O PoSAT-1, o primeiro satélite português, entrou em órbita em 25 de setembro de 1993, por volta das 2h45min, hora de Lisboa. Este satélite foi lançado ao espaço no voo 59 do foguetão Ariane 4 sendo que o lançamento foi realizado a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
20 minutos e 35 segundos após o lançamento e a 807 km de altitude, o PoSAT-1 separou-se com sucesso do foguetão.
Faz hoje precisamente 25 anos que o primeiro satélite português entrou em órbita. Este satélite pertence à classe dos micro-satélites, que têm entre 10 e 100 kg, e pesa cerca de 50 kg. O desenvolvimento deste projeto foi realizado por um consórcio de Universidades e Empresas de Portugal e foi construído na Universidade de Surrey, em Inglaterra.
O custo do projeto rondou os 5 milhões de euros, sendo que uma parte foi financiada pelo Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa e também por empresas portuguesas envolvidas no Consórcio Po-SAT: INETI, EFACEC, ALCATEL, MARCONI, OGMA, UBI e CEDINTEC.
O responsável máximo foi Fernando Carvalho Rodrigues, que devido ao seu envolvimento em todo o projeto é apelidado de “pai” do primeiro satélite português. Fernando Carvalho Rodrigues nasceu a 28 de Janeiro de 1947 em Casal de Cinza, freguesia do concelho da Guarda, Portugal e foi professor da Universidade Independente em Lisboa.
Composição do PoSAT-1
O PoSAT-1 é uma caixa de alumínio, em forma de paralelepípedo, com as dimensões de 35 centímetros de lado por 35 de profundidade, 58 de comprimento e 50 quilos de peso. Sobre uma gaveta-base, que contém as baterias e o módulo de deteção remota, estão empilhadas dez gavetas cheias de placas electrónicas — os subsistemas do engenho.
Na parte superior do satélite encontram-se os sensores de atitude e o mastro de estabilização, instrumentos essenciais para o PoSAT-1 manter a órbita correcta.
Os quatro painéis solares estão montados nas faces laterais da estrutura do satélite, formando um paralelepípedo, que constituem a fonte de energia para todos os sistemas de bordo. Cada painel contém 1344 células de GaAs.
Fernando Carvalho Rodrigues diz que o momento foi tenso…
Em entrevista à TSF, o prof. Catedrático e físico Fernando Carvalho Rodrigues recordou a tensão e o cansaço sentidos naquele dia memorável, depois de semanas de treinos para que tudo corresse de feição à missão portuguesa.
O professor não esquece as palavras que escutou da boca de Nobre da Costa, o dono da EFACEC, a empresa que liderava o consórcio do PoSAT-1. “[Ele disse-me:] ‘espero que saiba o que anda a fazer porque eu tenho lá 600 mil contos’ – em moeda de hoje, 3 milhões de euros. Eu pensei para comigo: ‘tarde demais porque agora já não há nada a fazer’ “, conta.
O PoSAT-1 esteve em operações durante 15 anos permitindo a observação da terra e tendo sido usado para telecomunicações por empresas de vários países, e até pelo exército português, em missões na Bósnia.
Fernando Carvalho Rodrigues fala deste projeto com muito orgulho mas, relembra que ficou pelo caminho um outro projeto de grande dimensão, a criação de uma rede de 26 satélites, dos quais três iriam estar permanentemente sobre Portugal a garantir comunicações e a observar o território. Este projeto estava orçamentado em 131 milhões de euros.
O físico considera ainda que Portugal “perdeu [a oportunidade de] estar no negócio do espaço a sério”, um setor que movimenta muitos milhões.