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Zygmunt Bauman defende que as redes sociais são uma armadilha

As redes sociais são, actualmente, dos locais mais acedidos e utilizados pelos cibernautas. Mas não são plataformas que agradem a todos…

Já aqui noticiámos que Umberto Eco havia dito que as redes sociais deram voz aos idiotas e, desta vez, é o conhecido sociólogo Zygmunt Bauman que defente que as redes sociais são uma armadilha.

Saiba porquê!

Em entrevista ao jornal El País, Zygmunt Bauman, conhecido por ser a voz dos desfavorecidos e considerado por muitos como sendo um pessimista, mostrou a sua perspectiva acerca da crescente e acentuada desigualdade social.

Para o sociólogo, que completou recentemente 90 anos de vida, existe muita desigualdade social e a classe média está a desaparecer.

Quando questionado acerca do papel das redes sociais no sentido de dar voz ao povo, Bauman responde dizendo:

Nas redes, é tão fácil adicionar e eliminar amigos que as habilidades sociais não são necessárias.

As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia.

As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.

El País: 

As redes sociais mudaram a forma como as pessoas protestam a exigência de transparência. Você é um céptico sobre este “activismo de sofá” e ressalta que a Internet também nos dificulta com entretenimento barato. Em vez de um instrumento revolucionário, como alguns pensam, as redes sociais são o novo ópio do povo?

Bauman:

A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido numa tarefa: você tem que criar a sua própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a si. É possível adicionar e eliminar amigos, e controlar as pessoas com quem se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e eliminar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem é preciso ter uma interação razoável. Aí tem que se enfrentar as dificuldades, envolver-se num diálogo. O papa Francisco, que é um grande homem, ao ser eleito, deu a sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari, um jornalista italiano que é um ateu autoproclamado. Foi um sinal: o diálogo real não é falar com pessoas que pensa igual a si. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente usa-as não para unir, não para ampliar os seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que ouvem é o eco de suas próprias vozes, onde a única coisa que vêem são os reflexos das suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.

Leiam a entrevista na íntegra, aqui.

Concordam com Zygmunt Bauman?

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