Pplware

Portugal é o 2ª país onde se paga menos pelas comunicações! É mentira?

Na semana passada o Pplware publicou aqui os resultados de um estudo da Apritel. De acordo com o estudo, elaborado pela Deloitte, Portugal é o 2ª país da UE onde se paga menos pelas telecomunicações.

No entanto, segundo informações, [o estudo] é completamente desmentido por todas as entidades.


Depois do lançamento dos resultados do estudo “Análise de preços das comunicações eletrónicas na Europa” da Apritel as reações foram muitas. Pedro Mota Soares, que é atualmente Secretário-Geral da Apritel referiu que “pela primeira vez comparou-se o que é comparável”. O estudo refere que em Portugal o preço das telecomunicações é muito baixo! Mas será que é mesmo assim?

De acordo com o Expresso, a conclusão do estudo  “é completamente desmentida por todas as entidades” nacionais e europeias que têm investigado o tema. A conclusão de que Portugal tem das opções de telecomunicações mais baratas da Europa vai contra a ideia genericamente assinalada pelos estudos mais recentes, tanto em Portugal quanto a nível europeu, que dizem exatamente o oposto.

É difícil entender que uma entidade de telecomunicações esteja a tentar contrapor estudos de entidades internacionais isentas. É completamente desmentida por todas as entidades e por todos os estudos que temos, que são muitos. Eles têm sempre um denominador comum: é que em Portugal se paga um preço [de telecomunicações] mais elevado do que a média da União Europeia

Presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), João Cadete de Matos

O Presidente da ANACOM refere ainda que…

Os portugueses são recordistas de pacotização porque não têm escolha. Há uma série de serviços pelos quais pagam, mas que nunca vão utilizar. Os pacotes de 100 canais de televisão são um exemplo. O telefone fixo é outro. E tudo isso distorce as comparações. Porque não é só olhar para o pacote, é preciso saber o que estamos a pagar.

Sofia Costa, market researcher da DECO, dá o exemplo das chamadas ao telemóvel, que os portugueses utilizam a uma média de 202 minutos por mês. Mesmo conhecendo o valor, a maioria das operadoras oferece pacotes muito acima disso, até 3500 minutos.

Para que servem esses minutos?”Imaginemos que em Espanha há um pacote de 500 minutos, perfeitamente suficiente para lá como para cá. O que o estudo fez foi somar o valor dos 500 minutos até bater com a oferta portuguesa de 3500. O resultado são valores acima dos oferecidos em Portugal. O problema é comparar uma oferta virtualmente inexistente. E, em muitos casos, desnecessária.

De acordo com um estudo promovido pela Comissão Europeia (CE), chamado “Broadband Internet Access Cost”, de outubro de 2017, os preços das ofertas single play (um único serviço) de banda larga fixa em Portugal estão sempre acima da média da UE. 

Variação de Preço nas comunicações da UE

Relativamente à variação de Preço nas comunicações da UE, os números são do Eurostat e dizem que “os índices de preços das telecomunicações em Portugal e na UE afastaram-se sobretudo a partir do início de 2012”, no coração temporal da crise.

A DECO considera que o sector das telecomunicações em Portugal é, de facto, “tecnologicamente evoluído e inovador”, como defendeu Pedro Mota Soares na apresentação do trabalho da APRITEL. “Nunca dissemos que não era inovador, só que tem muitas coisas de que não precisamos”, insiste Sofia Costa, acrescentando. “Este estudo é bom como benchmark”, nome dado à comparação de resultados de uma empresa por oposição à concorrência. Mas tirar uma conclusão para Portugal “é abusivo”.

No site europa.eu pode também ver-se os níveis de preços ao consumidor na União Europeia, 2018. Portugal aparece nos lugares cimeiros.

 

Leia também…

Exit mobile version