Nos dias que correm o Facebook é a maior ameaça à estabilidade da Google. Não só ao nível do desafio das redes sociais e comunidades na web como também ao nível dos projectos que se podem conquistar na Internet, não faltando dinheiro para o lado da gigante das redes sociais.
Mas seria viável o Facebook criar ou comprar um motor de pesquisa?
Para haver sucesso num projecto desta envergadura são necessários alguns pontos fundamentais. Mas, de todos existe um primordial: ter pessoas que usem. Dentro desta gigante rede não faltam pessoas e não falta essencialmente a vida das pessoas, quer em vida quer mesmo quando morrem.
Para ter uma ideia, estima-se que nos “utilizadores registados” existam mais de 50 milhões que estão mortos. Segundo alguns estudos, a cada dia, 10 mil utilizadores morrem. Mas calma, os vivos são muitos mais!
1.6 mil milhões de utilizadores
No primeiro trimestre deste ano, o Facebook contava já com mais de 1.6 mil milhões de utilizadores. Se estivermos atentos, conseguimos perceber que, para além dos utilizadores, a rede social de Mark Zuckerberg tem uma recolha de informação pessoal de cada indivíduo estrategicamente bem organizada, cronologicamente criada e alimentada com dados biológicos, dados familiares, interesses, acontecimentos e tudo o que envolve cada pessoa além do seu rosto digitalizado e convertido num número identificador.
Cada pessoa na Internet com uma conta no Facebook é completamente vasculhada em toda a sua movimentação. O Facebook sabe sempre por onde navegou, o que pesquisou, que produtos teve interesse em ver e vende tudo isso às empresas de publicidade mas, acima de tudo, guarda essa informação para si!
Os cookies do Facebook permitem que, mesmo o serviço estando desligado, possa ser feito um rastreio à actividade Web de um utilizador, recolhendo informação sobre os sites que este visita… sim, mesmo que tenha feito o logout do Facebook! Já reparou que praticamente todos os sites que visita tem um botão “Like” que pertence ao Facebook? Agora pense um pouco no potencial desse botão.
Entretenimento multimédia
Os vídeos são outro ponto que cresce exponencialmente no Facebook. Com as ferramentas cada vez mais atractivas para os vídeos serem colocados dentro da plataforma da rede social, este é mais um segmento que está a conquistar adeptos e a retirar as pessoas das outras redes.
Há informações que referem que, diariamente, os vídeos no Facebook recebem mais de 4 mil milhões de visualizações sendo 75% delas feitas a partir dos dispositivos móveis. Com o crescimento da rede, os especialistas começaram a criar mais ferramentas para que as pessoas carreguem os vídeos dentro do Facebook e que importem as fotografias para dentro dos seus perfis.
Passou, também, a haver uma espécie de boicote aos conteúdos do YouTube, não só para “obrigar” educadamente as pessoas a engordar a rede de conteúdos, como também para desviar a atenção do YouTube, desviando também o foco da publicidade.
Comunicar online… sim o Messenger do Facebook já domina
Não há dúvida que aos poucos a equipa de Zuckerberg dotou o seu Messenger das ferramentas que os utilizadores queriam. Isso fez desviar as pessoas dos tradicionais chats que conhecíamos, como o Skype, o Google Hangouts, entre outros. E como sabemos isso?
As pessoas estão a usar o Messenger para comunicar ao nível pessoal mas também comercial. As próprias empresas estão já a criar serviços de helpdesk suportados nesta ferramenta que pode estar ligada à sua página do Facebook. A ferramenta é gratuita, suportada pelos principais sistemas operativos, adaptada aos smartphones para fornecer a usabilidade total a quem faz desta app o seu comunicador privilegiado e os resultados estão à vista. A app tem mais de mil milhões de utilizadores activos por mês, números que faz desta ferramenta uma das mais úteis da actualidade.
O Facebook refere que diariamente esta rede de comunicação estará prestes a receber por dia mil milhões de mensagens. Sem dúvida são números impressionantes se pensarmos que o WhatsApp tem já mais de 100 milhões de chamadas diárias.
Domínio nas comunicações de voz
Esta é outra área em que o Facebook, empresa proprietária do WhatApp, também está a crescer substancialmente. Recentemente a empresa revelou que, mesmo tendo o serviço maioritariamente utilizadores que trocam mensagens de texto, conseguiu já atingir a fasquia das 100 milhões de chamadas por dia, que correspondem a mais de 1100 chamadas a cada segundo.
