O fecho do ano passado previa um crescimento moderado no setor das energias renováveis, mas a realidade superou mesmo as expectativas mais otimistas. A expansão rápida das fontes de energia limpa consolidou uma tendência crescente. Em particular, Portugal e Espanha têm-se destacado como exemplos deste avanço com a energia solar e eólica.
Na Península Ibérica, o último relatório da Ember sobre eletricidade global revelou que as energias renováveis e nucleares representaram 82% da eletricidade gerada em Portugal e Espanha em 2024. Estes dois países são analisados em conjunto devido à sua operação como uma “ilha energética”, com limitações na interligação com o resto da Europa devido aos Pirinéus.
A combinação de energia eólica e solar representou quase metade (46,4%) da produção energética total no ano passado, enquanto as energias renováveis no seu todo alcançaram 63,9% da geração total. Nenhuma das principais economias mundiais se aproxima do nível de integração de tecnologias renováveis variáveis, como a eólica e solar, alcançado por Portugal e Espanha.
O caso de Portugal é exemplar
Há quatro anos, encerramos a nossa última central elétrica a carvão, estabelecendo um precedente global. Embora a maior parte da eletricidade seja de fontes renováveis ou importada de Espanha, ainda 10% da produção de energia vem de combustíveis fósseis, como o gás natural.
E o de Espanha também
Por sua vez, Espanha alcançou no ano passado que metade da sua eletricidade fosse gerada por energias limpas. Em termos de dados (não disponíveis para Portugal), a produção elétrica total do país representou 60,2%, com a nuclear a contribuir com 20,8% e os combustíveis fósseis com 19%. Este último valor diminuirá nos próximos anos, à medida que Espanha, à semelhança de Portugal, optou pelo encerramento definitivo das suas centrais a carvão.
Mas será que isso se traduzirá em contas de eletricidade mais baratas? Apesar do crescimento robusto da capacidade renovável, o preço da eletricidade também aumentou devido aos custos elevados do mercado grossista e à volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis.
Ainda assim, tanto Portugal como Espanha pagam 16% menos do que a média do resto da Europa, segundo estatísticas anuais da UE.
As previsões para os próximos cinco anos apontam para muitas mudanças com o avanço das energias limpas. A Agência Internacional de Energia estima que as renováveis poderão satisfazer metade da procura mundial de eletricidade.
Muitos países, incluindo Portugal com 90% da sua energia e Espanha com 81%, estão alinhados com esta meta. Neste contexto, o futuro energético da Península Ibérica caminha para um modelo sustentável, reforçando a sua posição de liderança na Europa.
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