Ligações Wireless Outdoor – quais os limites?
Ora aqui um assunto pela qual muita das vezes sou abordado. Uma vez que as redes sem fio são actualmente uma das tecnologias mais usadas é normal estarem por todo o lado. Actualmente a moda é montar redes comunitárias pelas aldeias/vilas/cidades fora e dar conectividade a toda a gente. Talvez seja este um passo para acabar com a infoexclusão.
Por norma as redes wireless em Portugal funcionam na gama dos 2,4 Ghz sendo que a frequência dos 5Ghz segundo consta está reservada a marinha portuguesa. A maioria dos equipamentos operam na frequência dos 2,4 GHz pelo que por exemplo em ligações ponto a ponto torna-se necessário colocar os equipamentos a funcionar em outras frequências não licenciadas para fugir as interferências.
Como este é sempre um tabu nada melhor que perguntar a quem regula este tipo de assuntos. Como entidade reguladora temos em Portugal a Anacom (http://www.anacom.pt).
Segundo a Anacom, em Portugal é possível estabelecer ligações wireless na faixas das seguintes frequências:
- 2400-2483.5 MHz para RLAN, 5150-5350 MHz; - 5470-5725 MHz e 17.1- 17.3 GHz para HIPERLAN;
Todas as entidades (empresas, privados, etc) que pretendam oferecer redes e serviços de comunicações electrónicas, acessíveis ao público, mesmo que recorrendo à utilização de frequências actualmente isentas de licenciamento, devem enviar previamente à ANACOM uma descrição sucinta da rede (indicando o âmbito geográfico de cobertura e a tecnologia a utilizar) ou serviço cuja oferta pretendem iniciar, bem como comunicar a data prevista para o início da actividade.
Note-se que as empresas devem revestir a natureza de pessoa colectiva regularmente constituída (por exemplo, sociedades comerciais).
As estações radioeléctricas que operam nestas faixas estão isentas de licenciamento, devendo a sua utilização estar estritamente de acordo com as especificações que constam do Aviso publicado na 3ª série do Diário da Republica nº 168, de 23 de Julho de 2003.
Resumindo:
- Pode-se usar livremente a faixa de frequência 2400-2483,5 Mhz. O limite de potência à saída não deve ultrapassar os 100 mW
-Pode-se usar livremente a faixa de frequência 5150-5350 Mhz e 5470-5725 Mhz com um limite de potência de 200 mW e 1W respectivamente.
Para quem pretender saber mais sobre Licenças Radioeléctricas pode ver aqui
Este artigo tem mais de um ano
E em kms? Limites? 😛
Boas! Os km’s alcançados dependem da potência de transmissão utilizada pelo equipamento e pelo ganho da antena (em dBm, decibéis de miliwatt). É desejável ter o maior ganho possível nas antenas e o menor possível no equipamento (a maioria dos equipamentos off-the-shelf não permitem a configuração da potência de saída) para que se aumente a distância, pois a ANACOM regula sobre a potência de sinal transmitida no ar mas não na que se pode ganhar na recepção (enquanto que o equipamento activo apenas contribui para os cálculos da distância com a potência injectada, as antenas contam para a injectada e recebida…logo o ganho é a duplicar). Também se deverá ter em atenção que quanto maior for a sensibilidade do equipamento receptor maior poderá ser a distância percorrida pelo sinal (o ideal é de -80 a -90dBm [sim, menos… é um valor positivo na mesma por estamos numa escala logarítmica]).
Em suma, poderemos ter ligações na ordem das dezenas de km utilizando a faixa de frequência dos 5GHz, com os cuidados necessários que referi… (apenas a 1Mbit/s) Mas, idealmente, com uma ligação de largura de banda a 54Mbits, apenas 3 km.
Ora, recomendo que para ligações de longa distância e ponto-a-ponto se utilize os 5GHz e para a distribuição entre os clientes se utilize os 2.4GHz. A gama de frequência dos 5GHz padece de menos interferência e consegue alcances de maior distância, enquanto que a dos 2.4GHz é mais limitada mas tem maior desvanecimento sobre os obstáculos.
Cumprimentos,
Rodrigo Selada
Quando comecei a ler este artigo até pensei que tivesse sido escrito por ti…
EI @ ESTG
Vou tomar isso como um elogio, pois o artigo está mto bem redigido :PPP e é bom ser identificado com a temática. 🙂
Cumps,
Rodrigo
Olá Rodrigo, aqui em Portugal onde posso adequerir uma antna dessas?
mais propriamente entre lisboa e setuabl.
obrigado
ERRATA AO MEU COMENTÁRIO:
No último parágrafo pretendo dizer:
“…enquanto que a dos 2.4GHz é mais limitada mas tem menor desvanecimento sobre os obstáculos.”
