Pela primeira vez, o Ministério do Comércio da China anunciou alterações políticas em documentos acessíveis apenas por via do WPS Office, a resposta do país asiático ao Office da norte-americana Microsoft.
Na semana passada, o Ministério do Comércio da China emitiu novos documentos sobre controlos de exportação de terras raras. Contudo, ao mesmo tempo que estes marcaram uma escalada do conflito entre os Estados Unidos e o país asiático, representaram outro problema, quase em jeito de provocação.
Os documentos emitidos pela China não puderam ser abertos com o Microsoft Word ou qualquer outro processador de texto americano. Pela primeira vez, o Ministério do Comércio usou um formato de arquivo que funciona exclusivamente com o WPS Office, o equivalente chinês ao pacote da Microsoft, de acordo com o South China Morning Post.
Desenvolvido pela empresa de software Kingsoft, com sede em Pequim, na China, o WPS Office usa uma estrutura de codificação diferente do Microsoft Office. Por isso, os arquivos de texto WPS não podem ser abertos diretamente no Word, sem conversão.
Embora o ministério divulgasse documentos de texto no formato Microsoft Word, anteriormente, parece estar a enviar um aviso aos Estados Unidos.
O WPS Office é uma suíte de escritório em C++ que roda em plataformas Windows, Linux, Android e iOS. Criado pelo desenvolvedor de software chinês Kingsoft, dá forma a um conjunto de softwares, nomeadamente WPS Writer, WPS Presentation e WPS Spreadsheet.
Um aviso aos Estados Unidos?
Esta mudança aparentemente simples, que visou o formato dos documentos emitidos pela China, ocorreu entre tensões comerciais crescentes entre os dois países, que têm visto o país liderado por Donald Trump a usar a sua vantagem tecnológica como alavanca.
Depois do anúncio da China sobre os novos controlos de exportação de terras raras, o Presidente dos Estados Unidos ameaçou que o país restringiria a exportação de “todo e qualquer software crítico”.
Esta mudança no software deverá servir de aviso aos Estados Unidos, mas reforça, também, a procura pela autossuficiência tecnológica que a China tem protagonizado, especialmente em relação às soluções norte-americanas.