Com quase 100 anos de existência, a Marvel é uma das marcas mais antigas de banda desenhada apresentando alguns dos super-heróis mais conhecidos e preferidos, de muitos de nós.
Basta mencionar Wolverine, Captain America, Hulk ou Spiderman para compreender a dimensão da marca Marvel e suas personagens.
No entanto, existem outros heróis, muitas vezes escondidos nas sombras que também merecem o seu lugar de destaque, e recentemente foi lançado um jogo a homenagear precisamente um desses personagens Marvel, Deadpool.
O Pplware já jogou com este pouco convencional super-herói e, de uma forma completamente insana … gostou.
Deadpool, para os que não conhecem é um dos mais insanos super-heróis do mundo dos super-heróis. Antigo mercenário e vilão, tornou-se no cobaia do Programa Weapon X (o mesmo de Wolverine) que fez dele um super-herói cujo principal poder é o de se auto-regenerar, não podendo praticamente morrer.
Deadpool, ou Wade Wilson, surgiu pela primeira vez em 1991 e é … como hei-de dizer … completamente doido. O homem tem graves problemas mentais e ao longo do jogo vamos-nos deparando com muitos exemplos.
A ajudar à festa, Deadpool apresenta ainda uma outra particularidade que ainda aumenta mais o seu grau de loucura: Deadpool tem plena consciência que é um herói de banda desenhada e que está a ser jogado pelo jogador. Se o tipo já é maluco, imaginem agora, transportar essa loucura para fora do jogo, apontando-a na nossa direcção.
Pessoalmente considero esta particularidade, um dos pontos fortes do jogo. A forma como a equipa da High Moon criou e materializou a loucura de Deadpool está perfeita e são inúmeras as ocasiões em que, se estivermos atentos aos seus comentários, damos por nós com um sorriso na cara. Por exemplo, em dada altura, estava numa sala vazia e disparei uns tiros contra um candeeiro. Sem demoras o nosso herói exigiu saber “porque raio estava eu a disparar contra um candeeiro e que isso não nos iria ajudar em nada“.
Outro exemplo da forma muito própria como Deadpool se apresenta é quando por exemplo, se queixa durante o jogo do facto da equipa da High Moon ter tido um orçamento tão pobre para o jogo.
Deadpool é, um dos personagens de videojogos mais alucinados com que se pode jogar. Se houvesse uma receita, poder-se-ia dizer que Deadpool é uma mistura de duas doses de insanidade, duas doses de comicidade, duas doses de descaramento (as boas às miúdas e aos seus seios estão brutais) e mais duas doses de carisma.
Deadpool é, também, um herói de acção e apesar de toda esta loucura que o acompanha, consegue ter uma presença forte e uma jogabilidade sólida. Trata-se de um jogo de acção onde reinam as influências de Hack’n Slash e Shooter (na terceira pessoa). Temos, ao nosso dispor, ao longo da aventura uma série de armas que vão desde as espadas, às armadilhas para urso passando pelas pistolas e shotguns.
Tal variedade de armamento leva o jogador a ter um pouco mais de opções de escolha na forma como encara o jogo o que é um ponto forte. A utilização das armas mais físicas, como as espadas ou martelos permite também ao jogador adquirir pontos Deadpool consoante as combinações de ataques que consiga encadear. Quanto mais hits sucessivos, mais pontos Deadpool e com esses pontos podem-se comprar novos armamentos.
A fórmula é simples e não inventa muito, no entanto apresenta um problema de repetitividade gritante. 80% do jogo é passado a lutar contra dezenas e dezenas de clones inimigos que atacam quase sempre da mesma forma estúpida e sem grande Inteligência Artificial a suportar.
Outro aspecto menos bom é o facto de o jogo permitir aos jogadores mais “calões” um martelar sucessivo nos botões de ataque. Creio que tanto o jogo, como os jogadores, tirariam muito mais vantagens se fossem “obrigados” a pensar mais nos ataques e tácticas a usar.
No entanto há mais valias claras em variarmos os nossos ataques, pois quanto mais combos e ataques elaborados fizermos, mais pontos de experiências (pontos Deadpool) ganhamos e assim mais armas e ataques conseguimos comprar. Os ataques de Deadpool são bastante interessantes e com uma quantidade imensa de ataques e combinações a desbloquear vão evoluindo positivamente ao longo do jogo.
