Elon Musk tem muitos títulos. É o diretor executivo da Tesla e SpaceX, e é proprietário da empresa de comunicação social X. Além disso, de acordo com um excerto da sua biografia, também impediu uma guerra nuclear entre Rússia e Ucrânia – uma afirmação a que renunciou.
De acordo com o excerto do último livro de Walter Isaacson, publicado no Washington Post, Musk desativou as redes de comunicação por satélite da sua empresa Starlink, que estavam a ser utilizadas pelo exército ucraniano para atacar furtivamente a frota naval russa em Sevastopol, na Crimeia.
O exército ucraniano estava a usar a Starlink como guia para atingir os navios russos e atacá-los com seis pequenos “drones submarinos” carregados de explosivos. Musk impediu este ataque e os submarinos “perderam a conetividade e foram levados para terra inofensivamente”, diz Isaacson.
Porém, Elon Musk diz o contrário
Numa publicação no X, o CEO da SpaceX afirmou que a Starlink não estava ativa na região da Crimeia e que a SpaceX não desativou a sua rede.
Esclareceu ainda que, embora tenha havido um pedido das autoridades governamentais para ativar a Starlink na região onde o ataque à Rússia estava prestes a ter lugar, não concordou com o pedido.
Nesse caso, a SpaceX seria explicitamente cúmplice de um grande ato de guerra e da escalada de um conflito.
Afirmou no seu post.
There was an emergency request from government authorities to activate Starlink all the way to Sevastopol.
The obvious intent being to sink most of the Russian fleet at anchor.
If I had agreed to their request, then SpaceX would be explicitly complicit in a major act of war and…
— Elon Musk (@elonmusk) September 7, 2023
O esclarecimento de Musk levanta dúvidas sobre o que foi dito no livro de Isaacson. Isaacson, que já escreveu biografias sobre Steve Jobs e Albert Einstein, seguiu Musk durante meses para escrever a sua biografia.
O esclarecimento de Musk surgiu depois de Mykhailo Podolyak, conselheiro do chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, ter dito num post no X:
Ao não permitir que os drones ucranianos destruíssem parte da frota militar russa (!) através da interferência da #Starlink, @elonmusk permitiu que esta frota disparasse mísseis Kalibr contra cidades ucranianas. Como resultado, civis e crianças estão a ser mortos.
Sometimes a mistake is much more than just a mistake. By not allowing Ukrainian drones to destroy part of the Russian military (!) fleet via #Starlink interference, @elonmusk allowed this fleet to fire Kalibr missiles at Ukrainian cities. As a result, civilians, children are…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) September 7, 2023
A Starlink permitiu à Ucrânia lutar e manter-se ligada
As associações de Musk com a Ucrânia começaram quando os seus sistemas de comunicação foram interrompidos pela Rússia logo antes de uma invasão em grande escala em fevereiro de 2022. Depois de Zelenskyy e outros ministros ucranianos solicitarem, Musk forneceu ao país milhões de dólares em terminais de satélite Starlink, que se tornaram uma parte crítica do arsenal da Ucrânia para realizar operações militares.
A Ucrânia tem estado a pagar à Starlink uma taxa mensal de 2.500 dólares por cada terminal que utiliza. É mais do que os 110 dólares por mês que a SpaceX cobra aos utilizadores normais da Starlink, o que perfaz uma fatura mensal de 3,25 milhões de dólares.
Mais de 100 mil antenas parabólicas enviadas para a Ucrânia em 2023
Embora Musk estivesse a apoiar a Ucrânia devastada pela guerra, acreditava que era imprudente para a Ucrânia lançar um ataque à Crimeia, que a Rússia tinha anexado em 2014, afirma Isaacson no seu livro. Musk decidiu desativar a Starlink na zona quando falou com o embaixador russo nos Estados Unidos, que lhe garantiu que os russos responderiam com um ataque nuclear se o ataque se concretizasse.
Agora tornou-se claro que Musk não podia ter compreendido até que ponto se iria envolver na guerra. “Como é que eu estou nesta guerra?”, disse Musk a Isaacson.
A Starlink não foi concebida para estar envolvida em guerras. Era para que as pessoas pudessem ver Netflix, relaxar, ficar online para a escola e fazer coisas boas e pacíficas, não ataques de drones.
A biografia, intitulada “Elon Musk”, tem lançamento previsto para 12 de setembro.
Leia também…