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Análise DmC: Devil May Cry (Playstation 3)

Ainda parece que foi no ano passado que joguei o primeiro Devil May Cry, para a Playstation 2. Com uma história algo diferente do que se fazia na altura e uma jogabilidade ambiciosa e intimamente ligada ao enredo do jogo, foi um titulo que pessoalmente me deu bastante gozo jogar e terminar (e tenho de confessar que o fiz a meias com a minha mulher).

Mais recentemente, em Janeiro deste ano, saiu para as lojas, DmC: Devil May Cry que, apesar de ter mais de 10 anos de experiência, mostra-nos um Dante que continua em boa forma.

Na companhia de Dante e de Virgil, o Pplware entrou na aventura por um mundo repleto de Anjos e Demónios.

Se muitos jogos são criticados por um fraco enredo e histórias pouco sólidas e cativantes, DmC: Devil May Cry é um dos outros exemplos em que a história consegue unir os pontos com uma qualidade estupenda.

Mundum, um super-demónio proveniente das profundezas, domina a sociedade actual. As populações terrestres encontram-se dominadas por Mundum, essencialmente por duas formas; uma bebida globalmente consumida (faz lembrar algo, certo??) e que tem uns aditivos novos, ou então por um sistema global de vigilância montado com o objectivo de controlar.

Assim sendo, numa sociedade refém de Mundum vamos deparar-nos inicialmente, com Dante a viver uma vida repleta de luxuria e prazer (algumas cenas iniciais são altamente spicy). No entanto, tudo muda com o aparecimento de Kat a avisá-lo de um perigo iminente. A partir daí, começa a nossa aventura e sempre a altas rotações e com muitos momentos de reflexão sobre o passado de Dante.

E é precisamente essa uma das particularidades do jogo que mais me agradou. A contínua descoberta de novidades sobre o passado de Dante à medida que o jogo evolui, encontra-se perfeitamente embebida na aventura e flui naturalmente, à medida que, de tempos a tempos vamos descobrindo pormenores  sobre a infância de Dante e que explicam, não só a história de DmC como também do próprio Dante e restantes jogos.

Salpicada aqui e ali com alguns momentos hilariantes, (como por exemplo quando Kat diz a Dante que o spray que usa para os portais de entrada e saída do Limbo é feito com Sémen de Esquilo ao que a reacção de Dante é a de limpar a mão ao casado dela) DmC vai-nos conseguindo manter agarrados ao comando, numa primeira instância por uma história interessante e sóbria mas em sintonia com o frenesim de massacre de demónios mais brutal que uma consola já viu.

A partir do momento inicial do jogo, entramos numa sessão frenética e empolgante de hack’n slash mas que, apesar de empurrar constantemente para uma jogabilidade a grande velocidade, por outro lado, também nos faz parar e olhar em volta.

Realmente o ritmo de DmC é impulsivamente elevado. O caminho a percorrer encontra-se pré-definido, o que é pena pois aqui e ali poderia haver uma maior liberdade de movimentos, mas existem diversos momentos de interesse espalhados pelos cenários que, se avançarmos ao ritmo imposto pelo jogo, corremos o risco de não descobrir. Por exemplo, existem variados objectos escondidos, ou portas que dão acesso a eventos especiais e na maior parte dos casos não se encontram imediatamente visíveis, pelo que quem quiser completar o jogo na íntegra tem de ter cabeça fria o suficiente para arrefecer a adrenalina e procura-los.

Conforme mencionei, a partir do momento em que Kat nos surge a avisar que vamos tê-la como apoio (indirecto) na nossa aventura. Na maior parte dos casos, Kat acompanha-nos nas nossas missões no Mundo Real ao mesmo tempo que Dante progride no Limbo. Esta mecânica em algumas secções do jogo está muito boa e o efeito gráfico de estarmos no Limbo mas vermos as sombras de Kat e do que se passa na realidade está muito bem conseguida e convincente.

Aliás, a nível gráfico o jogo está soberbo apesar de não ter gostado particularmente das animações intermédias.

Dante continua bastante atlético e com um estilo muito próprio, muito mais, urbano e actual. Mais acima indiquei que quando terminei o original Devil May Cry foi com a meias com a minha mulher e, creio que isso será a melhor prova de Devil May Cry sempre se tratou dum título cativante para homens e mulheres. DmC continua na mesma onda e chega mesmo a acrescentar um pouco de sex-appeal, especialmente para as jogadoras …

DmC apresenta-nos também, Dante duma forma muito mais humana que alguma vez o tenhamos visto, e à medida que nos afundamos na história somos confrontados com variados momentos mais fortes em termos sentimentais.

Se Dante se apresenta em boa forma física  por outro lado, também os Demónios mantêm a sua dose de imaginação e estão na maior parte bem desenhados, destacando os bosses que se encontram de tal forma repugnantes que estão mesmo a pedi-las.

Por falar em Demónios, eles são o prato forte do jogo. Existem dezenas de Demónios diferentes e cada um apresenta as suas principais forças e fraquezas que, temos de aprender a descobrir e dominar. Por exemplo, os Hunters são mais vulneráveis na cabeça pelo que temos de descobrir a melhor forma de o atacar aí. Este pormenor leva a que o jogo não caia na tentação de apenas martelar os botões para avançar mas que pense um pouco na melhor combinação a usar.

