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Análise Battlefield Hardline (Playstation 3)

Uma das melhores series de jogos de Guerra está de volta. Refiro-me, como é óbvio a Battlefield.

Hardline é a mais recente incursão de Battlefield nas nossas consolas e traz inúmeras surpresas consigo. Talvez a maior de todas tenha sido a viragem na mecânica de jogo, afastando-se dos tradicionais ambientes de guerra para outros cenários o que causou algumas dúvidas e incertezas da comunidade.

Também o Pplware aguardava com alguma ansiedade o lançamento de Hardline e esse momento chegou.

O Pplware já experimentou Battlefield: Hardline.

Conforme mencionei no inicio do artigo, Battlefield: Hardline corresponde a uma viragem na série. Afastando-se da tradicional temática de guerra pura e dura, Hardline transporta o jogador para outro tipo de conflito, a eterna luta entre Policias e Ladrões.

Este é um ponto que tem de se ter em mente ao jogar Hardline. Independentemente de se concordar ou não com esta viragem política da série, o jogo tem de ser analisado e apreciado como aquilo a que se propõe: guerra entre polícia e uma organização criminosa responsável pelo tráfico de droga na cidade.

O jogo tem duas partes distintas, o Modo Campanha e o Modo Multiplayer e, por diversas razões, acredito que merece a pena separar ambas. Comecemos então pelo modo Campanha.

A cidade vê-se a braços com o aparecimento de um senhor do crime que invadiu as ruas com droga e que ameaça a própria paz dos cidadãos. Cabe à polícia eliminar a ameaça e é aqui que entramos em cena. Encarnamos a pele de um policia que aos poucos e poucos vai lutando contra o autentico cartel da droga existente mas que, desde cedo se vai apercebendo que algo mais cheira mal.

Resta dizer que à medida que vamos avançando na Campanha (contado através de episódios) vamos nos apercebendo de que algo mais tenebroso e maquiavélico se passa e que envolve a própria policia.

Apesar de não ser um enredo completamente inovador (existem diversos exemplos de filmes e séries policiais com enredos semelhantes) o certo é que faz o Modo Campanha ganhar consistência e coerência.

A apresentação de cada um dos episódios (missões) conta com trabalho quase cinematográfico, com retro visões e antevisões da história. Explicando melhor, no início de cada episódio surge-nos uma breve apresentação do que se passou até então (do género de “Last scenes…” de algumas séries) e quando terminamos uma sessão de jogo são-nos apresentadas algumas cutscenes do que ainda está para acontece (algo como, “Coming Next…”). É um preciosismo para enquadra-se muito bem no jogo mantendo assim a história bem presente e viva na nossa memória e fazendo a ponte com a missão actual.

 

 

Os episódios (ou missões) assentam basicamente na dinâmica de, introduzirmos-nos num edifício ou zona controlada pelos bandidos, prender os cabecilhas e recolher provas para avançar na investigação.

No nosso arsenal temos um dispositivo de Scan que, um pouco à semelhança do que acontece em Watch Dogs) nos permite identificar os diversos bandidos na zona (e os cabecilhas a prender), bem como a localização dos alarmes (convém silencia-los quanto antes para evitar reforços inimigos), localização de botijas de gás (extremamente úteis para criar manobras de diversão) e provas (indispensáveis para o avanço a investigação).

Dado que as localizações podem variar de um edifício (por exemplo, uma oficina e armazéns) a espaços abertos (quinta de crocodilos nos Everglades) as possibilidades tácticas são diversificadas e imensas.

Todas as opções são válidas … de entrar a matar ou furtivamente, no entanto convém ponderar antecipadamente o plano de ataque, seja como for. Neste aspecto é que o dispositivo de Scan ganha importância. Ao analisar devidamente o posicionamento dos bandidos podemos melhor estudar a táctica a utilizar e quando o fazemos o jogo ganha outra dimensão e imersão.

Além de dar mais pontos de experiência (necessários para adquirir mais armas e acessórios) torna-se muito mais satisfatório prender os bad guys ao invés de desatarmos a matar tudo e todos. Essa é uma das essências do jogo no modo singleplayer e do qual não convém nos esquecermos.

No modo campanha é de longe mais recompensadora a postura furtiva, o que, como vimos, levanta sérios desafios ao jogador. É frequente a existência de inúmeros inimigos virados uns para os outros, ou seja com visibilidade mútua. Assim sendo, cabe ao jogador analisar bem os seus movimentos para os apanhar no momento certo. O saber esperar o momento certo é uma arte.

 

 

Os mapas no modo campanha apresentam quase na totalidade variadas formas de serem completados o que dá ao jogador uma sensação de liberdade. No entanto cada caminho pode funcionar melhor com uma atitude mais furtiva e outro não. O jogador tem de estudar bem cada caminho (muitas vezes depois de ver o ecrã Load). Muitas das localizações nas quais temos de nos infiltrar têm sistemas de alarme o que torna essencial uma atitude furtiva, pelo menos até ao momento de os desligar.

