Hoje de madrugada assistiu-se não só a um fantástico fenómeno geológico como a um espantoso fenómeno tecnológico-social, ou como eu lhe chamaria – Pplwarógico.
À 1h37 da manhã eis que sinto um enorme abalo no meu quarto, enquanto trabalhava num relatório bastante chato, pensando eu inocentemente que se trataria de “vento a mais na rua”, comecei a ficar de coração apertado quando sinto o soalho a deslizar literalmente debaixo dos meus pés.
Um grande susto, susto esse que demorou bastante tempo (quando se fala de terramotos, alguns minutos é muito tempo!) a ser noticiado nos sites de notícias ou mesmo no site do Instituto de Meteorologia.
É claro que o meio de propagação campeão foi o Twitter, seguido logo pelo Facebook e por último o Youtube. Leiam mais sobre o impacto causado pela reunião social de um país inteiro à volta deste grande acontecimento: “O Sismo de 2009”.
Depois do grande abalo (muito por causa do facto de estar num 3º andar de uma casa já antiga) que até uma racha fez no meu tecto, corri ao encontro dos meus colegas aqui de casa que, acabando por ter a mesmíssima reacção, procuravam a confirmação do facto sucedido.
“Sentiste?”, deve ter sido por esse país fora a frase mais usada entre amigos e familiares. Uns já a dormir acordaram ao sentir a instabilidade da cama, mesmo sem doses de álcool no sangue, outros como eu, embrenhados na recta final académica ou no seu trabalho profissional, sentiram tudo “a abanar”. Uma sensação semelhante a andar sobre um barco em alto mar. Literalmente.
O site do Instituto de Meteorologia, em baixo… Sites noticiosos, nada… mas que raio… Como não me lembrei antes? Twitter, pois claro!
Já passavam uns largos 10 minutos desde o abalo quando me lembrei de consultar o meu Twitter… mas que montanha de tweets! Terramoto para aqui, sismo para ali, tremor de terra para acolá, sem dúvida, as expressões da noite!
Quando vi a minha timeline repleta de testemunhos acerca do sismo pensei: “Caramba, isto é mesmo o século XXI!”. Não dava para acreditar na montanha de gente reunida naquele espaço virtual, partilhando a sua própria experiência, fazendo piadas engraçadas, outras nem tanto, ou mesmo relatando as últimas novidades.
Estando eu em Lisboa, tratei de perguntar a mais gente se também tinham sentido. Responderam de Faro… Uau, a uma escala nacional, assim parecia. E assim foi.
Surgiu-me a ideia de fazer uma pesquisa de expressões no Twitter. Todos os tweets que contenham a expressão “sismo” ou “terramoto” ou “tremor de terra”.
Acompanhar em tempo real as reacções ao #sismo#terramoto: http://search.twitter.com/search?q=sismo+OR+terramoto+OR+%22tremor+de+terra%22
Começaram por ser centenas de tweets gerados nesta pesquisa, mas rapidamente passaram para os milhares. Em cerca de 10 segundos, 50 novos tweets apareciam. A uma velocidade estonteante. Alguém partilhava algo interessante e grande parte dos seus followers fazia retweet (reenviava) aos seus amigos. E assim sucessivamente, uma autêntica propagação de informação em cadeia.
Foi por lá que soube imediatamente toda a informação noticiosa. Pelos vistos o site do IM estava em baixo devido ao volume excessivo de acessos simultâneos!
Porque hoje em dia…
RT @contrafactos: Antes, qd se sentia um sismo corria-se para a rua, agora corre-se para o twitter.
Mais uma vez, bem-vindos ao século XXI. Tem coisas más, mas também tem outras muito boas. E rápidas.
Sismo com magnitude de 6.0, ver informação geológica aqui: http://bit.ly/8FFUWW
Uns minutos mais tarde já se encontravam algumas respostas a inquéritos de intensidade e posterior cálculo da intensidade na escala de Mercalli.
