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Análise Beyond: Two Souls (Playstation 3)

Com o apoio de Joel Caetano!

Hoje em dia cada vez mais os videojogos parecem filmes e alguns até superam mesmo a qualidade dos filmes.

Aliás, há jogos que são autênticos filmes, quer seja em enredo, interpretação, banda sonora, elenco, … Beyond: Two Souls é um desses filmes … perdão …. Jogos.

Depois da Quantic Dream ter lançado um dos grandes jogos da PLaystation 3, Heavy Rain, eis que a produtora decide lançar outro grande exclusivo baseado em QTE’s (Quick Time Events) para a consola, Beyond: Two Souls.

Conta com actores conceituados como Willem Dafoe e Ellen Page nos papéis de Nathan Dawkins e Jodie Holmes, respectivamente e que, ao longo do desenvolvimento do jogo, se manifestaram por várias ocasiões de uma forma bastante entusiástica sobre o que Beyond representa, tanto para eles, como para a Indústria. (ver aqui, aqui ou aqui).

Este é um dos jogos em que o mais importante é mesmo a narrativa, não deixando de lado também a jogabilidade.

A excelente narrativa de Beyond é certamente o grande trunfo para o sucesso do jogo pois este tipo de jogabilidade sem uma boa história que consiga rodear e absorver o jogador, corre o sério de se tornar cansativo.

Falando na narrativa, Beyond: Two Souls conta a história de Jodie Holmes ao longo de 15 anos da sua vida, desde que é uma pequena criança, até atingir a idade adulta. Mas a história é contada em desordem cronológica, começamos a jogar um capítulo numa fase da vida de Jodie e no capítulo seguinte podemos estar noutra fase, mas no passado.

Esta forma de contar a história pode ser um bocado confusa, mas estando atentos à história é muito fácil de acompanhar, visto que também existe uma linha cronológica entre os capítulos para mostrar em que fase da vida de Jodie é que o capitulo se insere.

Aliás, estes saltos cronológicos na história acabam por ir ganhando forma e por nos entregar um enredo digno de um Óscar. Trata-se de uma mecânica extraordinariamente bem pensada para nos manter agarrados ao jogo e na expectativa.

Jodie parece uma rapariga completamente normal, mas o que a distingue das outras crianças é que ela nasceu com uma ligação psíquica com uma entidade invisível sobrenatural, o Aiden. Por causa dessa entidade, as outras pessoas tratam-na de maneira diferente e põem-na de lado, por acharem que ela é um monstro.

Aiden pode ser considerado uma maldição que Jodie carrega desde que nasceu, mas a verdade é que a ajuda quando ela precisa e protege-a quando alguém lhe tenta fazer mal. Vemos por exemplo, no início ela a queixar-se dele e que quer que ele desapareça, mas, com o desenrolar da história, ela já se preocupa com ele.

Não querendo contar muito da história, visto que é o mais importante, mas há um certo capítulo quando Jodie é já uma adolescente em que está naquela fase da “maluquice”, ela decide sair do quarto a força toda para ir a um bar. Quando ela chega ao bar, sofre uma tentativa de violação e Aiden, agindo em sua defesa, mata os homens.

Em termos da jogabilidade, como referi acima, podemos controlar Aiden, não só quando nos é pedido, mas sempre que quisermos (bastando para isso pressionar o triângulo). Ao controlá-lo podemos ouvir conversas, “possuir” pessoas, etc. Aiden pode também atravessar paredes e pisos, mas não se pode afastar muito de Jodie porque estão ligados por uma espécie de cordão.

Conforme vimos, Aiden tem o poder de controlar outras personagens do jogo. Isto torna-se particularmente útil em determinadas secções do jogo onde é necessário que uma terceira pessoa faça algo para desbloquear a situação. No entanto, é pena que seja demasiado script-based e que apenas determinados NPCs possam ser possuídos.

Aiden, consegue ainda ajudar Jodie quando ela se aleija ou então criar uma espécie de bolha de protecção em torno de Jodie quando ela se encontra em perigo de colisão (como por exemplo quando, numa secção do jogo, ela tem de saltar de um comboio em andamento).

O controlo de Jodie é muito simples, o analógico esquerdo para andar e o direito para olhar (Não houve uma única parte em que tenha notado movimentos robóticos, o que é muito bom). Quando temos que interagir com os cenários, temos que mover o analógico direito para um ponto branco que aparece para executar a acção desejada. No caso de estarmos a controlar Aiden, aparece um ponto azul no qual temos que fazer umas certas combinações, tanto para o combate como para a resolução de puzzles.

Existem ainda diversas ocasiões em que temos de reagir de acordo com o que se passa no ecrã e apesar de na maioria das vezes seja apenas necessário premir R1 e os analógicos, ou simplesmente pressionar um botão, existe outras em que temos de premir repetidamente (também conhecido como martelar o botão) o botão X, por exemplo. Contudo a variação entre ambas as mecânicas encontra-se equilibradamente feita e não se torna demasiado chato.

