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Reflect Orbital quer levar o Sol à noite através de satélites

A startup norte-americana Reflect Orbital pretende transformar o céu noturno num serviço comercial. A empresa propõe iluminar a Terra à noite com luz solar “sob pedido”, usando satélites equipados com espelhos que refletem os raios do Sol. Uma ideia que combina ficção científica e tecnologia de ponta, mas que já gera debate entre astrónomos.


Luz solar sob demanda a partir do espaço

A Reflect Orbital começou em agosto a aceitar reservas para o que chama de “pontos de luz”. O conceito é simples: espelhos em órbita refletem a luz solar para áreas específicas da Terra, criando uma iluminação intensa mesmo durante a noite.

Os utilizadores podem controlar a intensidade e a localização desses “sóis artificiais” através de uma aplicação móvel que apresenta um mapa aéreo interativo. Basta selecionar o ponto desejado e o feixe luminoso é projetado do céu noturno.

A empresa, cofundada por Ben Nowack, ex-estagiário da SpaceX, já recebeu autorização da Comissão Federal de Comunicações (FCC) para lançar a primeira nave de demonstração, com 18 metros de comprimento, em abril de 2026. O plano seguinte é colocar em órbita cerca de 4.000 satélites com espelhos, criando um serviço de “luz solar a pedido”.

Um projeto com ambições globais

Segundo a Reflect Orbital, esta tecnologia poderá “fortalecer a defesa nacional dos Estados Unidos”, mas o objetivo é torná-la num serviço global. Durante as demonstrações, a luz emitida teve uma intensidade semelhante à de uma Lua cheia, o que a empresa considera apenas o início do potencial do sistema.

Apesar de ainda não terem sido revelados os preços das subscrições, o interesse é enorme: mais de 260.000 pedidos de 157 países já foram registados.

O público-alvo são governos e grandes corporações, que poderão utilizar os “sóis artificiais” em setores como defesa, agricultura industrial e iluminação de grandes infraestruturas.

Controvérsia entre os astrónomos

O projeto, contudo, levanta sérias preocupações na comunidade científica. Astrónomos alertam que os espelhos em órbita podem perturbar ecossistemas e alterar o ambiente noturno.

John Berentine, astrónomo do Observatório Silverado Hills, explicou à revista Space que “o feixe refletido por estes satélites é muito intenso, quatro vezes mais brilhante do que a Lua cheia”.

Além disso, “vários satélites em formação poderão provocar dispersão atmosférica que afete regiões vizinhas”, perturbando a fauna local e a observação astronómica.

Um céu povoado por milhares de espelhos artificiais pode iluminar as noites, mas também obscurecer o próprio sentido de olhar as estrelas.

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