Não vá o diabo tecê-las, a Suécia voltou a emitir um manual feito por alturas da Segunda Guerra Mundial, no sentido de preparar os cidadãos em caso de emergência, Mas deste vez, o documento foi atualizado e adaptado à era digital que vivemos.
Paira sobre a Europa a nuvem de uma guerra nuclear
A Suécia, conhecida pela sua neutralidade histórica em conflitos internacionais, deu recentemente um passo significativo para reforçar a resiliência dos seus cidadãos face a eventuais crises, incluindo situações de guerra.
O governo sueco anunciou a reedição de um manual da Segunda Guerra Mundial, atualizado para refletir os desafios contemporâneos, incluindo os riscos da era digital e as ameaças híbridas.
Este movimento faz parte de um esforço nacional para preparar a população para cenários de emergência, numa altura em que as tensões geopolíticas e os ciberataques estão a aumentar.
Intitulado “If Crisis or War Comes” (“Se a Crise ou a Guerra Vier”), foi originalmente distribuído durante a Segunda Guerra Mundial e atualizado pela última vez em 2018.
Agora, numa reedição adaptada aos tempos modernos, o guia é direcionado para ajudar os cidadãos a enfrentarem desafios que vão desde crises energéticas e ciberataques até conflitos armados. E os tópicos são variados.
- Preparação doméstica: como armazenar alimentos, água, medicamentos e outros itens essenciais para sobreviver em emergências.
- Proteção contra ciberataques: dicas para proteger informações pessoais e evitar a disseminação de desinformação em tempos de crise.
- Resiliência comunitária: incentivo à cooperação entre vizinhos e comunidades para enfrentar os desafios coletivamente.
- Resposta a ataques militares: instruções básicas sobre como proceder em caso de invasão ou ataques armados.
O manual também destaca a importância de confiar em fontes oficiais de informação e de evitar a propagação de rumores e notícias falsas, que podem ser amplificadas durante crises.
Porquê agora?
A reedição do manual surge num momento de crescente instabilidade na Europa e no mundo. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, muitos países europeus começaram a reforçar as suas defesas e a preparar os cidadãos para possíveis cenários de conflito.
A Suécia, que solicitou recentemente a adesão à NATO após décadas de neutralidade, tem estado particularmente atenta às mudanças no cenário de segurança europeu.
Além disso, o governo sueco tem reconhecido os riscos associados à guerra híbrida – uma combinação de operações militares convencionais, ciberataques e campanhas de desinformação. Por isso, o documento reflete a necessidade de capacitar os cidadãos para lidar não apenas com ameaças tradicionais, mas também com desafios da era digital.
Ameaças digitais: novo campo de batalha
Na era digital, os ataques cibernéticos tornaram-se uma das maiores ameaças para a segurança nacional. Infraestruturas críticas, como redes elétricas, sistemas de abastecimento de água e redes de comunicação, podem ser facilmente comprometidas por hackers, com consequências devastadoras para a população.
O manual atualizado inclui orientações específicas sobre como proteger dispositivos pessoais, reconhecer tentativas de phishing e lidar com campanhas de desinformação. Estas informações são essenciais para garantir que os cidadãos estejam cientes das táticas modernas de guerra e sejam capazes de se defender de ameaças digitais.
Exemplo para outros países?
A iniciativa da Suécia pode servir de modelo para outros países que enfrentam desafios semelhantes. À medida que os conflitos modernos se tornam mais complexos, envolvendo componentes militares, económicos e digitais, a preparação civil torna-se cada vez mais crucial.
Num mundo em constante mudança, onde as crises podem surgir de formas inesperadas, a preparação civil é uma ferramenta essencial para garantir a segurança e a estabilidade de uma nação. A Suécia, com a sua abordagem proativa, mostra como é possível adaptar lições do passado para enfrentar os desafios do futuro.