Respostas de quem sentiu o terramoto + Escala de Mercalli: http://bit.ly/8vSsvW #terramoto #sismo tremor de terra
E ainda mais informação geológica, para os mais interessados.
RT @PauloQuerido Boa!! RT @alexmartins: Como se espalharam pelo resto do mundo as ondas primárias do sismo: http://bit.ly/5ZQEhZ #sismopt
E por aí fora… seriam dezenas e dezenas de tweets por minuto, sem parar, uns mais engraçados, outros mais sérios, mas tudo à volta de um mesmo tema: o Sismo.
Foi nalguns desses tweets que acabei por ter conhecimento do envolvimento de outras redes sociais como o Facebook e o Youtube.
Houve ainda quem tivesse criado uma t-shirt propositada para o acontecimento…
Impressionante não é? De facto, está mesmo à venda aqui.
Mas no fim de tudo isto, sobrevivemos. Até agora nenhuma agência noticiosa relatou qualquer tipo de incidência. E em honra da tal vitória, eis que surge um curioso grupo no Facebook:
Até já há um grupo no Facebook para quem sobreviveu ao #sismo #terramoto! http://bit.ly/7nLP1q
De facto, achei tanta piada ao grupo do Facebook “Eu Sobrevivi ao Sismo de 2009 !“, que desde logo decidi pertencer ao mesmo. Comigo eram pouco mais de 100 pessoas. E, tal como podem observar no mural (comentários) do mesmo, o tema é óbvio.
Fiquei mesmo espantada quando, ao fim de 2h, o grupo já contava com mais de 1.000 aderentes! Estamos a falar de 3h e 4h da madrugada! Agora, quase às 6h, já conta com quase 1.500 aderentes.
Como seria de esperar, houve pessoas que nem sentiram o sismo. Por isso não demorou muito até surgir ainda outro grupo no Facebook. Porque as “Pessoas que não sentiram o Sismo de 16 de Dezembro de 2009” (de facto é dia 17) também têm direito a um!
Grupo Facebook: Pessoas que não sentiram o Sismo de 16 de Dezembro de 2009, há com cada um!http://bit.ly/91vHpF
Embora menos pessoas, conseguiram chegar aos 100 aderentes. Umas mais tristes que outras, por não sentirem o tão falado Sismo, mas mesmo assim, aquelas que o sentiram, não se importavam de o sentir mais uma vez.
RT @Smaisidoro Peço desculpa, mas tenho mesmo de twittar isto ! Grupo no facebook “Queremos uma Réplica” XD http://tinyurl.com/ybze37s
Parece impossível mas sim, houve quem adorasse sentir a casa como gelatina! Queremos uma réplicazinha… dizem eles. No mínimo, hilariante.
Youtube
Não podia faltar a cobertura audiovisual. Não é que ela seja grande coisa, como verão, mas foi de facto a primeira reportagem acerca do sismo em todo o território nacional! E claro, soube pelo Twitter:
RT: @MemoPortuguesa Última hora no YouTube! Jovens a jogar PES num sótão de Oeiras pensam que sismo eram os pais “a fazer cenas” http://bit.ly/8fz6Uw #sismopt
Deixo-vos então o vídeo intitulado “Após sismo no sótão!”
E finalmente temos uma pista acerca do que causou o abalo desta madrugada: “Eu pensava que eram vocês que tavam a fazer cenas “. Muito bem, sim senhor!
E pronto, chega por hoje. Foi realmente um dia (noite) sem exemplo, em que a vontade noticiosa se apoderou da minha pessoa e não pude deixar de partilhar convosco estas situações caricatas, desde o mais baixo até ao mais alto grau de seriedade, e mostrar-vos quão poderosas podem ser as redes sociais e o papel importantíssimo que têm e continuarão a desenvolver durante esta nossa era tecnológica.
É a união entre o ser humano e a tecnologia: