Foram encontradas falhas na segurança das soluções de software de rede da Huawei. De acordo com um novo estudo levado a cabo por autoridades britânicas, há um potencial de risco nas soluções e software de redes devido à inação da Huawei ao não precaver estas lacunas de segurança. Contudo, não há indícios de que o mesmo ocorra nos smartphones ou em nas soluções em desenvolvimento para redes 5G.
Entretanto, o estudo foi divulgado pelo New York Times, o Telegraph, Fortune, entre outros. Aí confirmando também as suspeitas da administração Trump. É o reconhecimento do alerta lançado pelas várias agências de segurança norte-americanas no último ano. Mas, será tudo isto um movimento para descredibilizar a Huawei?
A Huawei tem enfrentado diversas acusações no decurso dos últimos meses, porém, sempre as refutou de forma enérgica. Infelizmente, para a marca, este estudo levado a cabo pelas autoridades britânicas não vem abonar a sua reputação, sobretudo agora que os novos smartphones (P30) começam a chegar aos mercados.
“Riscos graves para a segurança nacional no software“
Conforme as conclusões da investigação das autoridades britânicas, o software de redes e telecomunicações “cria graves riscos para a segurança nacional“. Ao passo que os seus smartphones não são citados, torna-se óbvio o risco de propagação destes temores, agora mais fundamentados. Além disso, este mesmo software também é utilizado por outras empresas como a Nokia, Siemens, ou até mesmo a Alcatel.
O estudo não incita as autoridades britânicas a banir a Huawei e respetivas soluções de redes, sobretudo para não tolher os seus esforços para as redes 5G. Ainda assim, como é referido, existe forte potencial de risco que não está precavido até ao momento.
Uma falha não especificada que, eventualmente, pode ser explorada por hackers independentes, ou entidades estatais estrangeiras. Assim sendo, mas sem usar a palavra, o estudo descreve uma backdoor ou lacuna de segurança. Enquanto isso, a empresa chinesa já investe no desenvolvimento das redes 5G.
O estudo foi levado a cabo pela Huawei Cyber Security Evaluation Center
Conforme as redes 5G se tornam a prioridade de várias tecnológicas, incluindo a Huawei, este relatório não poderia ter chegado em pior altura. Não só vem dar algum fundamento à posição da administração Trump, como também adensa o clima de suspeita em torno da empresa. Aliás, recordamos aqui as acusações da Casa Branca à Huawei, afirmando que esta não passaria de um braço empresarial do governo chinês.
Ainda que a Huawei tenha negado veemente todas as acusações que lhe são imputadas, Trump incitou os seus aliados a boicotar os equipamentos de redes e smartphones Huawei. No entanto, vários países resistiram ao seu apelo, optando por vigiar, mas não banir a empresa. Aliás, foi exatamente isso que fez o Reino Unido que, para o efeito, criou a Huawei Cyber Security Evaluation Center (HCSEC).
De acordo com os dados da IHS Markit – em 2017 – a Huawei continua a ser a figura dominante no mercado de redes. Por conseguinte, agora que as nações se preparam para começar construir as infraestruturas de redes 5G, há uma oportunidade de ouro para a tecnológica chinesa. Mas esta pode já estar condenada.
Estamos perante o advento das redes 5G
O investimento nestas novas infraestruturas e estruturas de suporte para o 5G é colossal. Ao mesmo tempo, para os governos o 5G afigura-se como um passo necessário para a agilização da economia digital global. Não só para trazer novos padrões de velocidade para os smartphones, mas sim para todo o setor económico.
O relatório britânico salienta os desafios mais abrangentes que se colocam perante vários países. Algo que se deve ao facto de a Huawei ser a principal fornecedora de equipamento de redes e principal solução para as redes 5G. Aliás, encontrar alternativas seria um processo demorado, além de custoso.
Com várias parcerias estabelecidas em todo o mundo, a Huawei conta com vários parceiros. Entre estes temos a Alemanha, Índia e até mesmo aliado histórico dos Estados Unidos, os Emirados Árabes Unidos. Todos eles já deixaram bem claro que não seguiriam o exemplo norte-americano ao banir a empresa e as suas soluções.
Risco não detetado nos smartphones Huawei
A pesar de terem detetado sinais preocupantes nas suas soluções de redes 5G, o estudo não versou sobre os seus smartphones. Queremos deixar bem claro que não podemos tomar o todo pela metade. Ainda por cima, a fabricante chinesa já emitiu um parecer público face às conclusões do estudo britânico.
(O estudo) pormenoriza algumas preocupações em torno das capacidades e engenharia de sistemas da Huawei. Nós acatamos essas preocupações e levamos o assunto muito a sério.
Ainda na senda das preocupações norte-americanas, vemos um fundamento legal numa das disposições de regulamentação do mercado de redes. Segundo o governo dos Estados Unidos, há uma lei que pode ser interpretada no sentido em que obriga as tecnológicas a prestar apoio e assistência a Pequim, sobretudo quando o assunto é a segurança nacional. Note-se que tudo depende da interpretação da lei.
A Huawei é a principal fornecedora de equipamento de redes no mundo
Este é o maior entrave encontrado por todo e qualquer governo que queira abdicar dos serviços da tecnológica chinesa. Sendo a maior fornecedora de equipamentos de redes, encontrar uma alternativa é difícil, custoso e moroso. Mesmo com as conclusões deste estudo, o Reino Unido não banirá a Huawei, ainda por cima, versando a preocupação com as soluções de software, e não com os equipamentos físicos (hardware) per se.
Justificando a decisão com as leis rigorosas no controlo e regulamentação do mercado de telecomunicações, o Reino Unido mantém a Huawei sob vigia apertada. Ao mesmo tempo, recordamos o testemunho do CEO da Vodafone, Nick Reads. Na sua ótica, tal postura atrasaria o mercado de redes em mais de dois anos.
A empresa já prometeu, e dedicou fundos, à resolução da falha
Enquanto isso, a tecnológica chinesa continua a afirmar-se como grande fabricante de smartphones. Em síntese, a empresa enfrenta um clima de desconfiança generalizada, mas isso não a impede de crescer.
Por fim, o relatório pode ser da entidade britânica já pode ser consultado na íntegra. Entretanto, a Huawei já prometeu resolver a situação, tendo já dedicado capital considerável para o esforço.