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Análise Demon’s Souls (Playstation 5)

Por várias ocasiões referimos (ver aqui ou aqui) que um dos históricos jogos da Playstation 3 estava a caminho da Playstation 5: Demon’s Souls.

Recriado de raiz e melhorado tendo como base as capacidades do hardware das novas consolas, Demon’s Souls chega com fortes expectativas e com muita ansiedade de muitos fãs hardcore.

Nós já experimentámos Demon’s Souls para a Playstation 5.


Em 2009 foi lançado pelas mãos da FromSoftware, na altura para Playstation 3, um jogo que poucos se atreveriam a afirmar que iria marcar uma geração de jogos.

Tratava-se na altura, de um nicho de jogo que estava a crescer e assim aconteceu… cresceu e tornou-se num género de jogo que se tornou comum identificar como Soul’s Like.

Da PlayStation Studios e Bluepoint Games (responsáveis por Shadow of the Colossus) chega agora o remake que, recorrendo às capacidades da Playstation 5, pretende trazer velhas (e dolorosas) recordações aos veteranos do jogo, e trazer verdadeiros pesadelos aos novatos.

Boletaria ainda se encontra em perigo

Em Demon’s Souls Remake, na sua demanda pelo poder, o Rei Allant de Boletaria, despertou um demónio do princípio dos tempos: The Old One.

Com a invocação do The Old One, um nevoeiro ameaçador varre a terra, libertando monstros e demónios que se banqueteiam com as almas dos mortais. Aqueles cujas almas lhes foram roubadas, perdem a cabeça restando-lhes apenas o desejo de atacar aqueles que saudáveis ficaram.

Agora, Boletaria está isolada do mundo exterior e os cavaleiros que se atrevem a penetrar no denso nevoeiro para libertar a terra do seu sofrimento, nunca mais são vistos. Na pele de um guerreiro solitário que se aventurou no funesto nevoeiro, os jogadores têm de superar o maior de todos os desafios para conquistar o título de “Assassino de Demónios” e enviar o The Old One de volta para o seu trono.

No entanto, o caminho é difícil e, quem conhece o jogo original saberá que isso não é apenas uma simples palavra, sem significado. O título original caracterizava-se por não dar tréguas e este remake encontra-se exatamente igual nesse aspeto. É “a maldição” dos Soul’s Like.


A Nova Geração

Na sua essência Demon’s Souls permanece praticamente intocado nas mecânicas principais. Isso irá certamente satisfazer muitos jogadores veteranos e fazê-los, talvez, lembrarem-se de velhas pragas rogadas quando jogaram pela primeira vez.

No entanto, a chegada de Demon’s Souls à Nova Geração (exclusivo da Playstation 5), surge com uma cara completamente lavada. Foram feitas vários melhoramentos gráficos ao jogo, especialmente ao nível de texturas e animações para tirar partido das novas capacidades gráficas (incluindo Ray Tracing) da Playstation 5 e tornar o jogo ainda mais rico e mais absorvente.

Os jogadores da versão original de Demon’s Souls, podem esquecer os velhos tempos de loading. Morrer e regressar ao Nexus é agora praticamente instântaneo.

Demon’s Souls nunca esteve tão tragicamente bonito como se encontra na Playstation 5 e isso traz alguns perigos consigo. Isto, porque o jogo dá ao jogador a responsabilidade total sobre as suas ações e, dada a nova riqueza visual que apresenta, convida-o constantemente a explorar cada canto de Boletaria. E como se costuma dizer, a “curiosidade matou o gato”.

Mas isso é também o que faz de Demon’s Souls um jogo glorioso. Independentemente do número de vezes que caímos, o orgulho e sensação de conquista quando conseguimos atingir o fim do nível é brutal. (e escassa também)

O modo Cinemático acaba por sofrer ligeiramente em termos de performance.

Por exemplo, é possível jogar Demon’s Souls em dois modos distintos: Modo Performance, com resolução de 1440p 2 60 fps estáveis e o Modo de Cinemático com 4K nativo, mas com um custo um pouco maior em termos de performance.

O Nexus será um dos exemplos dos aprimoramentos gráficos que Demon’s Souls recebeu. É um local soturno e pesado, mas criando um ambiente extremamente rico em detalhe, desde a água cintilante na “praça central” até às estátuas que a rodeiam e salões dos patamares superiores.

