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Chama, jogo português sobre uma calamidade nacional: incêndios

Todos os anos, por altura do verão, o nosso país depara-se com um enorme problema: incêndios.

De forma a alertar os jogadores para esse fenómeno, estudantes do curso de Animação e Videojogos na ETIC encontram-se a desenvolver Chama.


Independentemente das suas origens (mão criminosa, simples descuidos,…) a verdade é que Portugal ano após ano tem sido assolado por muitos incêndios e com consequências graves.

É, portanto, um dever de todos nós como cidadãos, uma particular preocupação de prevenção.prevenir e agir em consonância para,

Os jogos podem e devem ser usados como medidas de consciencialização dos jogadores para estes problemas

E é neste contexto que Chama surge, um projeto Edutainment em desenvolvimento por uma equipa de estudantes finalistas do curso de Animação e Videojogos na ETIC.

A ideia é simples. Baseado em factos decorridos no concelho de Mação (e de acordo com relatos veridicos dos seus habitantes), o jogo tenta criar uma maior consciencialização no jogador, através de minijogos, sobre as adversidades que as personagens enfrentam ao longo de um incêndio.

Com base em animais característicos das florestas de Portugal, Chamas apresenta várias personagens jogáveis ao longo dos seus minijogos.

De forma a conhecermos melhor o projeto Chama e os seus responsáveis, colocámos-lhes algumas questões. Podem vê-las de seguida:

Pplware: Primeiramente gostaria de pedir que apresentasse a equipa dos ST Studios. Quem são os ST Studios?

ST Studios: A equipa é composta por mim, Luís Oliveira, pelo Luís Patrício e o Tiago Patrício. Da minha parte, sou apaixonado por arte, indústria dos videojogos, modelagem 3D, environment art e desporto. Apreciador de música e especialmente, rock progressivo. Interessado nas questões atuais. Gosto de procurar por mais e aprender mais. No caso do Luís Patrício, ele tem um gosto por Game Design e Programação. O que já o levou a trabalhar com elementos e criações de fãs sobre certos jogos. Somos todos estudantes de videojogos na ETIC.


Pplware: A pergunta da praxe. Como surgiu a ideia para este jogo? Porquê esta temática?

ST Studios: Este projecto nasceu de um trabalho académico, mas entretanto tem evoluído para outros campos.

Sou (Luís Oliveira) do concelho de Mação, e, como já se sabe, este concelho, como muitos outros, tem sido muito massacrado pelos incêndios florestais. É sem dúvida alguma, um dos mais afetados a nível nacional, e também, um dos concelhos com mais área ardida em 2017. O meu pai também esteve na frente do fogo com as máquinas de rasto, junto dos bombeiros e populares, o que acabou por me deixar muito sensibilizado no que toca a temas deste tipo. Este ano queria fazer algo mais. E por isso decidi, juntamente com os meus colegas, através dum videojogo abranger a temática dos incêndios com o Chama. O próprio nome tem dois significados, “chama”: a fagulha do fogo e o apelo para ouvirem as estórias de quem lá esteve envolvido.


Pplware: Escolheram a linda vila de Mação como influência para o jogo. Realmente foi uma aldeia muito massacrada nos últimos anos. Porquê este concelho específico?

ST Studios: Tal como referi na questão anterior, sou do concelho de Mação, e vivi de perto este flagelo. Inicialmente, até começamos a recolher informação sobre os habitantes da região, fizemos entrevistas, registamos depoimentos, tiramos fotos. Depois foi tentar arranjar uma forma de com o Chama, contarmos num jogo essas estórias.


Pplware: Portugal todos os anos tem sido assolado por outros graves incêndios. Existem alguns planos para alargar o jogo a outros casos que tenham ocorrido?

ST Studios: Este jogo não é específico ao concelho de Mação, apenas nos baseámos aqui por empatia, mas sim, gostaríamos de contar mais estórias. Outras regiões, outros distritos, outros relatos. O que aquelas pessoas viveram, como sobreviveram, e o que aprenderam. Há muitos jovens que desconhecem essa realidade. E queremos que através dum jogo fiquem sensibilizados para este problema.


Pplware: Dado que o jogo tem uma forte componente didática e toca um aspeto importante (dos incêndios), estão a pensar em fazer algum tipo de enciclopédia no jogo com conselhos sobre modos de agir em caso de incêndio?

