O transplante pulmonar é hoje uma cirurgia feita nos hospitais com relativa simplicidade. Contudo, existem várias dificuldades com que se debatem os médicos. Em termos dos orgãos doados, são usados apenas uma percentagem, isto porque alguns pulmões não chegam em boas condições. Além disso, há outras dificuldades relacionadas com a compatibilidade.
Dado o cenário atual, é um marco muito positivo o sucesso dos cientistas que transplantam com sucesso pulmões cultivados em laboratório.
Pela primeira vez, investigadores criaram pulmões no laboratório e transplantaram com sucesso para porcos. Estes pulmões produzidos por bioengenharia, descritos on-line no dia 1 de agosto na Science Translational Medicine, desenvolveram vasos sanguíneos saudáveis que permitiram que os porcos sobrevivessem por várias semanas após a cirurgia.
Esta é uma melhoria significativa em relação aos esforços anteriores: pulmões desenvolvidos em laboratório e implantados em roedores falharam em poucas horas, antes que os pulmões pudessem desenvolver a complexa rede de vasos sanguíneos necessária para a sobrevivência a longo prazo.
Se o novo procedimento puder ser adaptado aos seres humanos, com pulmões criados pela bioengenharia a partir de células do próprio paciente, isso poderia reduzir o risco de rejeição e reduzir os tempos de espera para transplantes de órgãos.
Este estudo realmente traz todo o campo da investigação para o próximo nível.
Exortou Xi “Charlie” Ren, um engenheiro biomédico da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, não envolvido no trabalho.
Pulmões construídos para 4 porcos
Para o estudo, o imunologista Joan Nichols, da Divisão Médica da Universidade do Texas e os seus colegas construíram pulmões para quatro porcos. O pulmão foi tratado usando uma mistura especial de açúcar e detergente para eliminar todas as células, incluindo as de sangue, deixando apenas a estrutura de proteínas – o “esqueleto” do pulmão.
As células usadas para produzir cada pulmão vieram de um pulmão removido de cada um dos animais do estudo, produzindo órgãos adequados para cada animal.
Para isso, a estrutura do pulmão obtida na primeira etapa foi colocada num biorreator, um tanque que continha um cocktail de nutrientes cuidadosamente misturados, além das células do próprio animal.
Durante 30 dias, os pulmões foram cultivados no biorreator antes do transplante.
Implante do coração artificial
Após o transplante, os porcos transplantados continuaram saudáveis, utilizando normalmente o pulmão da bioengenharia. Após 10 horas, duas semanas, um mês e dois meses após o transplante, estes animais foram abatidos.
Este procedimento tinha como objetivo permitir que a equipa examinasse o desenvolvimento do tecido pulmonar após o transplante e como o pulmão artificial se integra ao corpo. O pulmão de bioengenharia estabeleceu a rede de vasos sanguíneos necessários para uma sobrevivência natural após duas semanas.
Observamos sinais de edema pulmonar, o que geralmente é um sinal de que a vasculatura não está madura o suficiente.
Os pulmões manipulados por bioengenharia continuaram a se desenvolver após o transplante sem qualquer infusão de fatores de crescimento. O corpo forneceu todos os blocos de construção que os novos pulmões precisavam.
Escreveram Nichols e Cortiella.
Tendo em conta os bons resultados, os testes futuros irão analisar a sobrevivência a longo prazo, a maturação dos tecidos e a capacidade de troca gasosa.