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Análise Crysis 2!

Quando saiu para as lojas, em 2007, um jogo de nome Crysis creio não ser exagero afirmar que toda a comunidade foi apanhada de surpresa. Tanto gamers como a critica especializada ficaram imediatamente rendidos à qualidade apresentada pelo título que foi inovador e ambicioso para a altura a diversos níveis. Passado numa ilha paradisíaca, com uns gráficos não menos paradisíacos, o jogo apresentava-nos um enredo interessante e que conseguia ir aumentando o ambiente de expectativa do inicio ao fim enquanto tentávamos descobrir o que se passava de errado com a ilha. Como principal aliado tínhamos o nosso Nanosuit, um fato inovador e revolucionário que nos conferia boosts temporários dos nossos poderes tais como a rapidez, a camuflagem, a força e a armadura.

Pessoalmente, achei na altura, que Crysis era um dos melhores que já tinha tido o privilégio de jogar, e mesmo hoje em dia, há jogos que ainda não conseguem atingir tamanha união entre a acção, estratégia e táctica duma forma tão fluída, coerente e imersiva.

Será que Crysis 2 o consegue também?

Crysis 2 arranca em 2023, 3 anos depois dos eventos do primeiro Crysis e encontra-se localizado em Nova Iorque, que se encontra numa espécie de redoma militar após estranhos acontecimentos que envolvem uma invasão alienígena, um estranho vírus e uma companhia com finalidades obscuras, terem levado ao seu isolamento. Na pele dum marine somos transportados por submarino para tentar resgatar um médico, Nathan Gould, que ficou para trás para encontrar a cura para o vírus mas, algo corre mal e somos o único sobrevivente da equipa de resgate. Salvos pelo Prophet (original), que entretanto morre, tomamos o seu lugar e equipamos-nos com o seu Nanosuit 2.0 e encetamos o resgate do médico …. Com aliens e soldados pelo caminho, eis a premissa para o jogo.

Gráficos- 9.5

Se no Crysis original, uma ilha paradisíaca dava todo um contexto colorido e verdejante para que a vertente gráfica pudesse ser bem explorada, em Crysis 2, Los Angeles encontra-se retratada duma forma brutalmente perfeita. Os prédios, os carros, a água (ó meu Deus, a água), os destroços, as árvores, os jardins que quase nos convidam a sentar e a apreciar a paisagem … tudo encontra-se com uma dose de detalhe, realismo, autenticidade que nos deixa de boca aberta e, por vezes, ausente do jogo apenas para apreciar.

Seja à superfície, pelos esgotos, metro, pelo ar … Manhattan mantém sempre a sua autenticidade e beleza.

É pena que a maior parte dos edifícios esteja inacessível … e que não os possamos explorar, bem como a maior parte do terrenos e estejamos cingidos a um percurso mais ou menos delimitado (na maior parte dos casos).

Os adversários, quer sejam soldados, quer sejam os aliens encontram-se tão realistas que parece que estamos dentro dum filme. Aliás, a interligação entre o jogo e alguns momentos cinemáticos de ligação estão tão perfeitos que nem se nota a diferença.

Graficamente o jogo está um assombro e o motor do jogo CryENGINE 3 está de parabéns, especialmente por conseguir criar todo este mundo, e tudo nele duma forma bastante suave e leve mesmo para um PC que não seja um topo de gama.

Som- 9.0

Muitas vezes criticamos os jogos por, além de terem efeitos de som espectaculares como explosões e tiros, terem as vozes demasiado mortiças ou demasiado falsas, como se alguém estivesse a ler um guião. É claro que isso acontece, mas em Crysis 2 acontece duma forma tão natural que sentimos mesmo que as coisas estão a acontecer. O nosso companheiro de viagem, Dr. Nathan Gould, que aqui ou ali vai entrando em contacto connosco, consegue transmitir um certo carácter de urgência a toda a situação e consegue mesmo colocar-nos aquela pressão salutar para eu façamos bem, o que tivermos a fazer.

Quanto aos tiros, explosões, colisões, gritos dos aliens … está tudo lá, e de tal forma que, quando jogamos, parecem estar mesmo a acontecer à nossa frente. Com um bom sistema de som instalado os efeitos sonoros assustam, gratificam, alegram ….

Não poderia deixar de referir que a épica banda sonora (autêntica obra de arte) encontrou-se sob a orientação de Hans Zimmer (responsável pelas bandas sonoras da 7ª Arte, como por exemplo Gladiador).

Jogabilidade- 9.1

Se no Crysis original a jogabilidade era, não retirando a importância relativa aos restantes aspectos do jogo, o ponto-chave, em Crysis 2 e com o seu Nanosuit 2.0 ainda mais se verifica.

Tenho estado a tentar evitar repetir muitas vezes os adjectivos, “brutal”, “fenomenal”, “espectacular” … mas desta vez vou mesmo ter de os usar. O jogo está brutal, fenomenal e espectacular.

