A PJ através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) deu hoje a conhecer que desencadeou uma operação destinada a desmantelar um centro de emissão das chamadas “cartas da Nigéria” através das quais se praticavam crimes de burla informática, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.
De acordo com as informações, no decurso da investigação foi possível localizar e deter um dos principais responsáveis da organização e constituir outra pessoa como arguida.
Sabe-se ainda que foi apreendida diversa documentação com interesse probatório, bem como vários sistemas informáticos e de telecomunicações já em exame digital forense, sendo que uma análise preliminar permitiu equacionar ter sido desmantelado um ponto de emissão de “cartas da Nigéria” destinadas a vítimas de várias nacionalidades na Europa.
A Polícia Judiciária ativou canais de cooperação policial internacional e a investigação prossegue tendo em vista a determinação da extensão da atividade criminosa.
De salientar que este tipo de esquemas de burla não é propriamente novo. Sé em 2014 mais de 200 portugueses foram burlados com recurso às ‘cartas nigerianas’ na vertente das lotarias internacionais.
Sobre as ‘Cartas da Nigéria’
As ‘Cartas da Nigéria’ são um esquema fraudulento conhecido há mais de 16 anos que, com a popularização da internet, têm vindo a ganhar novos contornos. Na sua quase totalidade a correspondência vem redigida em inglês, quase sempre deficiente, e é dirigida a pessoas com posição de destaque no meio empresarial na administração pública, na política e noutros setores influentes da sociedade.
O remetente intitula-se como alto quadro de governo ou de companhia estatal ou então um familiar seu, de determinado país africano.
Na sua grande maioria e com mais acuidade nos primeiros anos, o país emissor era a Nigéria. Depois alargou-se a alguns países geograficamente próximos deste e ultimamente também já da África do Sul chega este tipo de correspondência.
A missiva é uma proposta de negócio. O remetente diz possuir certa quantia de dinheiro, sempre em grande valor, e conseguida devido ao seu estatuto privilegiado relacionado com a administração do seu país.
Dizendo não poder ser associado publicamente a essa fortuna, em razão da origem, só lhe resta transferi-la para o estrangeiro. Pede assim ao destinatário que se digne receber numa conta bancária esse dinheiro por contrapartida de 20 % ou até 35 % do seu valor. A escolha dos destinatários das cartas da Nigéria é aleatória, provindo os endereços de listagens públicas relacionadas com comércio internacional ou simplesmente com divulgação / publicidade.
Se receber uma carta deste tipo, não responda e alerte as autoridades.
Via PJ