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Turismo submersível: uma aventura no fundo do mar para os que não olham a preços

Para aqueles a quem a carteira pesa, o lazer escala para uma dimensão estranhamente extravagante. As expedições aos destroços do Titanic estão inseridas naquilo a que se chama turismo submersível, uma modalidade destinada àqueles que a superfície já não contenta.


Pode parecer uma despesa descabida, contudo, para os aventureiros mais ricos, uma viagem submersível não é assim tão meandroso. Por exemplo, o magnata Hamish Harding, que se encontrava entre as cinco pessoas que viajaram, recentemente, no Titan, era um ávido aventureiro: antes dos destroços do Titanic, já havia explorado o fundo do Polo Sul e a Fossa das Marianas, bem como participado no quinto voo espacial da Blue Origin.

Estas são as pessoas que escalaram os sete picos, atravessaram o Atlântico no seu próprio barco…

Explicou Roman Chiporukha, cofundador da Roman & Erica, uma empresa de viagens para clientes muito ricos, com quotas anuais a partir de 100.000 dólares.

Erica Jackowitz e Roman Chiporukha. Fotografia: Roy Rochlin | Fonte: Luxury Travel Advisor

Segundo o The Washington Post, o empresário acrescentou que as férias típicas, como uma ida à praia na Riviera italiana ou a St. Barts, “não são suficientes para eles”.

Aliás, embora os valores sejam, para a maioria dos mortais, exorbitantes, o fundador da empresa de viagens de luxo Brown and Hudson, Philippe Brown, disse que há uma longa lista de espera para a experiência com o submersível da OceanGate Expeditions.

Afinal, o que é isso de turismo submersível?

Um submersível é um tipo de embarcação que pode viajar debaixo de água e que é, normalmente, concebido para investigação e exploração com ou sem pessoas a bordo, e para fins comerciais, militares e científicos.

Apesar de serem utilizados para recuperação de tesouros perdidos no fundo do mar e inspeção ou manutenção de cabos, William Kohnen, que dirige o Hydrospace Group, uma empresa de engenharia que constrói submersíveis, partilhou que são também utilizados para fins de turismo, desde meados da década de 1980.

É basicamente uma pequena excursão de autocarro.

Simplificou Kohnen, explicando que normalmente os submersíveis turísticos albergam entre 20 a 60 pessoas e fazem expedições de cerca de uma hora.

O diretor partilhou que, geralmente, as expedições não são tão profundas quanto as que vão ao em busca do Titanic, estimando que, na grande maioria das vezes, não descem sequer mais de cerca de 45 metros.

A experiência de Ofer Ketter, piloto de submersíveis e cofundador da SubMerge, uma empresa que presta consultoria e opera submersíveis privados, diz-lhe que as expedições tendem a durar duas a três horas e a cobrir locais de mergulho para ver aviões da Segunda Guerra Mundial e naufrágios, mas também vida marinha.

Já os clientes de Philippe Brown encaram o turismo submersível como uma oportunidade para ultrapassar os seus limites, tendo em vista o crescimento pessoal e o envolvimento “em iniciativas que fazem avançar a humanidade e que ajudam a compreender melhor o passado”.

Segundo o The Washington Post, os destroços do Titanic, que afundou em 1912, foram encontrados em 1985, sendo, desde aí, visitados pelos curiosos.

Philippe Brown, fundador da empresa de viagens de luxo Brown and Hudson

Apesar de já ter realizado alguns mergulhos, desde 2010, é desde há dois anos que a OceanGate Expeditions leva equipas de “cientistas cidadãos” e “membros da tripulação” ao local, a cerca de 3.800 metros de profundidade.

Segundo Ketter, o Titanic não é o marco turístico do fundo do mar. Na verdade, “há muito mais interesse noutros locais de mergulho”, pois “as pessoas querem ver a vida selvagem, coisas que não podem ver no aquário” ou perto da superfície.

O turismo submersível é seguro?

Quatro quilómetros de profundidade soam inconcebíveis, ainda que estejamos apenas no domínio da imaginação. Portanto, descer ao fundo do mar parece ser, no mínimo, perigoso.

Em comunicado, a Marine Technology Society (MTS) disse que o setor é “regulado de acordo com os padrões internacionais de segurança” e tem um histórico de segurança de 50 anos sem incidentes.

O submersível tripulado para a expedição do Titanic não seria considerado um submersível turístico pelas definições atuais da indústria. É um outlier, um submersível de exploração oceânica muito especial.

Em concordância, Kohnen explicou que o Titan é um projeto único e não um submersível “classificado”, que “opera dentro de diretrizes de segurança bem estabelecidas”.

Conforme partilhou Andrew Norris, capitão reformado da Guarda Costeira dos Estados Unidos da América, os pilotos são altamente treinados e as missões são “abortadas com bastante frequência”, uma vez que o sistema tem de estar 100% operacional e as condições têm de ser as ideais.

É como o Monte Everest. Se estiver mau tempo, não se sobe.

Ilustrou Roman Chiporukha.

Apesar de as viagens de submersível poderem ser realizadas em segurança, como em qualquer outra forma de transporte, há riscos a considerar. Aliás, Brown esclareceu que, quando aceitam descer ao fundo do mar, os clientes estão completamente cientes dos perigos que a viagem envolve.

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