No ano passado, o co-fundador do Telegram, Pavel Durov, foi preso em França sob várias acusações associadas à moderação de conteúdos. Desde então, este serviço, conhecido pela sua privacidade e anonimato, deixou de ser o mesmo. Foi necessário alterar a política de privacidade para tornar a aplicação de mensagens mais segura.
Telegram é cada vez menos privado ou anónimo
Com isto, a equipa da plataforma decidiu cumprir com as exigências das autoridades. Ficou mais colaborativa e forneceu informações sobre possíveis atos ilícitos que os utilizadores estejam a ser praticados na aplicação. Segundo um relatório de transparência, partilhado no GitHub, os números de informações transferidas entre o Telegram e a Polícia aumentaram significativamente durante o segundo semestre de 2024.
As estatísticas que revelam a informação partilhada pelo Telegram determinam que no primeiro semestre de 2024 foram partilhados apenas os dados de 54 utilizadores, mas depois de julho o número aumentou drasticamente, especialmente com a detenção de Pavel Durov.
Neste período foi concedido o registo de mais de 1.350 utilizadores da plataforma. A percentagem de requisitos cumpridos foi elevada, fazendo com que a famosa aplicação de mensagens parecesse uma empresa séria ao cumprir as suas promessas.
Partilha mais dados de utilizadores com Polícia
Por exemplo, na Finlândia foram cumpridas 79% das encomendas, enquanto na Bélgica 74% e no Reino Unido 98%. O relatório destaca que a Índia foi um caso especial. Aqui foram fornecidos mais de 23.500 endereços IP e números de telefone. No caso de Portugal, foram pedidos dados de 6 utilizadores e fornecidas informações de 5.
Isto marca, sem dúvida, um antes e um depois no Telegram. Antes, a plataforma era uma das aplicações mais privadas e anónimas devido à sua encriptação. No entanto, isto chamou a atenção dos criminosos, que têm utilizado estas liberdades em seu benefício, o que tem gerado graves consequências para a empresa.
O WhatsApp e o Signal também enfrentaram casos semelhantes em que tiveram de contribuir com as autoridades para resolver casos criminais. Isto não significa que o Telegram rastreie qualquer utilizador, mas sim aqueles que apresentam sinais suspeitos e representam uma ameaça para a sociedade, tal como acontece noutras plataformas.