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Órgão artificial poderá criar células de combate ao cancro

Investigadores da UCLA criaram um organóide tímico artificial que poderá gerar as suas próprias células T que podem combater o cancro.

Embora ainda não tenha sido testado em seres humanos, este órgão artificial poderia reduzir o tempo e o custo da imunoterapia com células T e torná-lo numa opção mais viável para pacientes com baixa contagem de glóbulos brancos.


Timo artificial

Muitos órgãos artificiais estão a ser desenvolvidos como uma alternativa aos órgãos de dadores, pois estes são apenas soluções temporárias que exigem que os pacientes mantenham um regimento vitalício de medicamentos.

Com os recentes avanços nas tecnologias biomédicas, a ajuda pode chegar a tempo e evitar que aqueles que necessitam de transplantes já não tenham de esperar nas listas de doação para substituir órgãos como rins e vasos sanguíneos. Agora, os cientistas adicionaram o Timo à lista de partes do corpo que podemos simular artificialmente.

 

Mas o que é o Timo?

O timo (Thymus em inglês) é uma glândula linfóide primária, responsável pelo desenvolvimento e seleção de linfócitos T. Na anatomia humana, o timo é uma glândula endócrina linfática que está localizada na porção superior do mediastino e posterior ao osso externo, fazendo parte do sistema imunológico. Limita-se superiormente pela traqueia, a veia jugular interna e a artéria carótida comum, lateralmente pelos pulmões e inferior e posteriormente pelo coração.

Ao longo da vida, o timo involui (diminui de tamanho) e é substituído por tecido adiposo nos idosos, o que acarreta na diminuição da produção de linfócitos T.

Agora, há tratamentos adoptados que envolvem tratamentos de imunoterapia com células T para remoção das células T de um paciente, “fixá-los”, e transfundindo-os de volta. Mas esses tratamentos dependem do facto de o paciente realmente ter o suficiente dessas células, e muitos não as têm. Este tipo de tratamento também leva muito tempo para ser concluído.

Agora, há tratamentos de imunoterapia com células T ou linfócitos T que envolve remover as células T do paciente, “reparar” as células e transfundir as mesmas de volta ao corpo. Ano passado, uma equipa de médicos e investigadores da Universidade de Washington apresentou resultados considerados surpreendentes. Num ensaio clínico, feito a 26 doentes com leucemia linfoblástica aguda, em estado terminal, conseguiu-se uma taxa de sucesso de 94%. Contudo, este tratamento depende da quantidade de células T que o paciente poderá ter para ser bem sucedido, e a verdade é que muitos doentes não têm. Além disso, este tipo de tratamentos demoram muito tempo até estarem completos.

As células T atacam os tumores e eliminam as células doentes

Para criar uma solução mais sustentável e eficaz para esta grave questão médica, os investigadores da UCLA criaram organoides tímicos artificiais, que produzem células T a partir de células estaminais do sangue. Este foi um feito incrível na ciência médica, mas essas estruturas artificiais poderiam criar células T especializadas que tenham receptores de combate ao cancro? Sim.

 

Salva vidas

A equipa inseriu um gene para os receptores de combate ao cancro nas células estaminais do sangue. Isso fez com que os organóides produzissem apenas células T específicas de cancro. Porque outros tipos de células T poderiam acidentalmente detectar e atacar tecido saudável, estes resultados são excepcionalmente positivos. Se determinadas células T podem ser criadas e outras podem ser desligadas, as células cancerosas podem ser detectadas e isoladas para serem atacadas, sem causar com isso problemas de auto-imunidade.

Os investigadores publicaram o seu trabalho no jornal Nature Methods e estão actualmente a investigar esta técnica com células estaminais pluripotentes (células que se conseguem dividir e produzir muitos tipos de células mas que não são capazes de produzir um organismo).

 

Artificial não depende de dadores

Isto poderá possibilitar a criação de um fornecimento sustentável deste tipo de células que salvam vidas. A equipa está a convidar outros cientistas a reproduzir o seu trabalho.

Este tipo de tratamento poderia reduzir os custos actuais do tratamento do cancro, custos que são elevados, perigosos e que muitas vezes danificam os tecidos saudáveis.

É verdade que hoje já existem muitos tratamentos com êxito, permitindo a remissão do cancro e dando uma vida saudável e realizada ao paciente. Mas, ainda há muito espaço para melhorias e este poderia ser um deles.

Embora esta estrutura artificial patenteada tenha de passar por anos de ensaios clínicos, antes que possa ser amplamente adaptada pela comunidade médica, tem ainda de ser testada em seres humanos. Esta é sem dúvida uma técnica promissora como uma forma de garantir a criação de células T para combate ao cancro. A aplicação da técnica eliminaria a condição do paciente ter ou não células T em quantidade assim como eliminaria a impossibilidade de tratamento derivado do nível de desenvolvimento do cancro.

 

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