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O sistema Android continua fragmentado e pouco melhorou com o Project Treble

O Project Treble foi apresentado pela Google em maio de 2017 para acabar com a fragmentação do sistema operativo Android. Um dos principais flagelos que sempre o afetou. Em 2019, cerca de dois anos depois o cenário continua igual, senão mesmo pior em alguns casos, tal como aponta um novo estudo.

Estará a Google condenada a ver o seu sistema operativo Android cada vez mais fragmentado?


Já se passaram mais de dez anos desde que a Google apresentou o seu sistema operativo para dispositivos móveis. Desde então, sendo um open source, é utilizado por milhares de fabricantes e está presente em milhões de dispositivos móveis (smartphone e tablets) em todo o mundo.

 

A fragmentação do sistema operativo Android

Este é o sistema operativo mais popular, mas também o mais fragmentado. Algo que em nada engrandece a Google e que esta tenta resolver, até ao momento sem sucesso, tendo até o fenómeno se agravado nos últimos anos.

Porque é que a fragmentação do sistema assusta tanto? E, será uma ameaça assim tão grande?

Para explicar o fenómeno urge olhar para a calendarização da Google que todos os anos nos apresenta uma nova versão do sistema operativo Android.

A mais recente sendo o Android Pie 9.0, uma versão que provavelmente ainda não chegou ao seu smartphone ou tablet. Aliás, pode até nunca vir a chegar, especialmente se o seu dispositivo já tiver dois ou mais anos. O pior de tudo? Já se fala no Android Q, a décima versão deste sistema operativo que deverá ser apresentada em maio próximo, durante a Google I/O 2019.

 

Todos os anos, a Google lança uma nova verão do sistema operativo Android

Todos os anos as fabricantes têm que atualizar dezenas ou mesmo centenas de dispositivos móveis. Algo que escusado será dizer, não acontece na maior parte dos casos. Aliás, neste momento os dispositivos de topo usufruem de dois anos de atualizações de sistema, por via da regra.

Existindo, claro, algumas boas exceções como é o caso da HMD Global (Nokia) ou da OnePlus, mas até mesmo estas têm que correr para acompanhar o ritmo da Google. Uma tarefa que carece de tempo e recursos e que ainda não é uma prioridade transversal a todas as fabricantes.

E se o seu dispositivo tiver mais de dois anos e/ou se não for um topo de gama… Bom, aí já sabemos o desfecho.

 

Qual é o problema da fragmentação no Android?

O fenómeno da fragmentação é de fácil compreensão quanto às suas causas. São muitas versões do sistema, são mais ainda os equipamentos e pouca a vontade ($) de os atualizar. Contudo, qual é o problema do meu smartphone ou tablet estar desatualizado?

Com as fabricantes a demorarem largos meses desde que a nova versão é disponibilizada pela Google, até que esta chega aos utilizadores, uma boa parte destes deixa de se importar. Outra parte pode resignar-se ao atual status quo ou procurar soluções na esfera iOS.

Vamos simplificar o assunto. Pode até não se importar com as mudanças de aspeto na interface (UI). Por vezes pouco muda e isto é um ponto puramente superficial e subjetivo. Contudo, são os aspetos orgânicos do sistema, as otimizações e correções de segurança que justificam a atualização do sistema.

 

Ainda que nada mais interesse, há o reforço da segurança do sistema

Note-se que não são as simples correções introduzidas pelos patches mensais. Se assim fosse estaríamos perfeitamente tranquilos. Contudo, há boas razões para querer ter a mais recente versão do sistema operativo da Google no seu terminal. A segurança é a razão primordial, ainda que não se importe com as novas funções ou novo design.

Em suma, é por motivos de segurança que deve exigir da sua fabricante um bom suporte de software pós-venda. Não basta lançar um smartphone com uma versão recente, é preciso manter o dispositivo atualizado durante pelo menos dois anos.

 

E a solução do Project Treble?

Em 2017 a Google quis simplificar todo o processo de atualização do seu sistema operativo. De uma forma muito sucinta, o conceito é separar a implementação do fornecedor – o software específico de base, escrito em grande parte pelos fabricantes do hardware – da estrutura do sistema operativo Android – escrita pela Google.

 

A solução prometia simplificar todo o processo de atualização, até mesmo para as marcas que simplesmente não se importam com isto. As marcas, ou melhor, os fabricantes de dispositivos podem optar por entregar uma nova versão do Android aos utilizadores apenas atualizando a estrutura do sistema operativo Android.

Desta forma, não há nenhuma necessidade de trabalho adicional por parte dos fabricantes de componentes.

 

Qual o impacto atual do Project Treble?

Estando presente em todos os dispositivos lançados com o Android Oreo 8.0 ou superior, o Project Treble está assim presente em todos os equipamentos mais recentes. Por conseguinte, seria de esperar uma melhoria na velocidade de atualização para, por exemplo, o novo Android Pie 9.0.

A propósito, vejam-se as conclusões da publicação ComputerWorld. Em análise está o intervalo de tempo entre a disponibilização do Android Pie e a sua chegada aos smartphones, neste caso, topos de gama da atual e anterior geração.

Os dados apuram o número de equipamentos que receberam a atualização (9.0) até ao dia 14 de fevereiro de 2019. Referem-se à realidade norte-americana e apuram o tempo de espera, medido em dias.

 

 

De acordo com os dados revelados pela fonte, as construtoras aumentaram o tempo de espera (para os utilizadores) pela nova atualização. Um aparente contra-senso uma vez que o Project Treble prometia mitigar isto mesmo. Neste ponto, a grande exceção foi a Samsung que entregou a atualização de forma mais expedita.

 

O Project Treble da Google não mitigou a fragmentação do Android

A Google sendo a óbvia exceção e o pior exemplo sendo a LG, Motorola e HTC. Estas três, demoraram mais a entregar o Android Pie do que o Android Oreo no mercado norte-americano. Já em seguida podemos ver a mesma análise, aplicada agora à geração anterior de smartphones topo de gama.

Em suma, se a atual geração de smartphones topo de gama (flagships) só agora começou a receber o Android Pie, na sua grande maioria, a geração anterior continua à espera. De todas as marcas analisadas pela fonte, apenas a OnePlus e a Google quebram este paradigma.

Ainda assim, é notório o aumento do tempo de espera pela distribuição aos utilizadores da mais recente versão do sistema operativo Android. Algo que afetou todas as fabricantes, até mesmo a norte-americana Google e a chinesa OnePlus.

Pode o Project Treble ser considerado algo que não um fracasso? E, nesse caso, a quem pode ser atribuída a culpa?

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