Contudo, no uso das armas de fogo, existe uma falha, que por vezes é estranhamente chata. O auto-lock da mira das armas nem sempre funciona, seja por não fazer o lock no inimigo certo ou mesmo por, não fazer lock a rigorosamente nada. É estranho e interfere com o rumo dos acontecimentos.
Existe ainda uma típica barra de super-ataques que, quando cheia permite levar a cabo a ataques encadeados de grande espectacularidade e destruição (premindo em simultâneo L2+X). Contudo, fica a sensação de que esses ataques são úteis apenas nos combates com os Bosses, que são bastante mais exigentes que o resto dos adversários. Aliás, os combates com os Bosses correspondem na maior parte das vezes a um salto abismal no nível de dificuldade que acaba por ser estranho.
Um outro aspecto que ainda não mencionei e que, quem conhece Deadpool decerto está a par, é a sua capacidade de se teleportar durante um combate. Este poder é bem-vindo e traz outra componente estratégica ao jogo, especialmente quando estamos já com pouca energia e rodeados de inimigos. Basta pressionar Circulo e aparecer um pouco atrás dos adversários e cortando-os ao meio com ataque de espada.
Aliás, deixem que vos diga que Deadpool não se poupa a esforços quando nos quer presentear com a violência dos nossos ataques e sangue e desmembramentos são comuns em campo de batalha.
Deadpool apresenta ainda um tímido incentivo à exploração dos mapas, com a colocação de alguns itens escondidos (maioritariamente munições, armas ou pontos Deadpool).
Durante o jogo, existem variadas ocasiões em que a High Moon criou algumas quebras na acção que são bastante bem-vindas. Seja através de variados mini-jogos ou de secções de narrativa, trazem lufadas de ar fresco ao jogo, evitando que se torne demasiado cansativo e adicionando enredo, loucura e outros personagens à história.
Deixei para o fim um dos pontos fortes do jogo, o som. Atrás de Wade Wilson encontra-se um senhor actor de nome Nolan North e que faz um trabalho excepcional. Tirando o facto de ser apenas em inglês, Nolan que já deu voz a outros jogos de vídeo (The Last of Us ou Assassin’s Creed) criou um Deadpool eternamente com a “goela aberta“. Seja a criticar o jogador, o próprio jogo, a equipa da High Moon, Deadpool é mordaz e insano até ao tutano. Um dos super-heróis que mais carisma ou personalidade tem … num sentido doentiamente insano, claro.
Nota Final- 6,7
[0……....……10]
Apesar de não ter achado Deadpool um daqueles jogos que fica na memória para todo o sempre, gostei do jogo e, especialmente, do personagem. Deadpool é um herói completamente atípico que não encaixa de todo na convenção do que é um super-herói. As interacções entre Deadpool e o jogador, ou com a equipa de desenvolvimento estão deliciosas e acrescentam uma pitada de sal que apenas peca pelo facto do alimento principal ser pouco apetitoso. Sinceramente acho que faltou à equipa da High Moon um pouco mais de audácia e arriscar um pouco mais, evitando assim a falta de novidade e o se tornar demasiado repetitivo. Talvez o baixo orçamento de que Deadpool se queixa no jogo tenha sido a principal razão mas, é pena, pois Deadpool é um dos super-heróis mais carismáticos da banda desenhada e videojogos.
Gráficos: 6,8
Deadpool sobressai visualmente num jogo que está fiel à banda desenhada mas, que poderia arriscar um pouco mais. Alguns cenários encontram-se demasiado pobres e com texturas fracas.
Som: 7,7
A grande mais-valia do jogo. O excelente trabalho de voz de Nolan North dá alma e carisma a Deadpool e, gostei bastante da faixa que acompanha o menu do jogo. Podem ouvir aqui.
Jogabilidade: 6,5
Apesar de não apresentar grandes problemas, nem de ter um grau de dificuldade muito elevado, o que é certo é que também não inova nem arrisca. Deadpool, até pela sua irreverência merecia uma jogabilidade mais ousada.
Longevidade: 6,0
Perto de 10 horas de loucura para completar a campanha, apenas acompanhado por um Modo Challenge com um punhado de cenários do jogo principal, nos quais se luta contra vagas de inimigos.