O petróleo está em muita coisa – tanta que talvez nem imaginemos. Para ser possível responder à exorbitante procura, enchemos o mar de plataformas petrolíferas que vão ficando por lá… abandonadas.
À medida que os recursos fósseis se vão produzindo menos ou a tornar-se menos rentáveis para os seus operadores, as empresas descartam as plataformas petrolíferas e abandonam-nas no mar.
Neste momento, existem mais de 12.000 plataformas de petróleo e gás nos mares de todo o mundo. No Mar do Norte, existem 615 plataformas deste tipo e 23.000 infraestruturas mais pequenas a circulá-las. Além disso, 43.000 quilómetros de oleodutos e gasodutos e cerca de 27.000 poços de petróleo ou gás.
Segundo dados da equipa internacional de investigação Follow The Money, 85% desses poços estão abandonados.
De modo a prevenir a poluição marinha e proteger o Atlântico Nordeste dos efeitos nocivos da atividade humana, um grupo de países europeus, incluindo Portugal, assinou um tratado: quando uma plataforma petrolífera ou de gás deixa de ser utilizada, deve ser removida, o poço deve ser tapado e os tubos devem ser enterrados ou removidos.
No entanto, esse descarte previsto não acontece, porque tirá-las da água é muito caro e demasiado difícil. Por sua vez, deixá-las à mercê da deterioração provocada pela água do mar coloca-nos perante um (grave) problema ambiental.
Plataformas petrolíferas estão acumuladas nos mares do mundo
As plataformas petrolíferas são infraestruturas gigantes de aço, que podem pesar até 30.000 toneladas. A remoção acontece através de duas fases, desde a limpeza e ao carregamento, até ao transporte feito por navios-tanque ou navios-guindaste, e ao desmantelamento e reciclagem. No final, os poços de petróleo e gás são tapados, por forma a evitar fugas para o mar.
A Comissão Europeia calculou que a limpeza das plataformas petrolíferas abandonadas no Mar do Norte custará, pelo menos, 30 mil milhões de euros, entre 2020 e 2030.
Plataformas petrolíferas poderão dar jeito na transição energética
A par das razões financeiras associadas à remoção desses, agora, monos, estão também motivações estratégicas. Segundo o Xataka, há empresas a adiar a retirada das plataformas petrolíferas, prevendo que poderão reutilizá-las para armazenamento de hidrogénio, por exemplo, rumo a novas abordagens com a transição energética em vista.
De acordo com a Autoridade para a Transição do Mar do Norte (NSTA), a reutilização de 50 gasodutos para o armazenamento de CO2 poderia resultar numa poupança de oito mil milhões de euros.