É um local que ganha uma sensação de homenagem e respeito, onde todos nós regressaremos mais cedo ou mais tarde, no decorrer das nossas missões.

O reino de Boletaria e inimigos que vamos encontrar, foram todos objeto de face lifting. Já não são apenas simples NPCs que temos de eliminar. Surgem agora como personagens mais palpáveis e que metem mais respeito. Imaginem o que irão sentir quando virem o Storm King a chegar por cima de vós pela primeira vez em 4K… não será apenas o DualSense a tremer certamente!

Quanto à velocidade de carregamento, creio não ser necessário dizer muito. Um dos aspetos que mais desesperava os jogadores no jogo original era precisamente o tempo de loading que Demon’s Souls apresentavam, tornando cada morte ainda mais enervante e desesperante. Contudo, como já tivemos várias ocasiões de revelar, na Playstation 5 as coisas são bem diferentes e graças ao SSD, quase nem se dá por tempos de carregamento.

Outra inovação, possível graças à nova consola e muito em particular ao DualSense, refere-se à maior sensação (no sentido físico) de perigo e excitação que o jogador sente, face ao que se passa no ecrã. Graças ao feedback háptico do DualSense, o jogador passa a sentir na pele a vibração despoletada por cada feitiço, cada ataque ou a cada ataque nosso defletido.

Por sua vez, o touchpad permite-nos um acesso rápido aos items que temos à cintura ou às mensagens para deixar nos mapas dos jogos.

Contudo isto, de lamentar a IA meio burra em muitas ocasiões… mas, por outro lado, ainda bem que assim é!


Personalizações para todos os gostos

Um dos principais pontos de realce deste Remake (ver aqui) é precisamente a inclusão de todo um novo e melhorado sistema de personalização do nosso herói.

Com efeito, no arranque do jogo, somos convidados a criar o nosso avatar e opções não faltam. Pode-se parametrizar quase tudo aquilo a que estamos habituados a fazer noutros jogos e daí o número de 16 milhões de combinações possíveis indicado por Gavin Moore, Diretor Criativo de Demon’s Souls.

Com tantas opções disponíveis, o próprio processo de criação do nosso personagem pode demorar algum tempo, mas gostaria de aconselhar-vos a fazê-lo, pois há opções mesmo muito interessantes.

Uma alteração implementada no jogo foi o limite ao número de consumíveis que podemos carregar. Pessoalmente, acho que pode haver o risco de muitos jogadores poderem vir a achar que se trata de uma medida demasiado castradora.

Gostei das novas adições de animações de finishes que, sem sombra de dúvida, tornam o final de cada combate mais realista e mais específico, tendo em atenção a arma escolhida.


Vamos tirar uma fotografia?

Por outro lado, o estúdio mostrou ainda o Modo Fotografia do jogo, que permitirá aos jogadores imortalizar triunfos e tragédias. Neste modo, os jogadores poderão ocultar ou mostrar armas e armaduras, e até eliminar a personagem do enquadramento para captar o cenário, adicionar filtros e até mesmo desfocar os amigos.

Para além disto, todos os filtros estão disponíveis durante o jogo fora do Modo Fotografia, incluindo uma opção para ajustar o brilho, o contraste e os níveis de cor de forma a tornar esta experiência o mais semelhante à do jogo original para a PlayStation 3.

A câmara, por seu lado, funciona bastante bem e apesar de permitir ajuste manual, acaba por se posicionar quase sempre na melhor posição para controlarmos o desenrolar da ação. Isso é importante, em particular, pela exigência que o jogo faz em termos de jogabilidade e concentração.


O lado mórbido da coisa

Tal como referimos inicialmente, independentemente da classe de guerreiro que escolhermos ao início, o jogo vai ser extremamente exigente para com o jogador. Em algumas ocasiões chega a ser desesperante e asfixiante.

É algo que provém do original e que, eventualmente poderia ter sido trabalhado, de forma a poder também, chamar a jogo novos jogadores que se encontram mais habituados ao facilitismo da atualidade.

Muitas serão as machas de sangue que derramaremos pelo caminho

Veredicto:

Demon’s Souls está de regresso! O jogo que marcou uma geração e que lançou raizes para muitos jogos seguintes, regressa de cara lavada e com o mesmo impeto e exigência de sempre.

Um jogo para quem gostou do original ou para todos os que apreciam RPGs de acção à antiga, antes do aparecimento de alguns tipos de facilitismo comuns nos dias de hoje.

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