O Banco Central Europeu (BCE) está a preparar uma surpresa, em resposta à pressão exercida pela evolução tecnológica. Prontos para o euro digital?
Atualmente, motivado pelo avanço tecnológico e pelo surgimento de alternativas mais práticas, o numerário já não é o método preferido. Aliás, apesar de ser debatível, é possível que estejamos mesmo a caminhar para um mundo sem numerário.
De facto, uma vez que os cidadãos têm mostrado maior interesse nos pagamentos eletrónicos, os bancos centrais estão, global e cautelosamente, a estudar as moedas digitais. Economias mais pequenas, como a Nigéria, Bahamas e Jamaica, já as introduziram.
No caso europeu, segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, o euro digital pode representar uma forma de as pessoas comprarem coisas sem dependerem de prestadores de serviços de pagamento controlados por empresas externas, como Mastercard, Visa, Apple e Google Pay.
Por lhe reconhecer vantagens, a Comissão Executiva da União Europeia (UE) deverá apresentar uma proposta de legislação sobre a ideia, durante as próximas semanas. Por sua vez, em outubro, o BCE deverá publicar uma proposta detalhada para a sua conceção.
A presidente do BCE revelou ainda que o objetivo da criação de um euro digital passa por assegurar a autonomia e a resiliência da Europa no que concerne aos sistemas que movimentam o dinheiro dos consumidores para os comerciantes através dos bancos e dos prestadores de serviços de pagamento. Além disso, pode ajudar as pessoas que não têm contas bancárias, assegurando-lhes a alternativa de guardar dinheiro nos telemóveis.
Afinal, uma moeda digital apoiada por um banco central será um meio de pagamento mais seguro e estável do que, por exemplo, as criptomoedas, que são altamente voláteis.
Caso esteja a pensar que o euro digital não é para si, nada tema. O membro da Comissão Executiva do BCE e responsável pelo grupo de trabalho para o euro digital, Fabio Panetta, assegurou que a moeda não substituirá o numerário e que as pessoas tê-la-ão como opção, não como obrigação.
Em que medida um euro digital melhoraria a vida dos cidadãos?
A questão foi feita pela Associated Press e respondida por Philipp Sandner, diretor do Blockchain Center da Frankfurt School of Finance & Management.
Ninguém é capaz de responder a esta pergunta, nem mesmo o BCE.
Ainda assim, acredita que “é preciso ser pelo menos tão bom quanto o Apple Pay e o Mastercard”, pois, caso contrário, “as pessoas não o utilizarão”.
Depois de uma proposta apresentada, serão necessários três anos de testes. A introdução efetiva de um euro digital só acontecerá sob aprovação da UE.