O jogo também pode ser jogado em cooperativo, graças a uma aplicação para smatphone que serve de controlador.

Graficamente, o jogo está soberbo, se acharam que Heavy Rain tinha bons gráficos, então vão ficar encantados com este. As expressões faciais estão do melhor que já vi num videojogo, não há expressões repetidas e tudo sai de forma natural.

A banda sonora é umas das coisas mais importantes no jogo, tanto nas cenas de suspense, acção e mesmo de tristeza e solidão.

As vozes estão a muito bom nível, transmitindo os sentimentos da cena em questão para a voz. E, como não podia deixar de ser nos exclusivos da Sony, este jogo encontra-se totalmente em português de Portugal, tanto os menus e legendas como as vozes, interpretadas por actores portugueses como Joana Santos no papel de Jodie Holmes, Rogério Samora no papel de Nathan Dawkins, Rui Unas no papel de Cole Freeman e Ricardo Pereira no papel de Ryan Clayton.

Mesmo sendo um jogo para um povo mais adulto, é sempre bom podermos jogar um grande jogo como este na língua de Camões.

Beyond Two Souls é uma viagem alucinante cheia de acção, suspense e emoções fortes. Há várias reviravoltas e surpresas. Pode ser um pouco confuso por ser contado e desordem cronológica, mas eu acho que assim ficou muito mais interessante e ficamos na expectativa do que vai acontecer a seguir.

A determinada altura há uma sequência de imagens quando Jodie faz uma fuga de motorizada, enquanto somos perseguidos por um helicóptero da polícia. Essa secção está simplesmente brutal, na qual a camara oscila entre uma perspectiva por detrás da moto e outra perspectiva aérea (do helicóptero) fazendo lembrar as grandes perseguições cinematográficas de alguns filmes de Hollywood.

O jogo peca num aspecto quando, durante um combate ou uma combinação qualquer, se falharmos não há penalização, continua até acertarmos. Portanto é impossível perder neste jogo.

Para quem jogou Heavy Rain, aconselho vivamente este jogo, porque se gostaram de Heavy Rain, de certeza que também vão gostar deste.

No entanto, como principal deficiência de Beyond, encontro apenas a pouca liberdade de acção. O jogo é muito scriptado e não existe muita liberdade para o jogadora investigar ou apenas deambular pela cidade. Está tudo muito dependente de determinadas situações. No entanto, se encararmos Beyond como um filme animado e interactivo, tal falta de liberdade não prejudica o jogo …

O jogo tem vários finais diferentes (12 no total) e passa-se numa média de 9/10 horas, mas como neste jogo as decisões que tomamos não têm assim tanta influência na história, torna-se cansativo estar a repetir tudo outra vez para mudar só umas partes nos capítulos finais do jogo.

Estamos numa era em que os jogos se estão a aproximar cada vez mais dos filmes e isso é muito bom, uma vez que, principalmente em jogos como este, a história é um factor muito importante num videojogo.

Jodie deixa saudades …

 

Nota Final- 9,2

[0…....10]

 

Beyond: Two Souls não é um simples jogo. Trata-se de uma experiência interactiva com sentimento e que desperta em nós um vasto leque de emoções enquanto a jogamos. É uma aventura dentro e fora do ecrã que nos agarra do primeiro ao último momento. Uma delicia para quem gosta de ler um bom livro ou de assistir a um grande filme mas, com a vantagem de neste caso fazer parte do mesmo. E realmente é isso que Beyond consegue. Consegue fazer-nos crer que tudo aquilo é real e que nós fazemos parte da vida de Jodie e Aiden.

 

Gráficos: 9,5

Gráficos brutais onde os personagens têm as expressões faciais mais realistas jamais vistas em jogos. O trabalho feito com a câmara está quase perfeito, tirando algumas teimosias e emperranços pontuais. As entidades podiam ser melhor trabalhadas.

Som: 9,7

Os sentimentos traduzidos em melodias. Notas musicais com paixão, dor, pena, sofrimento, mágoa, alegria, … trabalho de vozes dos actores portugueses de grande nível.

Jogabilidade: 8,7

História que nos orienta numa jogabilidade simples mas repleta de pequenos grandes pormenores. No entanto a jogabilidade é demasiado scritpada, que leva a que o jogo seja demasiado controlador da liberdade do jogador.

Longevidade: 8,5

10 horas agarrados ao ecrã com a expectativa e ansiedade no máximo. As horas passam depressa demais e sempre fica a vontade de repetir alguns capítulos.

 

Género: Aventura Plataforma Analisada:  Playstation 3 Homepage Beyond: Two Souls

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