A pandemia por COVID-19 tem vindo a deixar marcas profundas em vários setores da sociedade. Tal como temos vindo a acompanhar, o segmento automóvel tem sido um dos mais prejudicados apresentando resultados negativos históricos.
De acordo com dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), o primeiro trimestre de 2021 registou os piores resultados desde a Troika.
De janeiro a março de 2021, foram matriculados em Portugal 31.039 veículos ligeiros de passageiros, ou seja -31,5% do que em igual período de 2020. Em declarações ao JN, Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, refere que é uma descida acentuada na comparação com os meses de 2020 ainda quase sem o efeito da COVID-19. Só em meados de março do ano passado é que o país começou a confinar e a atividade económica parou.
De relembrar também que os stands de automóveis estiveram encerrados desde 15 de janeiro a 15 de março. Em março de 2021 foram matriculados pelos representantes oficiais de marca a operar em Portugal 16.099 veículos automóveis, ou seja, mais 29,8 por cento do que em igual mês do ano anterior. Todavia, este resultado positivo e tal como seria de esperar, é enganador, tendo em conta o “efeito base”, uma vez que o mercado do mês homólogo de 2020 foi anormalmente baixo, refletindo o impacto da primeira vaga da pandemia. Assim, se efetuarmos a comparação com o mês de março de 2019 concluímos que o mercado cai, efetivamente, 43,6 por cento
Hélder Pedro entende que a subida mensal é “residual” no contexto das quebras acumuladas no mercado. Juntando todos os segmentos (ligeiros e pesados, de passageiros e de mercadorias), o recuo foi de 25,7% no trimestre, para um total de 39 310 veículos.
Portugal com a maior queda na Europa na venda de automóveis em fevereiro de 2021
Hélder Pedro relembra também que, em fevereiro, mês de total confinamento, Portugal apresentou a maior queda nas vendas automóveis novos na Europa (menos 59%). Hélder Pedro lamenta que o poder político não tenha atendido os pedidos da associação. “O Governo não criou estímulos à procura de automóveis como se fez em Espanha, nem no Orçamento do Estado nem no Programa de Recuperação e Resiliência.”
O comércio de ligeiros de passageiros continuou, no acumulado de janeiro a março, liderado pela Peugeot, com 4594 unidades (-5,9%). Seguiram-se a Mercedes-Benz e a MBW. A 4.ª posição voltou a ser ocupada pela Renault, deixando à Citroën o 5.º lugar.