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Análise Gran Turismo 6 (Playstation 3)

Este Natal, também a Playstation 3 teve direito a uma prenda no sapatinho. Tratou-se do lançamento recente de Gran Turismo 6, o exclusivo da Playstation dedicado à simulação motorizada e por muitos considerado, a melhor experiência de condução virtual no Mundo das consolas.

Com mais de 10 anos de vida, a série Gran Turismo é um marco da consola da Sony, apresentando a cada versão nova, a possibilidade de o jogador poder conduzir algumas das melhores bombas de 4 rodas existentes pelo asfalto do Mundo fora (e não só).

Gran Turismo 6 não foge à regra e volta em força com centenas de carros e dezenas de pistas prontas a serem consumidas pelo feroz desejo de atingir a meta em primeiro lugar.

O Pplware já se lançou no asfalto com Gran Turismo 6.

A série Gran Turismo surgiu na década de 90 por altura do aparecimento da Playstation e, desde cedo, se colocou numa posição de destaque no seio dos jogos de simulação automóvel.

Logo desde esse primeiro momento que Gran Turismo se transformou num ícone, não só do desporto motorizado como também da própria consola da Sony.

Assentando os seus pontos fortes numa jogabilidade sem precedentes e numa enormidade de oferta de carros (que a maior parte dos jogadores apenas via em revistas) Gran Turismo consolidou a sua posição como o melhor simulador automóvel.

Com o passar dos anos, Gran Turismo a tradição foi-se mantendo e várias edições foram saindo mas sempre com as premissas originais do jogo original. No entanto, não há bela sem senão e algumas nuvens começaram a surgir no horizonte … mas já lá vamos.

Todos os que conhecem a série Gran Turismo sabem exatamente o que esperar de GT 6 e, o jogo não os dececiona. GT 6 mantém a tradição de seduzir o jogador com centenas dos carros mais belos e potentes que já pisaram asfalto e todos podem vir a ser nossos.

O jogo começa com um Dia de Corridas onde somos apresentados aos conceitos básicos de jogabilidade de GT 6 e pouco depois já estamos no modo Carreira.

Neste modo é-nos oferecido um carro (Honda FiT RS ‘10) com o que começamos a nossa carreira e aos poucos vamos preenchendo a nossa garagem, seja através de ofertas que recebemos por completar algumas missões ou licenças, ou seja por compras que vamos fazendo ao longo do jogo.

Este é um daqueles casos em que espero que a minha mulher não me leia estas palavras pois, costumo criticá-la (e a todas as mulheres no geral) pelo espirito consumista que apresentam e se ela me visse de volta dos carros e equipamentos à venda, receio que o feitiço se virasse contra o feiticeiro.

Realmente GT6 inunda-nos, abisma-nos com centenas de carros. São mais de 1000 no total o que faz com que qualquer apreciador fique com os olhos em bico. Convém referir no entanto que muitos dos veículos apresentados correspondem apenas a modelos alterados de outros existentes.

No entanto, são carros que visualmente estão soberbos. Para quem se lembra de GT5, há-se de recordar dos carros Standard e dos Premium. Basicamente, os carros Premium tinha um nivel de qualidade muito superior aos Standard que apresentavam texturas mais simples, efeitos mais rudimentares e interiores mais despidos.

Em GT6, e apesar de continuarem a existir diferenças entre ambos os tipos de carros (os Standard são e continuarão a ser os parentes pobres), são menos notórias uma vez que a equipa da Poliphony teve uma maior preocupação em dar aos carros Standard o respeito que merecem.

Também com enorme detalhe apresentam-se as pistas, Desde os diferentes pisos, aos pormenores das mudanças de inclinação, às rampas, as curvas, os S, … as pistas encontram-se bastante melhores e mais realistas agora ….

Exceto num pormenor. Apesar do público estar um pouco mais vivo comparativamente a GT 5 ainda deixa a ideia de se estar a jogar num ambiente mortiço.

Outro aspeto no qual a Poliphony dedicou algum tempo foi em melhorar os efeitos da transição dia-noite que, digamos, está simplesmente fantástica. Começar uma corrida com o lusco-fusco, e aos poucos irmos assistindo ao aparecimento da noite é uma experiência sensacional e GT 6 consegue transmitir toda essa magia. A condução nocturna é uma das melhores experiências de Gran Turismo 6.

Existem mais de 40 pistas e se adicionarmos variadas configurações de cada uma, ficamos assim com dezenas de circuitos diferentes. Esta é parte da magia de Gran Turismo … a quantidade imensa de oferta que desde sempre habituou o jogador.