+1
Nao existe limites de Km´s…
Existe uns record´s que ronda os 25km…
O record é de 382km numa montanha da Venezuela com uma antena do tamanho de uma parede (logo, um ganho (dBm) enorme) a 3Mbits.
Os valores que referi são os inteligíveis no âmbito do post, logo, dentro da legalidade portuguesa.
Há inúmeros pormenores. Por exemplo, a partir dos 26km a própria curvatura da terra torna-se um problema, pois existe uma elipse de revolução entre as atenas (e não um feixo directo como se de um laser se tratasse) que não pode ser obstruida em mais de 40% (e idealmente em mais de 20%)… para contornar este problema, deve-se colocar as antenas em torres cada vez mais altas… e ñ me parece q vás colocar uma antena numa torre mais alta que o sino da aldeia.
Cumps,
Rodrigo
Boa intervenção Rodrigo !!!
Obrigado
Pedro Pinto
Em seguimento do que o Rodrigo referiu e muito bem, normalmente quando falamos em antenas as pessoas têm por tendencia perguntar logo quantos Km fazem. Bem quanto a resposta é sempre uma incognita pois podem existir muitas condicionante. Por exemplo numa YAGI, segundo os teste de laboratorio da Cisco, se colocarmos um ritmo de transmissão de 2 Mbps conseguimos aproximadamente 12 Km enquanto que se definirmos uma transmissão a 11 Mbps conseguimos um alcance de 3km..MAS ATENÇÃO..estes são valores “PERFEITOS” de testes realizados em cenários “PERFEITOS”
[off topic]
Boas
ja saiu a versao final do iphone.
abraços
Só vens atrasado práticamente 24h.
Mas não há crise. A malta agradece o aviso. 😉
Boas,
uma vez que já montei uma rede comunitária na minha aldeia, já estava mais ou menos a par desta informação. Agora o que ainda não percebi, e já perguntei a muita gente e obtive respostas diferentes, é se a potência máxima permitida para as RLAN’s tem em conta os ganhos das antenas?! A antena é ou não um elemento passivo, uma vez que não tem alimentação própria?
Se o ganho das antenas conta, o limite de 100mW (20 dB’s) é facilmente ultrapassado com um AP de 15dB’s com uma antena superior a 5dB’s, o que não dá propriamente para grandes distâncias (pela minha experiência diria cerca de 1-2 Kms na melhora das hipóteses).
Boas!
Como referi no meu 1º comentário, o ganho da antena conta para o limite PIRE (Potência Isotrópica Radiada Efectiva), logo, a potência injectada pelo equipamento + o ganho da antena não deve, nem pode, ultrapassar os 20dBm nos 2.4GHz e 30dBm nos 5Ghz.
Em relação ao 2º parágrafo, experimenta fazer como disse.. o equipamento a emitir 5dBs e a antena com 15dBs (aliás, até podes por mais de 5 + 15, pois vais perder pelos menos 3dBm nos cabos e conectores entre o equipamento e antena… por isso poderia ser 5 – 3 + 18 = 20dBm 😀 ) e vais ver que o sinal melhora significativamente. Mais, melhor ainda é usares a gama dos 5GHz, onde podes usar um PIRE maior e a Zona de Fresnel (a tal elipse de revolução) é menor 😀
Boas,
também ainda andas nestas lides 🙂
Bem, se dizes que o ganho da antena conta para o PIRE e é isso é que conta… então é porque não é passivo, não?
Tenho de experimentar reduzir a potência do Fonera e experimentar de novo a minha antena caseira com um prato de parabólica por trás 🙂
Eu diria passivo, pois não altera(modula)/amplifica sinal… apenas faz com que mude de meio (cabo para o ar e vice-versa) e utiliza-o como convém através de dar maior ou menor direccionalidade de emissão e diferentes tipos de sobreposição das ondas (as distâncias nas grelhas das antenas parabólicas são específicas, como por ex. 1/4 de comprimento de onda da frequência em utilização, não é aleatório ou estético).
Eu não consegui respostas para essa pergunta… e já tive bastante interessado nela. 😐 Independentemente disso a PIRE calcula-se com a antena.
Cumps,
Rodrigo
Olá Courela! Nem reparei que eras tu… adicionei-te no MSN no início do meu projecto.. sou amigo do Tenreiro. Ora, tb ñ entendi ainda se as antenas são equipamentos passivos… no meu entender sim, se bem que acho q vi num artigo de legislação em que o enunciava como activo. Independentemente do tipo de elemento, conta para os limites a PIRE é medida “no ar”, à saída da antena.
