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SpaceX prepara-se para a maior entrada na bolsa da história dos EUA

A SpaceX poderá finalmente avançar para o mercado bolsista após duas décadas de resistências internas. A decisão, motivada por necessidades de capital sem precedentes, indica que Elon Musk tem ambições que excedem largamente os foguetões e o acesso à Internet via satélite.


A IPO que poderá reescrever recordes

Durante anos, Elon Musk insistiu que não colocaria a SpaceX em bolsa enquanto a Starship não estivesse a operar de forma fiável e regular. Segundo o próprio, os mercados financeiros estariam demasiado focados em lucros imediatos, incapazes de compreender projetos multigeracionais como a colonização de Marte.

Porém, o discurso mudou: a empresa prepara agora uma Oferta Pública Inicial (IPO, originalmente) de proporções históricas, não para financiar viagens interplanetárias, mas para sustentar uma nova prioridade tecnológica.

De acordo com informações avançadas pela Bloomberg, a SpaceX tenciona avançar com a operação entre o final de 2026 e o início de 2027, visando uma valorização aproximada de 1,5 biliões de dólares e a captação de mais de 30 mil milhões em liquidez. Caso estes números se confirmem, estaremos perante a maior entrada no mercado bolsista de sempre nos Estados Unidos – apenas ultrapassada, em termos globais, pela Saudi Aramco.

Musk tem deixado pistas nas últimas semanas sobre esta alteração de rumo. Quando surgiram rumores de uma nova ronda de financiamento que avaliava a empresa em 800 mil milhões de dólares, o empresário rejeitou a estimativa e acrescentou que o crescimento do valor dependeria não só do progresso da Starship e da rede Starlink, mas também de “mais uma coisa, significativamente mais relevante”.

Essa “coisa” exige capital muito acima do que uma ronda privada pode oferecer.

Centros de dados no espaço: a nova aposta

Os indícios apontam para um objetivo ambicioso: a criação de infraestruturas de computação orbital. Em termos práticos, a SpaceX quer desenvolver centros de dados posicionados no espaço, uma área onde gigantes tecnológicas como a Google já começaram a dar passos, mas sem a vantagem logística de possuir a capacidade de lançamento mais avançada do mundo.

Na Terra, os centros de dados de IA enfrentam limitações severas, sobretudo no consumo energético e nos sistemas de arrefecimento. No espaço, a situação é distinta: a exposição contínua à luz solar permite gerar energia de forma constante, e o vácuo oferece oportunidades de dissipação térmica dificilmente replicáveis em solo terrestre.

A SpaceX já opera cerca de 9000 satélites em órbita baixa, muitos interligados por comunicações laser. A intenção parece ser aproveitar esta base tecnológica para erguer uma constelação dedicada ao processamento de IA, capaz de gerar fluxos de dados massivos a baixo custo num horizonte inferior a três anos.

A visão de Musk avança ainda mais longe: expandir a capacidade até 100 GW anuais, integrando ligações laser de elevado débito com a própria rede Starlink, hoje já altamente rentável. O plano conceptual inclui, futuramente, fábricas instaladas na Lua e sistemas eletromagnéticos de lançamento, dispensando assim foguetões para colocar satélites computacionais em órbita.

Um mercado em ebulição

Este novo setor está a atrair investidores e líderes tecnológicos de peso. Figuras como Sam Altman, Eric Schmidt e Jeff Bezos já demonstraram interesse, enquanto empresas como a Google avançam com iniciativas como o projeto Suncatcher. A NVIDIA colabora com a Starcloud, e startups emergentes – entre elas a Aetherflux – preparam projetos como o “Galactic Brain”, com previsão de lançamento por volta de 2027.

A diferença competitiva da SpaceX é evidente: nenhuma outra empresa domina tanto o ciclo de lançamento, reutilização e produção de veículos orbitais, nem está a desenvolver um foguetão da escala e reutilização prometidas pela Starship.

Embora a avaliação de 1,5 biliões seja histórica, estimativas recentes da ARK Invest sugerem que, em 2030, a SpaceX poderá atingir um valor empresarial de 2,5 biliões de dólares num cenário conservador. Este crescimento seria impulsionado, sobretudo, pelos rendimentos recorrentes da Starlink e pela descida drástica dos custos de lançamento graças à reutilização da Starship.

 

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