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Análise Cyberpunk 2077 (Xbox One)

Este é um momento há muito ansiado. Cyberpunk 2077, o novo jogo da CD Projekt, anunciado no longínquo ano de 2012, chegou finalmente às mãos dos jogadores de todo o mundo. Assim, todas estas expetativas foram criadas, porque os estúdios em questão foram  também os responsáveis por um dos melhores RPG de sempre: The Witcher 3.

O Pplware já experimentou Cyberpunk 2077. Fiquem então com a nossa análise ao tão aguardado novo jogo da CD Projekt.


Análise Cyberpunk 2077

Um dos jogos mais esperados do ano já chegou. Pelas mãos dos estúdios da CD Projekt, foi lançado a meio de dezembro, Cyberpunk 2077.

A alta antecipação para este jogo é de fácil explicação, ou não fosse a CD Projekt os responsáveis pela adaptação de The Witcher ao mundo dos videojogos, tendo os jogos, que daí originaram, obtido enorme sucesso comercial e alcançado o estatuto de uma das melhores séries de RPG que se pode jogar.

No entanto, se em The Witcher tínhamos um aspeto de fantasia medieval, em Cyberpunk 2077 temos precisamente o contrário. Um universo futurista, onde os implantes cibernéticos são do mais comum que existe em todos os sectores da sociedade, mas que nem por isso evita os problemas que perpetuam na mesma.

Antes do lançamento, a companhia polaca prometeu um jogo ambicioso, uma cidade com uma escala inédita, gráficos fantásticos, jogabilidade imersiva e uma narrativa onde as nossas escolhas teriam impacto na história, tal como foi possível experienciar em The Witcher 3.

Em Cyberpunk 2077 vamos assumir o papel de V – Vincent ou Valerie, um personagem completamente customizável da cabeça aos pés.

A primeira escolha a fazer é o background de V. É possível escolher entre: Nomad, Corporate ou Street Kid, e esta escolha influência desde logo a missão inicial do jogo.

Por exemplo, ao escolher Nomad vamos começar nas periferias de Night City, onde teremos de ajudar alguém a fazer entrar contrabando na cidade. Independentemente na vossa escolha de background, há uma constante nas missões, que é conhecer Jackie Welles, que se tornará, eventualmente, no melhor amigo de V.

Numa outra missão, com a ajuda de Jackie, vamos ter de assaltar a penthouse de um hotel, com o intuito de roubar uma relíquia a Yorinobu Arasaka, o herdeiro da corporação Arasaka. Como seria de esperar, as coisas dão para o torto e para salvar a relíquia, um biochip, V insere-o na sua própria unidade mental.

É aqui que as coisas começam a dar para o torto para o nosso personagem, uma vez que este bioship possuí a mente de Johnny Silverhand – interpretado pelo ator Keanu Reeves, um músico revolucionário que tentou no passado destruir a corporação Arasaka.

Com o bioship na cabeça, V consegue comunicar mentalmente com Johnny e até experienciar momentos vividos por este. Só existe um pequeno problema, as duas mentes começam a colidir e o bioship não pode ser removido, ou ambos morrem.

A história é sem dúvida um dos pontos altos do jogo. É bastante cativante, original quanto baste e com alguns twists à mistura, para além disso é muito bem auxiliada por um conjunto diversificado de personagens interessantes, que vamos conhecendo ao longo do percurso, seja nas missões principais ou nas missões secundárias.

Ao contrário de The Witcher, a jogabilidade de Cyberpunk 2077 é feita na primeira pessoa, sendo este o primeiro jogo que a CD Projekt lança nesta perspetiva e isso é algo que se nota logo no primeiro confronto com armas de fogo.

Mesmo após configurar a sensibilidade dos analógicos nas opções avançadas, nunca consegui obter a sensação de completo controlo quando apontava e disparava, daí que o meu tipo de jogo tenha convergido mais para uma abordagem furtiva a usar o arsenal cibernético à disposição.

O jogo é um mundo aberto, e Night City, a cidade onde decorre o jogo é absolutamente fantástica, e o aspeto futurista de uma metrópole foi conseguido na perfeição. É viciante explorar os recantos da cidade, fazer missões aleatórias, evoluir as nossas habilidades e adquirir novos implantes cibernéticos.