Tal como o Pplware anunciou por várias ocasiões (ver aqui), existem umas novas pistas adicionadas ao jogo como por exemplo, Brands Hatch ou Bathurst.

Bem, mas o que interessa é o que se passa na pista e aí as coisas estão bem diferentes. E para melhor. Pelo menos no que respeita aos carros.

Algo que fica imediatamente visível ao jogarmos GT 6 é que a equipa da Poliphony mexeu na física dos carros, especialmente na dinâmica de suspensão e seus comportamentos.

E em boa altura o fez. Os carros agora apresentam uma física muito mais realista e mais credível especialmente no ataque a uma curva, ou numa travagem mais abrupta. Quase se consegue sentir a suspensão a compensar, quase que conseguimos sentir o carro a gemer …

E para os apreciadores de condução no cockpit então a sensação é ainda mais real. Aliás, a condução dentro do cockpit do carro é a melhor forma de apreciar Gran Turismo 6 e recomendo a todos os jogadores que o façam. Sente-se muito mais o asfalto e a noção de velocidade é muito mais vibrante.

Uma das críticas que deixei a GT 5 correspondia à falta de sensação de velocidade da maior parte dos carros. Não corrigindo esse pormenor em toda a sua extensão, GT 6 não desilude e conduzir um Ford GT ’05 não tem rigorosamente nada a ver com a condução de um Subaru Impreza ’01.

Aliás, a condução dos diferentes tipos de carros está irrepreensível. Cada carro tem o seu próprio comportamento em estrada o que por sua vez exige, uma forma diferente de condução. Cabe ao jogador interpretar todos os sinais e isso faz parte da tradição de jogar Gran Turismo.

Como referi, o Modo Carreira começa logo após o nosso Driving Day. A nossa evolução no Modo Carreira é feita numa mecânica de obtenção de determinado número de estrelas (que nos são dadas após as corridas) e pela conclusão da licença da Categoria respectiva.

Podemos obter até 3 estrelas por corrida. Uma pela conclusão da corrida, outra por ficarmos em 2º ou 3º e mais uma estrela se terminarmos em 1º. Após termos as estrelas necessárias em determinada Categoria (Principiante, Nacional A, Nacional B, Internacional A, Internacional B ou Super), desbloqueamos a possibilidade de tirar a licença dessa Categoria e após a sua conclusão, desbloqueamos a próxima categoria.

As licenças são, à semelhança das versões anteriores de Gran Turismo, apenas alguns exercícios onde se explicam as boas práticas de condução desportiva. Tal e qual nas versões anteriores de Gran Turismo.

Uma das críticas que também deixei a GT 5 foi a de não ter sido suficientemente afoito na implementação de um sistema de danos convincente. E GT 6 cai no mesmo erro. Até compreendo que é um crime destruir um dos belos modelos de carros que o jogo nos disponibiliza mas, se é para ser uma simulação, há que simular tudo e uma colisão frontal a mais de 150 Km/h não deveria apenas amolgar um pouco a chapa, mantendo a capacidade de conduzir o carro. É algo a rever e urgentemente pois os jogadores querem ser recompensados pelas boas exibições mas também querem ser castigados pelos seus erros.

Por falar em erros … tenho também de mencionar a Inteligência Artificial dos restantes condutores no Modo Carreira. Nas Categorias iniciais (Principiante e Nacional B por exemplo) a maior parte dos adversários são robots que conduzem os seus carros. Sempre da mesma forma, com os mesmos limites … nunca arriscando. Compreendo que tal seja para não tornar o jogo demasiado exigente mas, seria bom que não fosse tão ridículo.

Outro aspecto que não gostei foi de, nessas primeiras Categorias os condutores mais lentos quase esperarem por nós. Felizmente isso não acontece com os primeiros, nem nas categorias mais avançadas.

Critiquei o jogo por não apresentar uma grande dose de inovação mas também não posso deixar de referir que há alguns pormenores novos curiosos. Por exemplo, existe um novo modo de condução lunar que nos permite correr … na Lua. Sim, é verdade. É mesmo na Lua que essas corridas se passam. Resta dizer que, passando a fase de surpresa este é um modo que dificilmente deixará saudades pois é na maior parte dos casos, monótono e desprovido de sentido.

Outra das críticas que a comunidade mais fez a Gran Turismo 5 prendeu-se com os efeitos sonoros dos diferentes veículos. Gran Turismo 6 responde a essas críticas de uma forma satisfatória. Apesar de haverem carros que parecem estar a acelerar debaixo de água, há outros que só de acelerar fazem trepidar o sofá.

