O intuito desta ação engenhosa, seguramente não foi a pensar no desenvolvimento tecnológico, mas, apesar da batota, o conceito é muito interessante. Assim, o que mostramos agora é um hack secreto, aplicado à calculadora, que permite colocar o ChatGPT ao serviço dos estudantes. Sim, sem ninguém saber!
Calculadora com ChatGPT… sem o “prof” dar conta
Em uso está a popular calculador gráfica TI-84, da Texas Instruments. Muitos estudantes usam-na com frequência para as aulas e exames. O dispositivo instalado na TI-84 permite aceder à Internet, Wi-Fi e ao chatbot de IA.
Na semana passada, um youtuber chamado “ChromaLock” publicou um vídeo onde ele detalhava como era possível modificar uma calculadora gráfica TI-84 da Texas Instruments para esta se ligar à Internet e ter acesso ao ChatGPT da OpenAI. Bom, esta porta potencia, claro, a batota, principalmente porque cada vez mais os alunos já são amigos íntimos do ChatGPT.
O vídeo, intitulado “I Made The Ultimate Cheating Device”, demonstra uma modificação de hardware personalizada que permite aos utilizadores da calculadora gráfica escrever problemas enviados para o ChatGPT utilizando o teclado e receber respostas ao vivo no ecrã.
ChromaLock começou por explorar a porta de ligação da calculadora, normalmente utilizada para transferir programas educativos entre dispositivos. De seguida, concebeu uma placa de circuitos personalizada a que chama “TI-32”, que incorpora um pequeno microcontrolador com Wi-Fi, o Seed Studio ESP32-C3 (que custa cerca de 4 euros), juntamente com outros componentes para fazer a interface com os sistemas da calculadora.
Vale a pena notar que o hack da TI-32 não é um projeto comercial. Replicar o trabalho do ChromaLock implicaria comprar uma calculadora TI-84, um microcontrolador Seed Studio ESP32-C3 e vários componentes eletrónicos, e fabricar uma placa de circuito impresso personalizada com base no design do ChromaLock, que está disponível online.
Não é fácil fazer este hack, mas é desafiador
O criador afirma ter-se deparado com vários desafios de engenharia durante o desenvolvimento, incluindo incompatibilidades de tensão e problemas de integridade do sinal. Depois de desenvolver várias versões, a ChromaLock instalou com êxito a placa personalizada na caixa da calculadora sem quaisquer sinais visíveis de modificações no exterior.
Para acompanhar o hardware, a ChromaLock desenvolveu software personalizado para o microcontrolador e a calculadora, que está disponível em código aberto no GitHub. O sistema simula outra TI-84, possibilitando que as pessoas utilizem os comandos “send” e “get” incorporados na calculadora para transferir ficheiros.
No fundo, isto permite ao utilizador descarregar facilmente um programa de lançamento que dá acesso a várias “applets” concebidas para fazer batota.
Uma das applets é uma interface ChatGPT que pode ser mais útil para responder a perguntas curtas, mas tem a desvantagem de ser lenta e incómoda para escrever perguntas alfanuméricas longas no teclado limitado.
Para além da interface ChatGPT, o dispositivo oferece várias outras ferramentas de batota. Um navegador de imagens permite aos utilizadores aceder a recursos visuais pré-preparados armazenados no servidor central. O navegador de aplicações permite que os alunos descarreguem não só jogos para entretenimento pós-exame, mas também folhas de cábulas baseadas em texto disfarçadas de código-fonte de programas.
O ChromaLock até deu a entender que vai apresentar um vídeo futuro sobre uma funcionalidade de câmara, embora os pormenores fossem escassos na demonstração atual.
O youtuber afirma que o seu novo dispositivo pode contornar as medidas antibatota comuns. O programa de lançamento pode ser descarregado a pedido, evitando a deteção se um professor inspecionar ou limpar a memória da calculadora antes de um teste. A modificação também pode, supostamente, fazer com que as calculadoras saiam do “Modo de Teste”, um estado de bloqueio utilizado para evitar a batota.
Embora o vídeo apresente o projeto como um feito técnico, consultar o ChatGPT durante um teste na sua calculadora representa quase de certeza uma violação ética e/ou uma forma de desonestidade académica que o pode colocar em sérios problemas na maioria das escolas. Portanto, tenha cuidado, estude muito e lembre-se de comer as ervilhas… fazem bem à saúde!