Cumps,
Rodrigo
Boas pessoal, aqui tem um artigo bastante interessante.
Mas também podem tirar mais duvidas no Movimento Wireless Português.
De qual existem comunidades wireless espalhados pelo pais fora.
http://wireless.com.pt/portal/
um site que me parece bastante interessante sobre o calculo do link budget
esqueci-me do link:):)
http://www.qsl.net/pa0hoo/helix_wifi/linkbudgetcalc/wlan_budgetcalc.html
Dentro deste tema das comunicações wireless: o que é necessário para um PC “emitir”, em estilo broadcast, mensagens por bluetooth para telemóveis? Há algum programa gratuito para isso?
Obrigado
Eu só me falta um lance de menos de 500 m, mas tenho, na linha recta, 100m de pinhal/eucaliptal cerrado. E não há volta a dar mesmo com 1 intermédio. É só para familiares e amigos (mas quantos + melhor) e total e completamente ilegal, não-registado, não manifestado, etc.
Mas isto é um sítio tão remoto, arborizado, e de casas tão dispersas, e de relevo não despresível, que ninguém vai lá procurar coisas dessas.
Qual a solucção possivel (se existe), mesmo que só a 1 Mb/s
José Simões
Boas!
Pois… o Wi-Fi não faz milagres :-\ Imagino que não possas subir mais as antenas… se por um lado os 5Ghz tem uma zona de Fresnel menor (mais estreita, e por isso seria menos bloqueada pela arborização), por outro tem uma sensibilidade menor a esses obstáculos… se já tentaste com as duas frequências e não podes subir mais as antenas, não me ocorre nada que solucione… 🙁 além de utilizar uma potência maior no equipamento e antenas direccionais de alto ganho.
Viva.
Pesquisa por “homemade wi-fi antennas”, já vi algumas latas de batatas de pringles a funcionarem como antenas mais poderosas do que aquelas que vêm com routers mais fracos.
Acho que já tinha ouvido isto em algum lado 😉
Bom post, dá para relembrar bem a aula
Bom artigo,
..e ja agora quando puderes podes escrever um artigo sobre Os campos electromagnéticos presentes nas redes wifi que podem provocar problemas de saude?
obgd
Boas!
Essa é uma boa questão… acho q ñ há respostas conclusivas… mtos estudos contraditórios e tal… Eu tenho o wireless em minha casa desligado… mas admito que é pura paranóia… pois bem o posso desligar que sou todos os dias atravessado por radiações de antenas de rádio, TV, serviços de emergência e Wi-Fis por aí… sem falar das redes de TMV e sinais de satélites como GPS e outros… enfim… 😛 Até junto de um forno microondas recebes radiações dezenas ou centenas de vezes superior ao de um sinal wireless (daí se perder sinal Wi-Fi junto a um microondas em funcionamento)
Cumps,
Rodrigo Selada
Bem, uma coisa é certa, bem não faz.
Eu acho que é capaz de causar problemas de saúde, embora a longo prazo. Digo isto por causa dos cabos de alta tensão. Não sei se está provado ou não, mas casos de cancro em famílias que habitam perto destes postes têm andado nas notícias de todo o mundo. O que afecta as pessoas são os campos eléctricos e campos magnéticos e estes estão presentes em qualquer radiação.
Não deverá faltar muito para se saber, uma vez que as frequências dos telemóveis já estão muito perto dos 2.4Ghz.
Boas. Eu tenho 1a duvida, no meu caso queria poder ligar 1 PC em rede que esta a 4 km de minha casa mas tem algumas casas e arburedo pelo meio, qual a melhor soluçao?? se me poderem aconselhar as antenas a utiizar, e que nao percebo quase nada de antenas.
Obrigado
Vai ser muito difícil. Terás de colocar as antenas num local muito alto para a elipse de revolução da transmissão do sinal não ser obstruída em mais de 40% (Zona de Fresnel).
Consulta os fóruns/tutoriais que listaram neste post. É o melhor sítio para obteres ajuda 🙂
Cumps,
Rodrigo Selada
Venha mas é o Wimax….
O Wimax é uma tecnologia com grandes patrões por trás mas q tirando o Japão falhou redondamente em todo o lado.
A malta tem se virado mais para o UMTS.
Se os governos subsidiarem o acesso à banda larga nas zonas pouco povoadas o wimax será a solução.
Noutra circunstância é uma solução sem problema.
José Simões
Parabéns pelo assunto de qualidade, fica com Deus..