ST Studios: Toda a jogabilidade do jogo acaba por demonstrar opções a tomar quando nos encontramos nestas situações. Um dos níveis que estamos agora a trabalhar no Chama, até relata como alguns populares conseguiram arranjar uma estratégia para evitar a tragédia de Pedrógão, na infâme estrada da morte (EN 236-1). Queremos acima de tudo contar a sua experiência.


Pplware: E quanto a explicação de medidas preventivas? Ao longo do jogo tocam esses assuntos de alguma forma?

ST Studios: Sim. De certa forma, mas, o nosso objectivo não é combater o incêndio. Esse é o trabalho dos bombeiros e profissionais dessa área. Nós só queremos contar as estórias das pessoas que passaram por aquele flagelo. Como o que elas aprenderam pode salvar outras vidas no futuro.


Pplware: Relativamente à dinâmica do jogo, percebe-se pelos vossos Dev Diaries que a escolha vai ser livre e sem ordem imposta. Todos esses níveis estarão disponíveis ao início?

ST Studios: Todos os níveis do Chama são sobre relatos verídicos. E por isso, muitos deles aconteceram ao mesmo tempo, e queremos passar a ideia, que tal como num incêndio, não há uma ordem preestabelecida. Uns passaram pela experiência enquanto estavam numa estrada, outros numa quinta, e talvez até na floresta. E tudo isto aconteceu ao mesmo tempo. Porém, quando concluído cada nível, estes poderão ser jogados de novo sempre que o jogador quiser (até porque há objectos escondidos e outros que ao serem descobertos vão trazer mais pormenores sobre aquele evento em particular). Há também uma percentagem de conclusão em cada nível.


Pplware: Porquê os personagens serem animais?

ST Studios: A nossa ideia era utilizar os animais característicos das florestas de Portugal. Eles também são habitantes que sofrem com os incêndios. A partir daí fizemos uma simbiose entre os animais e as pessoas. Claro que tentamos ser um pouco metafóricos. Escolhemos a raposa, como repórter por ser inteligente, o javali por ser forte conduz tractores, o urso pardo por ser mais corajoso… Sendo que cada um demonstra a sua personalidade em cada nível.


Pplware: O jogo vai ter conversas (audio)? Será em português?

ST Studios: Por enquanto, decidimos que os personagens farão apenas sons ou murmúrios. O texto é que vai ter mensagens mais complexas.


Pplware: No mail é referido que o jogo está a ser desenvolvido para PC, Nintendo e PS4. Porque não para Xbox One também?

ST Studios: Estamos neste momento focados na geração actual. Decidimos optar pela Nintendo Switch e PC pela sua proximidade com os indies, a PlayStation 4, porque faz parte do programa PlayStation First que temos na ETIC. A Microsoft, é a que ainda não temos contacto com alguém relacionado ao desenvolvimento. Talvez num futuro próximo.


Pplware: Estão a pensar adicionar algum multiplayer coop ou modo online?

ST Studios: Por enquanto o jogo está a ser desenvolvido em modo de single player. Existem planos para multiplayer. Mas, tudo depende do investimento que conseguirmos para finalizar o Chama.


Pplware: O projeto Shadows of Tomorrow foi o primeiro projeto desenvolvido. Certamente que se tratou de uma experiência bastante enriquecedora. O que ganharam com esse projeto? E o que isso vos está a ajudar para este novo jogo?

ST Studios: Sem dúvida, ganhamos imensa experiência. Foi uma grande aventura, conhecemos muita gente da indústria e percebemos melhor como tudo está estruturado. Mas ainda temos muito para aprender!


Pplware: Não poderia deixar de perguntar, quais os vossos gostos em videojogos e o que andam agora a jogar.

ST Studios: Neste momento, torna-se um pouco difícil para nós ter tempo para jogar, no entanto, nos intervalos gostamos de jogar!

[Luís Oliveira] Normalmente gosto de jogar na nintendo sendo mais prática, Stardew Valley, Celeste e Animal Crossing: New Horizons têm sido o que tenho pegado mais estes meses, na consola comecei à pouco o Nier Automata que recomendo bastante.

[Luís Patrício] Eu tenho andado a jogar OneShot, Power Stone 2, Sonic Mania e tenho andado mais recentemente a jogar Minecraft e Finding Paradise.


Gostávamos de agradecer aos ST Studios pela sua disponibilidade e resta-nos desejar-lhes a continuação de um bom trabalho, que iremos certamente acompanhar aqui.

Chama, encontra-se em desenvolvimento para PC, Nintendo Switch e PlayStation 4. Ainda sem data e lançamento.

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