Existem três categorias diferentes que podemos subir com as atividades que fazemos: a reputação de rua, as habilidades e os atributos.

A reputação de rua vai desbloqueando novas missões secundárias, vendedores e implantes cibernéticos que podemos adquirir, é completamente opcional, mas os melhores implantes só são desbloqueados com um nível elevado de reputação. Estes implantes podem alterar o nosso nível de resistência, regenerar vida, dar saltos maiores, etc.

Os níveis de habilidade e atributos são o clássico de qualquer RPG. Os pontos de atributo sobem conformem a nossa jogabilidade, ou seja, se usarmos armas de fogo, vamos subir esse atributo e ganhar pontos, que se podem gastar na lista de aptidões de qualquer atributo.

Os pontos de habilidade conferem aumentos graduais a cada nível que subimos, para além disso desbloqueiam algumas opções de conversa, de hacking de terminais, abertura de portas, etc.

A maneira como se aborda um confronto depende inteiramente do jogador. Tanto se pode ir pelo caminho mais direto, de arma nas mãos e matar tudo o que aparece à frente, ou então explorar caminhos alternativos, criar distrações, hackear as câmaras de vigilância para identificar possíveis perigos, etc.

Um dos maiores problemas do jogo é sem dúvida a inteligência artificial, que é muito má e dá para questionar no que raio estava a pensar a CD Projekt quando achou estar em condições para o lançamento.

A título de exemplo, quando cometemos uma infração a polícia aparece instantaneamente a poucos metros de nós, como que por magia, independente do sítio de onde estejamos. Outro exemplo são os condutores, se pararmos a nossa viatura no passeio, mas se por acaso as rodas estiverem na estrada, então vamos originar uma autêntica fila de trânsito. Ainda mais um exemplo, se um inimigo nos detetar, automaticamente todos os outros inimigos na área passam a estar alerta.

Os gráficos do jogo alternam entre o fantástico e o medíocre. Mesmo ignorando os bugs visuais, como objetos a flutuar e o clipping, existem outros elementos que são impossíveis de não notar, como os modelos dos NPC’s a serem regenerados assim que se retiram e voltam a entrar no campo de visão, o mesmo acontece para as viaturas, o que quebra imenso a imersão no jogo.

O pop-in também é super agressivo e difícil de ignorar, tal como alguns glitches visuais em sombras que aparecem e desaparecem repentinamente, e ainda um dos mais ridículos que já vi e que é uma constante durante o jogo, que são as viaturas apenas com uma das luzes ligadas.

Algumas das texturas também são bastante fracas, o mesmo pode ser dito das animações dos NPC’s que apenas populam o jogo. Muito longe do que foi sendo mostrado nos vídeos antes do lançamento.

Num lado mais positivo, a cidade em si e principalmente à noite é um espetáculo visual, com imensas luzes e reflexos. Os modelos dos personagens com que podemos interagir também são bastante bons. As viaturas também estão bastante boas, tanto nos interiores como nos exteriores.

Tecnicamente, o jogo é mau, isto na Xbox One X. Verdade seja dita, à saída desta análise, o patch 1.06 já encontra disponível e melhorou um pouco a performance.

Apesar disso é insuficiente para ter uma experiência de jogo agradável. A resolução é baixa, pouco acima dos 1080p, o que prejudica a nitidez da imagem, e os frames ficam a oscilar de cada vez que existe demasiados objetos no ecrã.

Veredicto de Ricardo Correia

Cyberpunk 2077 é um jogo que precisava de mais tempo de desenvolvimento, de mais polimento e de mais consideração por parte da CD Projekt para com os jogadores que tiveram uma geração inteira à espera do seu lançamento.

Claro que nem tudo é mau e se os aspetos menos conseguidos que foram mencionados não vos incomodarem, então podem atirar-se de cabeça a Cyberpunk 2077, uma vez que as missões e a história são bastante boas e a jogabilidade tem os seus momentos bons.

Cyberpunk 2077

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