gostam apenas de acelerar pelo asfalto e que apreciam a condução excitante de carregar no acelerador sem destino pois as manobras mais radicais como ultrapassagens perigosas, derrapagens, uso de travão de mão, … continuam presentes e a dar bónus a torto e a direito.

Todas essas manobras mais radicais têm, como nos restantes Horizon anteriores, uma barra que quando completada nos permite adquirir Pontos de Habilidade. Por sua vez esses Pontos de Habilidade podem ser trocados por Bónus que nos atribuem algumas vantagens no Mundo de Horizon 3. Existem 3 categorias de Bónus, “Chefe do Festival“, “Habilidades” e “Prémios Instantâneos” que perfazem 75 Bónus distintos a desbloquear e que podem ir desde uma simples “Entre para o Clube” que nos permite adquirir mais 10% de Créditos nas corridas online, passando por uma “Habilidade Lendária” que permite levar o multiplicador de Habilidades até 6* ou então um prémio instantâneo “Pequeno Notável” que nos permite adquirir gratuitamente um Mini Cooper S 1965.

Há no entanto, um alerta a fazer a todos aqueles que aspiram que Forza Horizon se transforme num verdadeiro simulador automóvel. Atenção! Horizon 3 não é um simulador puro  bruto. Apesar dos variados ajustes mecânicos que podemos fazer aos veículos, a condução é arcade e nem tenta ser mais que isso.  Aliás, nunca foi o objectivo de Horizon 3, se tornar num simulador sério de condução. No entanto, a diferença de condução entre os diferentes tipos de veículos são notórias bastante satisfatórias.

Nos tempos que correm é quase imperativo que os jogos apresentem um pouco de glamour e a Playground novamente, lembrou-se disso mesmo e em determinados eventos criou secções cinemáticas de grande espectacularidade, como por exemplo numa dada corrida em que competimos contra um comboio e inclusive, temos de saltar 2 vezes por cima dele.

Com Forza Horizon 3 estão de volta os leilões, onde podemos encontrar autênticas pechinchas. Por exemplo consegui um Aventador por 100.000 CR … quase dado! O sistema de Alertas dos Leilões também funciona muito bem, com o LT como atalho rápido para contra-licitar. E alegrem-se … os Sorteios de automóveis também regressam.

Quando disse ao inicio que Forza Horizon 3 mantém o legado dos seus antecessores, a leitura tanto pode ser feita em relação ao que de melhor Horizon tem vindo a oferecer-nos como, por outro lado, também mantém alguns aspectos menos positivos, como o facto de continua a não haver um sistema de danos mais efectivo. Compreendo o porquê da inexistência de acidentes e colisões mais brutais e destruidoras mas, acredito que o jogo poderia vir a ganhar muito mais obrigando o jogador a alguns cuidados extra.

Por fim, o online. A vertente multiplayer encontra em Horizon 3 a continuação do excelente trabalho nos anteriores. Seguindo as pisadas dos anteriores, continuamos a ter as opções competitivas mas uma das inovações que mais deverá fascinar os jogadores é, sem dúvida a possibilidade co-op de Horizon 3.

Esta vertente Co-op (de até 4 jogadores) permite completar missões/eventos presentes no modo carreira de uma forma cooperativa, permitindo desta forma que um jogador possa completar determinado evento com o qual esteja a deparar dificuldades no modo Campanha.

Tal como referi acima, no online além desta vertente competitiva/cooperativa surge ainda a possibilidade de pura e simplesmente vaguear pelo mundo numa atitude mais descontraída e sem destino.