A IA dos adversários no singleplayer encontra-se maioritariamente bem conseguida. Existem dois tipos de alerta que os adversários no modo Campanha têm; o nível mais básico é o de simples desconfiança no qual os inimigos desconfiam que algo está mal mas ainda não se aperceberam da nossa presença, limitando-se a procurar.

O seguinte nível é o de Alerta e que indica que já fomos detectados e assim os NPCs começam a criar tácticas para nos encontrar e eliminar. Visualmente, esses dois níveis são diferenciados por um alerta que nos surge no mini-mapa: amarelo para o nível de desconfiança e vermelho para o nível de alerta. Sempre que nos detectam tentam, primeiramente, encontrar refúgio para de seguida, aos poucos e poucos, nos tentando rodear e encontrar linhas de fogo para nos encurralar.

Há no entanto situações um pouco absurdas. Com o auxílio do nosso Scan vamos analisando as suas posições e assim vão ficando marcados no mini-mapa. Também visível no mini-mapa é a direcção para a qual o NPC se encontra virado.

Acontece no entanto que é extremamente frequente, encontrarmos dois soldados lado a lado a olharem em frente e, ao nos aproximarmos por detrás furtivamente epodemos eliminar um deles sem que o outro (que continua a olhar em frente) se aperceba de alguma coisa (e reparem que estou a falar de situações em que estão os dois a menos de um metro de distância um do outro). Esta falha tal como uma outra que acontece ocasionalmente, na qual os inimigos avançam na nossa direcção quase em hipnose até lhes descarregarmos o cartucho são autênticas minas do Modo Campanha.

 

 

O Multiplayer é, como seria de esperar, o ponto alto do jogo. A série Battlefield é, e sempre foi, uma das melhores séries de jogos na vertente multiplayer e Hardline não foge à regra. O Multiplayer extremamente viciante, especialmente alguns dos modos existentes.

É claro que com a mudança da temática de guerra para o combate entre polícias e ladrões, tiveram de haver bastantes mudanças mas dito isto, também é óbvio que essas mudanças teriam de acontecer.

Os mapas multiplayer passam-se em áreas mais pequenas dos mapas das missões do modo Campanha pelo que os jogadores não os irão estranhar e uma vez que se passam em ambientes diversificados acabam por criar cenários de guerra também eles diferentes e com opções tácticas diferentes. Existem vários modos multiplayer em Hardline.

Heist é um modo do género de Capture the Flag. Algures no mapa são colocados dois sacos cheios de dinheiro e o objectivo dos criminosos é o de agarrar esses sacos e levá-los até a um determinado ponto de extracção. Por outro lado os policias têm de evitar que isso aconteça.

Blood Money, o meu modo favorito, consiste numa disputa de ambas as equipas por uma enorme quantia de dinheiro. Na prática temos um cofre que é arrombado e ambas as facções têm de capturar a maior quantia possível e transportá-la para os seus cofres. No entanto há uma variável acrescentada a este modo que o torna bastante excitante: ambas as equipas podem fazer raides aos cofres da equipa adversária e roubar o dinheiro. Esta dinâmica associada a mais de duas dezenas de jogadores em simultâneo pode criar tácticas e jogabilidades muito distintas.

Hotwire é uma forma de Capture the Flag mas na qual a Flag é móvel. Em vez de termos de controlar uma zona específica, como nos restantes Capture the Flag, temos de capturar um carro e enquanto estivermos na posse do veículo a Flag é nossa. Este modo tem bastante potencial mas acaba também por ser bastante subaproveitado pois na maior parte dos casos os mapas acabam por parecer demasiado pequenos e a acção é demasiado repetitiva (apenas conduzir pelos mapas).

Rescue, o meu segundo modo favorito consiste, tal como o nome indica numa tentativa de resgate de reféns feitos pelos criminosos. É claro que, se a policia tem de os resgatar, o objectivo dos criminosos é o de manter os reféns presos. Este modo tem uma janela de tempo mais pequena e passa-se em ambientes mais pequenos e não tem spawn, pelo que qualquer erro paga-se caro.

Crosshair é um modo rápido (3 minutos) e no qual um gangster desertor ameaça pôr a boca no trombone e como tal tem de ser eliminado pelos criminosos. Por outro lado, os policias tentam escolta-lo em segurança até ao ponto de extracção. É um modo semelhante ao VIP do America’s Army e não apresenta respawn.

 

 

Existem 4 categorias principais: Operator, Engineer, Enforcer e Professional. O Operator corresponde ao médico da equipa e tem como principais armas as metralhadoras de assalto e tem a capacidade de reanimar um colega caído em combate. O Engineer que como o nome indica é o Mecânico de serviço usa carabinas e tem a capacidade de consertar veículos. Enforcer é o peso pesado da esquadra que providencia fogo de apoio aos colega da equipa. Por fim o Professional é o sniper da equipa.