O Nanosuit foi ligeiramente alterado da versão 1.0 para Crysis 2. Apresenta agora uma maior customização, que pode ir desde ao tipo de sensibilidade na detecção a ameaças virologicas a um maior poder de ataque. Tais customizações podem ser possíveis graças à existência de mais de 50 módulos para o Nanosuit para as categorias de Armadura, Camuflagem e Armamento.

Uma alteração incluída e que e torna positiva e coerente, é o facto já não apresenta a opção de aumentar a Força, tomando como garantia que o próprio fato já se encontra por defeito com essa opção activa.

De qualquer forma este novo Nanosuit apresenta-nos todo um conjunto de opções tácticas que nos permite um grande leque de acção e postura no jogo. Podemos tentar passar despercebidos à maior parte dos inimigos, podemos tentar atacá-los de surpresa com a camuflagem ao máximo até ao pé deles … enfim … são tudo opções válidas que teremos de tomar mas, atenção…. Não pensem que é só escolher qual a melhor abordagem e avançar. É preciso tentar perceber o ambiente que nos rodeia, pelo que estar atento e fazer uma boa análise inicial será a melhor maneira de avançar. Até porque os adversários por vezes encontram-se onde menos prevemos e, embora a IA deles por vezes nos faça surgir uma risota (em determinada altura dum combatem um soldado inimigo veio procurar refugio do meu ataque, no mesmo pilar onde eu estava escondido … mesmo ao meu lado… será escusado dizer o que lhe aconteceu), em grande parte das situações procuram refúgio e armam-nos ciladas. Nestas alturas torna-se bastante importante o recurso a acessórios como por exemplo binóculos ou a visão por infra-vermelhos.

Quanto à IA dos Aliens apresenta por vezes comportamentos algo infantis também, adoptando na maior parte das vezes uma postura de peito contra as balas.

No entanto os Aliens têm uma particularidade muito interessante neste Crysis 2, que é o facto de, mesmo não estando no mesmo cenário onde nos encontramos, estamos constantemente a recear vê-los saltar duma janela, dum telhado, duma ponte na nossa direcção e isso ajuda e de que forma a recriar todo um ambiente quase claustrofóbico e de ansiedade.

No entanto, no cômputo geral, e fora estas falhas ocasionais, os combates são rijos e os adversários bastante rijos de roer, levando-nos muitas vezes a um recomeço do Checkpoint anterior.

Matar um Alien é motivo de regozijo por diversas razões, e uma mais, deveras importante que é o facto de no leito da sua morte deixarem cristais que nos permitem comprar upgrades para o Nanosuit e armamento.

A existência desses checkpoint é, na minha perspectiva o ponto mais fraco do jogo e que poderia ser melhorado. A não existência de opção de SAVE, é por vezes frustrante, pois há certas partes do jogo que se tornam difíceis de passar e que geralmente já são algo afastadas do último checkpoint, pelo que quando morremos teremos de refazer o caminho todo até lá chegar e isso …. é chato.

Uma coisa que já mencionei ao inicio desta análise, é a liberdade de movimentos. Se no Crysis original, o ambiente duma ilha oferecia o cenário perfeito para a livre exploração, em Manhattan as coisas encontram-se ligeiramente diferentes (embora ache que poderiam ser melhores). Geralmente temos um caminho genérico a fazer, e embora o possamos fazer de modos diferentes e usando tácticas diferentes, existe um quase percurso obrigatório. Perde-se um pouco a noção de livre exploração que o cenário citadino nos oferece.

No entanto, continua a ser possível perdermo-nos e a existência de marcas no ecrã que apontam a direcção do objectivo e a sua breve descrição torna-se numa útil ajuda.

Quanto à dificuldade, Crysis 2 apresenta uma curva de aprendizagem pouco acentuada, mas que mesmo assim ainda demora algum tempo a interiorizar. É um daqueles jogos que quer se seja um gamer mais batido no género, ou um curioso por FPS, o grau de satisfação será certamente sempre elevado.

Longevidade- 9.0

O SIngle player de tão bom que é, poderá sempre soar a pouco, mas podemos sempre repetir o jogo ou as missões individualmente. É um daqueles jogos que merece a pena repetir, nem que seja, para tentar usar outro tipo de postura, de acção, de táctica …

O Multiplayer foi uma das áreas de maior investimento em Crysis 2 e ainda bem. É extremamente viciante jogar online nos modos tradicionais de Capture the Flag, ou DeathMatch. Com inúmeras possibilidades de, com a experiência adquirida, comprar novos upgrades para o Nanosuit , novos kits, armamentos é uma mais valia …

Nota Final- 9.1

Em tempo de crise, Crysis 2 é sem dúvida uma lufada de ar fresco. Visualmente espectacular, apresenta-nos um enredo cativante e conspirativo, e uma jogabilidade envolvente que, quando compilados, resultam num jogo viciante e altamente imersivo e desafiador, que nos transporta automaticamente bem para dentro do próprio Nanosuit. A aposta da Crytek em mudar o cenário da selva paradisíaca para a selva de betão foi um pouco arriscada, mas exceptuando a menor sensação de liberdade de movimentos, foi uma aposta bem ganha.

Certamente um dos melhores jogos de 2011, e altamente recomendado!


Plataforma: PC


Homepage: Crysis 2.

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