No entanto uma das coisas que poderia estar melhor é a dificuldade dos bosses. Apesar de serem mais difíceis de bater, estes Demónios mais fortes acabam por padecer dos mesmos problemas dos restantes. Basta-nos descobrir o melhor ataque para os derrotar e a partir daí é só repetir o ataque várias vezes. Apesar de haverem algumas secções do jogo nas quais o que interessa é a rapidez de execução, como por exemplo ir do ponto A ao ponto B em determinados minutos, na maior parte dos casos temos de combater e destruir hordas e mais hordas de demónios. Para tal temos um arsenal já nosso conhecido onde pontuam as Ébony e Ivory, a Rebellion, Osiris, Revenant, Arbiter e por aí afora.

Não estão todas disponíveis desde o início do jogo, sendo desbloqueadas à medida que avançamos na história.

Adicionalmente e consoante as nossas performances em cada nível, somos presenteados com créditos que nos permitem adquirir novas habilidades com cada uma dessas armas. Cada arma tem mais de 10 habilidades e torna-se bastante importante saber escolher as habilidades certas na altura certa. Nesse aspecto  o jogo acaba por perder um pouco do seu brilho pois na maior parte das vezes não se nota essa melhoria e a sensação predominante é que se mantém na mesma.

Cada arma tem os seus ataques próprios que são despoletadas essencialmente pelos botões ou então com combinações entre gatilhos e botões e cujas animações estão fantásticas.

As combinações possíveis de usar em combate são imensas e tão depressa podemos usar Osíris para lançar inimigos pelo ar, como podemos de seguida usar Arbiter para os esmagar no solo. Essa é uma das grandes mais-valias do jogo, a diversidade de combos possíveis e disponíveis em qualquer momento. Um dos outros pontos altos de DmC é também, o aspeto sonoro do jogo, especialmente as vozes.

Dante, Virgil, Kat, Mundum e restantes personagens têm representações espectaculares, sóbrias e com alma dando ao jogo uma grande dose de carisma e coração.

A única coisa que poderá eventualmente não fascinar muito os jogadores é a banda sonora. Baseada em faixas de Metal bastante puxado, quem não aprecie o género, pode-se sentir algo deslocado. Pessoalmente, acho que as faixas escolhidas encaixam perfeitamente e inclusive, um dos Demónios Boss do jogo parece Dani Filth dos Craddle of Filth. 🙂

DmC é também um jogo de plataformas e com o recurso à Osiris por exemplo, podemos navegar no Limbo entre plataformas afastadas. Existe ainda a possibilidade de Dante planar a meio dos saltos. As secções de plataforma pura são, na sua maioria simples e sem muita inovação, mas mesmo assim encaixam bem na mecânica do jogo.

O sistema de pontuação no final de cada missão está bem conseguido e leva a que se sinta uma necessidade de fazermos as coisas bem ou de tentarmos cada vez mais, fazer melhor. No final de cada secção, recebemos uma pontuação por variados factores  desde número de Demónios destruídos, número de vezes que usámos itens para nos salvar, pela rapidez a chegar ao final…. e isso impele-nos a tentar sempre melhorar as nossas performances.

 

Nota Final- 8,5

[0…....10]

 

DmC é um jogo com o qual é fácil perder o norte às horas de jogo. É um jogo que nos agarra, quer seja pela sua jogabilidade acelerada, quer seja pela sua mecânica já tradicional ou mesmo pela história bastante sóbria e nos deixa constantemente a querer avançar mais, a querer passar mais um boss, a entrar mais um pouco no Limbo. Mais de uma dezena de horas de jogo que asseguram que DmC será uma surpresa agradável para quem o jogue pela primeira vez, bem como um bom refresh para os restantes. DmC é um titulo a ter em conta, sem dúvida, pois consegue fazer precisamente aquilo a que se propõe, divertir o jogador. Se todos nós temos de exorcizar os nossos Demónios, DmC pode ser bem um bom ponto de partida.

 

Gráficos: 8,8

Gráficos bastante bons, apresentando um Dante repleto de estilo e sex-appeal. Os restantes personagens principais encontram-se sóbrios e também eles com estilos muito próprios. Os Demónios estão bem desenhados no geral mas os Bosses estão fantásticos. Animações intermédias algo pobres.

 

Som: 8,8

Banda sonora que, apesar de se gostar ou não, encaixa na história e ambiência do jogo. Excelentes interpretações dos actores que deram voz aos personagens. Restantes efeitos sonoros não desiludem.

 

Jogabilidade: 8,5

Facilidade em se entrar no jogo, não consistindo em martelar botões. Necessidade de estudo dos Demónios, especialmente os Bosses. Encadeamento de várias combos pode ser complexo, mas é gratificante no final. Pena a linearidade exagerada dos cenários.

 

Longevidade: 8,0

Os nossos Demónios acompanham-nos até ao nosso leito mortal. Muito jogo para desbravar, sendo de lamentar a inexistência do multiplayer.

Género: Aventura / Hack’n Slash Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360, Windows PC Homepage DmC: Devil May Cry

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