Este artigo foi escrito para o Pplware por Lourenço Medeiros, editor de novas tecnologias e apresentador do programa Futuro Hoje.
Estive a fazer o upgrade de um HTC Magic que me tem acompanhado. Tenho um telefone novo. Já tinha tido oportunidade de testar o interface Sense e tinha gostado francamente, mas estava resignado a manter o meu Magic como veio ao mundo, não era tão bom, mas enfim…
O bicho já tinha passado por um ou dois upgrades de Rom, procurados como tesouro escondido no site nacional da marca onde estou inscrito. Melhorou um bocadinho a performance, e mais nada. O site da HTC para as actualizações tem lá tudo, desde o meu número de telefone ao número de série do aparelho, a minha morada de correio electrónico e talvez alguns dados que nem eu sei. Entreguei estes dados de boa vontade acreditando que, apesar da relativa invasão, em troca iria receber boas notícias. Nada de nada. Os upgrades de Rom descobri-os eu escavando fundo no site. A mudança para o interface Sense, encontrei-a numa notícia qualquer de um dos sites que se ocupam destas coisas.
Então vamos lá pela terceira vez, entre downloads, sincronizações e recuperar tudo não deve ter sido menos de 45 minutos. Pelo meio os avisos de sempre, pedem-me para fazer um backup porque o processo vai “matar” todos os meus dados, a agenda, os contactos, tudo. Avisam-me que numa primeira fase o telemóvel vai dar um erro de sistema e dizer que o processo, falhou, do mal o menos é só deixar andar e se tudo correr bem ele continua e recupera sozinho. É coisinha para desanimar qualquer um que use o Magic por necessidade, que dependa dos dados que lá colocou, ou que não seja pago para andar a experimentar estas coisas. É demasiado complicado, arriscado e assustador para quem pagou bom dinheiro pelo seu telefone. Até tive que fazer novo download das aplicações que tinha instalado, felizmente a loja guarda o nosso histórico.
Para quem ultrapassa todos os receios legítimos o prémio é um telefone melhor. Entre muitas pequenas melhorias até ganhou o zoom com dois dedos em algumas aplicações. Fiquei com o sorriso infantil do consumidor feliz e quase esqueci a desgraça de informação não existente e a complicação que o processo tinha sido.
São poucos e maus os upgrades da enorme maioria dos ditos smatphones. Há coisas pontuais como os recentes upgrades para alguns Nokia, mas tudo isto são excepções.
Ora acontece, que todos eles se afirmam mais ou menos como verdadeiros computadores de bolso capazes de fazer tudo e mais alguma coisa. Todos eles se afirmam mais ou menos como iPhone killers. UUUpppss. Nem de propósito, ao mesmo tempo que escrevo este texto aparece aqui o upgrade 3.1.3 para o iPhone. Como já sei o que a casa gasta, continuo o trabalhinho e vou deitando o olho a ver se corre tudo bem. Sem que faça grande coisa, vem o download, e o processo começa sozinho. Neste instante o telefone já está a actualizar. O iPhone também recomenda backup, mas qualquer pessoa que o use como é suposto, com sincronizações frequentes através do iTunes tem o backup feito. E é o sistema mais simples que conheço, um dia liga-se o aparelho ao PC ou Mac e aparece a pergunta. Quer fazer o upgrade, com um aviso de que pode levar tempo. Basta dizer que sim, e em condições normais o resto é fácil, basta não fazer nada e esperar que a máquina nos diga que o upgrade está completo. Não é preciso procurar ficheiros na Net, não é preciso correr nada. O próprio iTunes segue todos os passos automaticamente. No fim temos um telefone melhor.
Comprar um smartphone na maior parte dos casos é comprar uma máquina mal acabada para a qual a maioria dos fabricantes nunca enviará correcções e melhorias.
Interessa-lhes mais que compremos um novo telefone, mais evoluído, mas mal acabado e que por sua vez não receberá melhorias.
Esta poderia facilmente ser a linha divisória entre um telefone portátil e um smartphone, tudo o que não receba upgrades fáceis e intuitivos vai para a categoria dos electrodomésticos sem smart. Os que são capazes de aprender com os erros, corrigir o que fizeram menos bem, compensar o consumidor pelo esforço financeiro de monta, esses ficam smart.
Há bons sinais, e para que não fique a ideia de que estou a dizer que o iPhone é o único “smart”. Eu não os conheço todos mas há pouco li a notícia de que o criticado Nexus One da Google já tem o seu primeiro update. Ao que parece acrescentaram-lhe multi touch, corrigiram problemas com as ligações 3G e fizeram mais umas melhorias genéricas ao software. Isto tudo “over the air”, a notícia não especifica mais mas a expressão faz pressupor um upgrade fácil, e eventualmente sem sequer necessitar de sincronização com um computador. Bom! Se for assim mesmo.
(Pequena intromissão no fio da meada deste texto. O iPhone acabou o update. Foi só colocar o código de desbloqueio porque tinha reiniciado, e pronto. A coisa está feita e aparentemente não perdi nada. Reparei que tenho seis aplicações para actualizar gratuitamente, o que posso continuar a fazer com a ligação ao computador ou “over the air” na rede sem fios. Assim sim.)
Voltando então. Parece que a Nokia está a perceber a coisa. Não experimentei mas acreditando em quem sabe, os Blackberry sincronizam com Mac e PC de uma forma simples. A questão é que muitos utilizadores não usam o software de sincronização e backup, o que no iPhone é praticamente impossível uma vez que até para o poder usar é necessário um primeiro registo através do iTunes. O Google também lá terá chegado pelo menos com o Nexus One, vamos ver se o mesmo se passa com os fabricantes das muitas máquinas que usam o Android. O Windows Mobile 7 está aí a aparecer e parece-me que temos o direito de esperar que desta vez possa responder como gostaria. É que cada vez que sai um upgrade para Windows Mobile a pergunta que me colocam mais é se podem actualizar os telefones. Espero bem que desta vez possa dizer que sim, ou pelo menos que possa dizer que a partir de agora (com o próximo telefone Windows) poderão ter actualizações gratuitas e práticas.
Ninguém se sentiria confortável se o seu computador dependesse de um sistema operativo que não fosse aperfeiçoado e corrigido sempre que se justifica. Para mim um dito smartphone que não evoluí é, nos dias que correm, um electrodoméstico estúpido
Em nome do pplware, um agradecimento ao Lourenço Medeiros pela disponibilidade e excelente artigo e também os nossos parabéns pelo excelente trabalho que tem realizado como editor e apresentador de novas tecnologias.