O sistema de progressão é lento mas equilibrado e além de nos fazer aumentar o nosso ranking em diversos aspectos (uso de granadas, condução de veículos, …) dá-nos ainda a possibilidade de utilizar/adquirir novas e melhores armamentos e acessórios.

Uma lacuna é o facto de cada categoria ter apenas uma mão cheia de armas à disposição. No entanto pode vir a possuir uma arma da facção oposta mas para tal tem de matar 1250 inimigos com a arma correspondente da sua facção. Além de ser chato e demorado acaba por não fazer muito sentido esse tipo de limitação.

Também um outro problema que detectei prende-se com um sistema de spawn que pode por vezes ser demasiado absurdo, fazendo-nos aparecer onde se escondem inimigos (campers) e o que quer dizer … respawn outra vez.

Existem ainda os Battlepacks que são desbloqueados com as nossas performances no multiplayer e que nos disponibilizam itens, armas, licenças, acessórios ou melhorias.

9 mapas podem ser considerados poucos para o multiplayer mas com as variedades de modos disponíveis acabam por se multiplicar o que é bom. No entanto uns quantos mapas adicionais seriam bem-vindos.

Os veículos ganham toda uma nova dimensão nos mapas multiplayer, prestando auxilio aos colegas de equipa, seja pelo ar (helicópteros), água (barcos) ou terra (carros, motas, SUVs, …).

Conduzir um Sedan a alta velocidade, transportando os nossos companheiros até à zona quente, ou pilotar um helicóptero enquanto um colega nosso dilacera inimigos no chão com a metralhadora … brutal, intenso e excitante. Existem todo um conjunto de novas opções tácticas que os jogadores ganham com a inclusão de veículos como por exemplo, no Modo Blood Money ser fundamental ter um veículo de fuga.

Senti falta foi de um movimento de deslizar em corrida semelhante ao que CoD tem e que poderia ser bastante útil.

 

 

Uns acessórios que foram bastante explorados nas alturas que antecederam o jogo foram o Grapple Hook e o Zipline. O Grapple é um ganho que se prende a superfícies altas e permite aos jogadores escalarem assim paredes enquanto o Zipline se trata de uma corda que se prende em duas zonas e permite fazer slide entre, dois edifícios por exemplo.

Tanto o Grapple Hook como o Zipline oferecem novas opções tácticas mas dependem muito dos cenários, não fazendo sentido quando não há edifícios ou plataformas altas. Seja como for, uma vez colocados podem ser usados pelos membros da nossa equipa sem ter de ser necessário os outros membros da nossa equipa usarem os deles.

E por falar em equipa a importância do jogo de equipa em Hardline é revelada em muitos pormenores que o jogo apresenta. Por exemplo se conduzirmos um veículo de fuga em Blood Money e ajudarmos na fuga com o dinheiro ganhamos mais pontos, bem como se escoltarmos o portador do dinheiro até ao nosso cofre.

Para terminar existe ainda um Hacker Mode que permite a um jogador ajudar a equipa através de capacidades especiais que passam por, jamming de camaras, revelar posição dos inimigos, libertar gás tóxico …

Conforme mencionei mais acima o multiplayer é, de longe o modo mais emocionante e parte desse efeito é garantido também pela capacidade do jogo de mostrar grandes efeitos de fumo, fogo, e da especial atenção para os cenários destrutíveis que com as colisões de veículos, granadas, tiros, etc … apresentam diferentes tipos de danos (bastante credíveis e realistas).

Também os efeitos sonoros se encontram à altura da acção (particular atenção ao trabalho dos actores que deram voz aos personagens no modo Campanha).

Creio não ser abuso algum afirmar que a série Battlefield se encontra intimamente associada a conflitos armados de grande envergadura ou cenários de guerra, pelo que esta incursão pelo mundo de policias e ladrões é um tiro ainda sem se saber se certeiro. O jogo encontra-se bastante bem conseguido mas cabe a ultima palavra aos fãs que podem não suportar uma reviravolta tão grande na série Battlefield.

 

Nota Final- 8.0

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Uma aposta arriscada, é o que se pode dizer de Battlefield Hardline! Contudo se tivermos em consideração esse novo rumo, o jogo apresenta-se bastante bastante bom. O modo Campanha com uma história algo batida, apresenta-se com uma apresentação quase cinematográfica e virada para o showtime. Apresenta alguns problemas, nomeadamente na I.A. dos adversários. O Multiplayer é, sem dúvida a cereja em cima do bolo apresentando-se altamente viciante, apenas perdendo por falta de mais variedade, quer em termos de mapas quer em termos de armas. Hardline pode não ser Battlefield na sua tradicional essência mas tem substância suficiente para começar a criar uma nova!

Género: FPS (First Person Shooter) Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox One, Playstation 4, Xbox 360, PC Homepage Battlefield Hardline

 

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