À semelhança dos jogos focados em análises anteriores (FIFA 10 e PES 2010), com o arranque duma nova época futebolistica chega um outro momento também ele aguardado (im) pacientemente durante os últimos meses. Chega aquele titulo pelo qual todos os treinadores de bancada ansiaram e suspiraram. Chegou Football Manager 2010.
O jogo, que tem como ideia base o conceito de transformar o jogador num treinador de sucesso, regressa com cara lavada, com um interface redesenhado e com algumas novidades interessantes, prometendo voltar a roubar inúmeras horas de sono à sua enorme legião de fãs.
No entanto, a concorrência está aí e o seu grande adversário também se fortaleceu no ataque ao trono.
Será que com o Regresso do Rei, o trono ainda se encontra disponível?
Gráficos: 7.7
Tradicionalmente, não sendo uma das áreas mais fortes da série FM, a componente gráfica do jogo, sofreu no ano passado uma revolução ao permitir pela primeira vez a visualização dos jogos em 3D. Este ano, o modo 3D volta à carga e com algumas optimizações (entre elas o aparecimento das bancadas dos estádios e do público), tendo sido acrescentadas também variadas animações aos jogadores tornando os lances mais diversificados e realistas. Contudo, a limpeza estética que o motor gráfico sofreu, podia ter sido bastante mais profunda, havendo ainda alguns pontos a tratar (os estádios afiguram-se bastante pobres de detalhe e são na sua maioria irritantemente semelhantes).
De resto, houve um polimento dos diferentes ecrãs de navegação do jogo, que se apresentam agora mais limpos e tratados (sendo a possibilidade de escolher a palete de cores a usar, uma ajuda bem-vinda).
Som: 7.4
Definitivamente, o som continua a ser um dos suplentes em FM. Pensamos que se poderia exigir um pouco mais. Os efeitos sonoros apresentam-se timidamente no decorrer do jogo, tentando duma forma algo pobre transmitir o ambiente em redor das 4 linhas.
Jogabilidade: 9.6
Miles Jacobsen, líder do projecto afirmou desde o início, que o objectivo principal da SI para este ano seria o de melhorar os aspectos menos conseguidos da versão anterior, e de manter a evolução da série duma forma gradual e sem saltos demasiadamente ambiciosos.
Em grande parte os objectivos foram atingidos.
O interface foi quase totalmente remodelado, substituindo o anterior modo de Menus, por um esquema de separadores horizontais. Se bem que requeira algum tempo de habituação até que o seu uso se torne instintivo, o certo é que com o passar do tempo se torna bastante acessível e prática.
Uma das alterações mais esperadas nesta nova versão, prendia-se com a componente táctica dos jogos. FM 2010 disponibiliza-nos uma enorme variedade de especificações tanto a nível dos jogadores como a nível da equipa.
Podemos agora, por exemplo, instruir um Médio Defensivo a ter um papel mais defensivo ainda, limitando-lhe o número de vezes que passa do meio-campo, ou por outro lado, darmos indicações a um médio-ala para se preocupar mais em fechar o meio… Apenas dois exemplos dum grande conjunto de novas opções que irá sem dúvida fazer a delícia dos treinadores que apreciam esse nível de detalhe.
No decorrer do jogo, foi incluída a possibilidade de podermos “gritar” instruções para dentro do campo (pedir aos jogadores para flanquearem mais, pressionarem com maior intensidade) que, embora por vezes seja difícil de ver no imediato, acaba por se revestir de extrema utilidade.
Por outro lado, foi incluído um Wizard de Criação de Tácticas Personalizadas onde todas estas variáveis serão tidas em conta. Noutro aspecto do jogo, as constantes dicas fornecidas (e sugestões do staff técnico), continuam a ser de extrema utilidade (especialmente para os novatos em FM), permitindo a quase total gestão da equipa apenas com a sua ajuda.
Uma das cerejas em cima do bolo, é a nova ferramenta de Análise do Pós-Jogo, responsável por uma análise minuciosa do que se passou nas 4 linhas. Apresentando estatísticas detalhadas, permite-nos dissecar com detalhe o comportamento de cada um dos jogadores através de demonstrações gráficas (à semelhança do que a série NBA faz nos seus jogos). Com essa análise torna-se mais fácil aferir acerca da forma dos jogadores (remates efectuados ao lado, à baliza, ao poste ou defendidos… cabeceamentos efectuados, ganhos, perdidos, golos de cabeça…)
Por fim, não poderíamos deixar de mencionar a Base de Dados do jogo, que novamente é assombrosa. A sua dimensão e realismo (que levou o Everton FC a adquirir no ano transacto os seus direitos) são impressionantes, apresentando no entanto, algumas nuances, no mínimo estranhas (valorização de alguns jogadores pode ser considerado em determinadas ocasiões, suspeita).
Longevidade: 9.6
Com mais de 20 países onde se poderá treinar desde a respectiva selecção nacional, até aos clubes das diversas divisões nacionais e ainda com um modo de jogo online para desfrutar com os amigos, temos jogo para durar, durar, durar…
Para os mais perfeccionistas e que pretendam ter uma Base de Dados o mais correcta possível, há muito para poder trabalhar, desde as equipas, aos jogadores, aos estádios e, pela primeira vez a possibilidade de criação ou alteração das próprias competições (quer nacionais, quer internacionais).
Embora em determinados pormenores, FM 2010 possa ser considerado como uma actualização da versão da época anterior, consegue novamente apresentar novidades de peso que ajudam a recriar a experiência dum treinador virtual duma forma mais completa. Ainda com algumas deficiências em areas menos cruciais, a nível de som, e a nível gráfico, cremos que a série se mantém no bom caminho. Contudo, fica a ligeira sensação que o gás começa a escassear, e que em breve se atingirá uma encruzilhada.
Mas isso é no futuro, pois por agora, vamos jogar FM 2010… jogar … jogar … jogar … pois Football Manager 2010 é, e continua a o jogador mais valioso no nosso plantel.