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Notícias falsas no WhatsApp mataram literalmente 20 pessoas em dois meses

As redes sociais e aplicações de mensagens, utilizando todo o seu poder de influência e comunicação, são hoje os grandes catalisadores de notícias falsas – as fake news, que se tornaram uma epidemia e que o mundo não consegue exterminar.

Cada vez parece haver mais fake news, o que tem obrigado as organizações que tutelam quer a Internet a agir, mas são apenas ténues esforços sem efeito prático. Nos últimos dois meses, notícias falsas enviadas pelo WhatsApp mataram literalmente 20 pessoas.

 


Há umas semanas foi notícia internacional que, na Índia, falsos rumores sobre sequestros de crianças espalharam-se de forma fácil e rápida. O pânico originou vários assassinatos. Essas notícias falsas, grande parte delas, foram enviadas via WhatsApp.

Segundo informações do The Guardian, pelo menos 20 pessoas foram linchadas na Índia nos últimos dois meses, como resultado de tais rumores infundados.

 

Ações que são apenas cosmética e sem efeitos práticos

Para tentar combater esta disseminação de notícias falsas em massa, o serviço de mensagens propriedade do Facebook agora restringe o envio. Cada utilizador só consegue encaminhar mensagens para apenas 20 pessoas e, na Índia, o limite é menor, com apenas cinco pessoas.

Esta medida foi anunciada como uma tentativa de limitar a proliferação e propagação das notícias falsas. Isto, é claro, não significa que o utilizador não possa comunicar as notícias de outras formas – porque estão a ser enviadas imagens com a notícia falsa, como uma captura do ecrã e novamente o reencaminhamento em massa, por exemplo!

 

A motivação de quem lança as fake news

As notícias falsas são terrivelmente complexas; é uma espécie de jogo em que por detrás tem um “mandatário” que ordena vários ataques perigosos. Não há, contudo, um ponto mais sensível, um ataque dirigido, é algo que se espalha e só depois de generalizada, partilhada em massa, é que se percebe o seu efeito e poder. Atualmente os estudos e as ilações que se tiram não servem para combater as notícias falsas, há ainda um sentimento de impunidade.

Tudo o que já se percebeu indica que as notícias falsas tiram proveito da ignorância das pessoas, dos temas quentes da sociedade mas com enganos intencionais. A informação real, verdadeira e confirmada, não consegue ser um antibiótico para atacar esta doença, simplesmente porque é ineficaz.

 

Redes sociais são o canal privilegiado para enganar as pessoas

As notícias falsas espalham-se mais e muito mais rapidamente nas redes sociais que as informações genuínas. Os “espertalhões” que manipulam a informação, que escrevem a história como querem, sofrem de um efeito psicológico que fazem notícia das suas opiniões pessoais, sem factos que sustentem o que afirmam, e induzem terceiros a aceitar isso como a realidade.

Deturpar ou popularizar informações sobre a ciência, medicina, segurança ou política tem um custo alto na população. São criadas informações, rumores infundados sobre desastres iminentes, condições de saúde que se espalham como um vírus pela Internet.

Estas notícias têm quase sempre um efeito dramático por conseguirem alterar a vida das pessoas, a forma como encaram o dia-a-dia. Por experiência, sabemos que depois as pessoas tendem a partilhar tudo o que são desastres, desgraças, e “veneram” de alguma forma esse estado de espírito purgatório.

Além disso, como outra das consequências nefastas da popularização das notícias falsas, é o descrédito que as pessoas acusam no jornalismo verdadeiro, na informação correta, bem sustentada. Só porque não contam a história tal como as pessoas se habituaram a ler e a ouvir, confundem a liberdade de informação com a libertinagem informativa.

 

Assassinatos como resultado da alienação da verdade noticiosa

Como exemplo deste estado caótico em que mergulhou a Internet e, sobretudo, as redes sociais na partilha de textos que nem notícias são, na Índia mostraram que estas notícias falsas tiveram implicação direta nos assassinatos.

Claro que o exemplo começa por cima, quando certos chefes de estado usam as redes sociais para mentir, para criar falsas notícias, para desviar atenções, tudo isso com claras intenções de ganhos políticos, estratégicos e financeiros.

É certo que as notícias falsas não vão desaparecer tão cedo, infelizmente ainda não há o tal antídoto, uma vacina que extermine este cancro da Web.

Pplware/NYT

 

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