Contudo nem tudo é cinzento e os Coffee Breaks e as Missões que temos em cada Categoria trazem alguma diversidade ao jogo. Missões como fazer a máxima distância apenas com 1 litro de combustível, ou missão de derrubar mais de 150 pinos num estádio são sempre bons momentos de descontração.

Por uma vez aconteceu-me um Bug o qual percebo mas que é estranho. Numa determinada pista, após me ter despistado perto da zona de saída para as boxes o jogo redirecionou-me imediatamente para as próprias boxes. Percebo que ultrapassei uma linha invisível que não deveria ter cruzado mas é estranho não poder fazer nada quanto a isso.

Não poderia deixar de referir também que, em relação a GT 5 os tempos de loading ficaram mais curtos, o que é de louvar pois alguns eram demasiadamente longos.

Por falar em longos, é pena que algumas corridas de endurance tenham sido removidas de GT 6.

Também de louvar o facto da Poliphony te deixado uma prenda para todos os jogadores, os GT Vision Cars. Trata-se de carros exclusivamente criados e desenhados para GT 6 e que podem também ser usados no jogo.

Por fim, temos um Modo Online que se encontra, à semelhança de GT 5, bastante normal e sem grandes inovações. Entramos nas Salas Online e é-nos apresentado o ecrã de seleção de salas ou de criação de uma. Na lista de salas disponíveis temos basicamente a informação sobre a pista e as suas regras mas, no entanto, não nos indica nada mais, como por exemplo, quais as ajudas que estão ativas. Depois há o problema das colisões semelhante ao offline, ou seja, falta uma maior dose de realismo na representação dos acidentes e dos seus resultados. A possibilidade de fazermos um aquecimento à pista antes do começo da corrida online acaba por ser uma boa inclusão pois permite ao jogador não cair em seco no meio da corrida.

Conforme referi mais acima, algumas nuvens começaram a surgir no horizonte com Gran Turismo 5 e Gran Turismo 6 é a prova de que a chuva se aproxima. Um dos perigos que um grande nível de dedicação a uma mesma fórmula apresenta é, sem dúvida, o de cair numa situação de comodismo … de estagnação. Pessoalmente, considero esta a grande ameaça que qualquer série de videojogos com a longevidade de Gran Turismo enfrenta e, receio bem, que GT6 esteja a cair nela. Falta inovação rápida e urgente para que a série de Gran Turismo se mantenha como líder incontestado do segmento de jogos de condução.

De certa é esta afirmação é uma contradição pois, Gran Turismo 6 tem muito e do muito que tem, a maior parte é muito boa. No entanto, versão após versão, Gran Turismo encontra-se demasiadamente preso ao passado.

 

Nota Final- 8,5

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Existe um dizer popular que diz que “a tradição ainda é o que era” e Gran Turismo 6 será a ilustração desta máxima. Gran Turismo 6 encontra-se demasiado presa ao passado esquecendo que, nos tempos que correm, é imperativo inovar. Não me compreendam mal. Gran Turismo 6 é um jogo soberbo. Modelos de carros foto-realistas, pistas irrepreensivelmente representadas, maior número de veículos à disposição do jogador e uma simulação de condução bastante natural onde a nova física dos carros é a estrela maior. No entanto, Gran Turismo 6 encontra-se perigosamente próximo de um se confundir mais com um melhoramento de Gran Turismo 5 do que um novo Gran Turismo. Seja como for, para a Playstation 3, Gran Turismo 6 é um jogo a ter em conta e para os amantes do desporto automóvel será uma boa aquisição no mercado de Inverno.

 

 

Gráficos: 8,7

Modelos Premium simplesmente fantásticos. Modelos Standard mais aprimorados em relação a Gran Turismo 5, mas mesmo assim ainda mais pobres. Pistas e Cenários foto-realistas. Cockpits dos carros. Efeitos de fumo e poeira bastante realistas.

Som: 8,0

Sons diferenciados da maior parte dos carros. Sons de travagens iguais. Alguns carros aceleram debaixo de água.

Jogabilidade: 8,5

Nova física da suspensão dos carros e suas reacções à condução. Sensação de velocidade, especialmente na condução dentro do Cockpit. Missões e Coffee Breaks. Inteligência Artificial de alguns adversários, demasiado estúpida e previsível. Sistema de danos rudimentar e irreal. Corrida Lunar.

Longevidade: 9,0

Modo Campanha longo … longo … tão longo. Corridas Online.

 

Género: Simulação Automóvel Plataforma Analisada:  Playstation 3 Homepage Gran Turismo 6

 

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