Com mais de 100 milhões de utilizadores, o WhatsApp tem crescido e é já, provavelmente, a plataforma mais usada na Internet. É de tal forma grande que consegue já ser maior que o Skype, que tem “apenas” 300 milhões de utilizadores.
Facebook é uma incubadora de empresas
O Facebook é um ecossistema onde crescem empresas que nasceram dentro da própria rede, é uma incubadora de negócios que se projectaram dentro do próprio Facebook e é uma montra para micro empresas, médias empresas e grandes empresas se darem a conhecer numa faceta mais aberta e comercial estando mais perto dos seus clientes e mantendo um contacto mais próximo.
O próprio Facebook refere que “Uma Página dá ao teu negócio uma voz e uma presença no Facebook e é concebida para te ajudar a estabelecer contacto com clientes e a alcançar os teus objetivos.” É inegável que as empresas hoje sabem que se não estiverem no Facebook… provavelmente não existem.
O algoritmo que promove a visibilidade de uma página é trabalhado para que o Facebook possa “sugerir” ao gestor das redes sociais que invista no intuito de promover uma página, um artigo ou para que consiga mais interacção entre os seguidores e o conteúdo disponibilizado. São criados dinamismos com botões, anúncios e outros meios de projecção para atrair investimento em troca de likes, cliques e outras formas de ser visto e amado. Estas são técnicas que rendem milhões em publicidade e em dinâmicas do mercado das redes sociais.
No ano de 2015, o Facebook apresentou de receitas 17.928 mil milhões de dólares, um valor que teve um crescimento significativo face ao valor de 2014 que foi de 12.47 mil milhões de dólares.
Mas então tudo isto está a incomodar o Google?
Sem dúvida. A rede social da Google, o Google Plus está a morrer lentamente, pese o facto de ser uma boa rede e ter uma boa projecção no Google Search, ao contrario dos conteúdos do Facebook que estão afastados dos resultados primários do Google.
A Google está a ver os conteúdos dos sites a serem colocados dentro do Facebook, com uma nova ferramenta disponibilizada aos editores, está a ver os canais de informação a dar as notícias em primeira mão, com títulos e leads em destaque no Facebook e só depois nas suas páginas, está a ver os grupos do Facebook a reunir o segmento académico e empresarial, está a ver todo o tráfego das páginas web controlado por cookies do Facebook que monitorizam a actividade dos cibernautas e está a verificar que a publicidade quer estar no Facebook e não nos sítios tradicionais, que têm rendido milhões de dólares à gigante das pesquisas.
Depois, as questões do email. O Facebook, embora tenha retirado do activo o seu serviço de endereçamento de email atribuído no registo dos utilizadores (@facebook.com), poderá mais tarde voltar a trazer esse trunfo com uma utilidade maior, um espaço em servidor, um cliente de mail para dispositivos móveis onde possa interligar as várias ferramentas que já dispõe, tal como já faz com o Facebook e Messenger. Isso poderá capturar conteúdos de correio electrónico que é um factor de fidelidade de milhões de utilizadores ao serviço de mail da Google, o Gmail. Outro trunfo que também desvincula o utilizador dos serviços Google.
Todos os condimentos para criar um Motor de Pesquisa
Sem dúvida que estão reunidos todos os condimentos para que o Facebook possa criar o seu próprio motor de pesquisa. Tem utilizadores, tem empresas, tem conteúdos, tem informações cronologicamente criadas, tem as pessoas “digitalizadas” (inclusive tem os rostos das pessoas digitalizados e indexados), tem informações em tempo real disponibilizadas por todos os canais temáticos, tem tudo o que é imprensa a colocar os feeds em automático a descarregar informações, tem captura de dados pessoas dos utilizadores agora até mesmo sem que estes tenham conta na sua rede.
Tem um chat que produz milhares de linhas de texto e informações que permite cruzar keywords, tem as maiores redes de imagens, quer o próprio Facebook quer o Instagram.
Além da sua infraestrutura é actualmente uma das empresas mais prósperas no segmento da tecnologia, tem um valor, segundo a Forbes, de mais de 314 mil milhões de dólares.
Poderia ser o Yahoo uma aposta, por exemplo, ou não faz sentido a criação de um motor de pesquisa?