Na Alemanha, os dias da Volkswagen não têm sido fáceis, com conversações a decorrerem e decisões complexas a precisarem de ser tomadas. Agora, o ministro da Economia apelou à empresa para acelerar o lançamento de carros elétricos mais baratos.
Na Cimeira da Indústria do Handelsblatt, em Berlim, na sexta-feira, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck (dos Verdes), manifestou dúvidas quanto à possibilidade de o país cumprir a eliminação progressiva do carvão até 2030.
Quando questionado se a data está em causa, respondeu que “para mim, a segurança energética tem sempre prioridade absoluta”.
Não podemos correr o risco de criar uma situação como a que ocorreu após a perda do gás russo pelas nossas próprias decisões políticas.
Na sua perspetiva, as centrais elétricas a carvão só poderão ser eliminadas quando houver capacidade suficiente no mercado para garantir a segurança. Além disso, as autoridades devem encorajar as pessoas a mudar para a mobilidade elétrica, por via de subsídios à compra e incentivos fiscais.
Importa, também, segundo disse, estimular o mercado de segunda mão, pelo que está a considerar um subsídio de 100 euros para inspeções profissionais de baterias de carros elétricos usados.
Na mesma linha de pensamento de Robert Habeck, está o SPD, outro partido da coligação governamental. Este quer estimular a procura, por meio de um vale “made in Germany” (em português, “feito na Alemanha”) para os automóveis elétricos produzidos no país.
É simples e fácil de implementar: compre-o, declare-o nos seus impostos, receba um subsídio diretamente na sua conta.
Volkswagen deveria ter carros para o povo
Na mesma intervenção, citada pela imprensa, Robert Habeck apelou à Volkswagen para acelerar o lançamento de novos automóveis elétricos mais económicos.
O seu nome é Volkswagen [carro do povo] e não Luxuswagen [carro de luxo].
Na sua opinião, o mercado só se tornará mais dinâmico quando existirem modelos de 20 mil euros que todos possam pagar.
Atualmente, o automóvel elétrico mais barato da Volkswagen é o compacto ID.3, do segmento C, que tem um preço inicial de cerca de 30.000 euros antes dos subsídios, na Alemanha. No início de 2026, o catálogo crescerá com o ID.2, do segmento B, que deverá começar abaixo dos 25.000 euros.
Ao contrário do ID.3, fabricado na Alemanha, o futuro utilitário será fabricado em Espanha.
A Volkswagen confirmou há alguns meses que está, também, a trabalhar num carro elétrico de 20.000 euros, previsto para 2027. Tal como o ID.2, o futuro modelo (conhecido na imprensa como ID.1) será fabricado fora da Alemanha devido aos elevados custos de mão de obra.
Apesar dos planos, quando o ID.1 chegar ao mercado, espera-se que rivais como a Renault e a Stellantis já tenham propostas elétricas a rondar os 20.000 euros: Dacia Spring, Renault Twingo e o Leapmotor T03. Este potencial atraso poderá deixar a Volkswagen vulnerável.