Solicitou-me o meu amigo Vítor que fizesse um texto alusivo ao 25 de Abril para publicar no PPLWARE. É um honroso convite sobretudo porque se destina a uma página intensamente visitada e, mais importante, muito participada.
Ora a participação activa e generalizada foi uma das características marcantes daquela revolução. Porque foi mesmo uma Revolução!
Quem sabe mais que eu destas coisas, compara uma revolução a um vulcão. A humanidade é uma das manifestações visíveis da Natureza e nela tudo tende para um equilíbrio. Quando os pratos da balança chegam a uma certa situação de desequilíbrio, dá-se a ruptura – surge o vulcão – que dá escape às energias acumuladas no sentido de um novo equilíbrio, necessariamente diferente do anterior. Assim tem sido o caminho da Humanidade.
As revoluções (não digo os golpes de estado) serão, assim, manifestações humanas da existência de um desequilíbrio insuportável que tem a ver com a degradação das condições de vida do Homem: sociais, materiais e espirituais.
As revoluções, como o 25 de Abril, rompem com o status (de forma mais ou menos violenta) e permitem novas oportunidades para um novo equilíbrio. As revoluções são, desta forma, naturais, inevitáveis e necessárias. A Humanidade, na sua enorme e genética ignorância, ainda não achou forma de manter um equilíbrio permanente.
O 25 de Abril, como qualquer revolução, foi um momento. Um momento em que se reúnem e vêm ao de cima as melhores facetas dessa Humanidade: o altruísmo, a generosidade, a coragem, a justiça, eu sei lá!… Depois, logo depois, começou o trabalho sujo das facetas menos recomendáveis dessa mesma Humanidade.
Mas a oportunidade fora dada.
Hoje, temos um mundo completamente novo (refiro-me ao mundo em que nos movemos, nós, os portugueses). Não sei se caminhamos ainda para um novo equilíbrio ou se para um desequilíbrio de nova ruptura. Pelos comentários que vejo, não me sinto muito satisfeito. Porém, são os mais jovens que eu que têm o dever de descobrir e de decidir o caminho que esta sociedade deve seguir, sabendo, no entanto, que um profundo desequilíbrio social conduz necessariamente a uma ruptura, mais ou menos violenta nessa sociedade, com todos os custos físicos, morais e materiais inerentes. Se para aí caminhamos já, ninguém, hoje pode dizer que não pensava, que não imaginava… Se isso acontece, as pessoas são néscias ou irresponsáveis e só vão ter o que merecem.
Infelizmente, há sempre muita gente que passa a vida a pensar apenas no seu umbigo…
O 25 de Abril tornou-se para nós, os que o viveram e sentiram, uma nostalgia, sim, uma nostalgia, mas, ao mesmo tempo, um farol de ética, de virtude, de humanismo. Será que essa ética, essa virtude e esse humanismo ainda representam hoje, alguma coisa?
A resposta indicar-nos-à a distância que nos separa de um novo vulcão, de uma nova revolução!
NOTA: Este artigo pessoal foi escrito pelo prof. José Machado para o Pplware em 2008.
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